A Carne bovina sempre foi a proteína de origem animal preferida pelos brasileiros (as) e pela maioria da população mundial. A atividade da pecuária sempre alternou períodos de alta e baixa lucratividade e seus preços sempre atrelados à renda per capta da população.
Com o aumento da população mundial e consequentemente demanda crescente, foi necessário o uso de tecnologias que permitiram o aumento da produtividade através de melhoramento genético, manejo e nutrição animal que mudaram a realidade dos custos de produção e o preço final ao consumidor.
Brasil passou a ser um grande exportador mundial e a China o nosso maior comprador. Qualquer abalo nessa relação comercial causa enormes prejuízos aos criadores, principalmente os que fazem confinamento. Em setembro/2021 a China suspendeu a importação de carnes do Brasil em função do aparecimento de 2 (dois) casos de vaca louca no Brasil já devidamente explicados e solucionados, mas o Governo Chinês mantém o embargo por mero interesse comercial e acreditamos que é para “forçar” a queda de preço da carne brasileira, embora a alternativa que eles têm de abastecimento seja na Austrália, cujo preço da carne é bem superior aos preços da carne brasileira.
Informações de mercado relatam cerca de 90 mil ton de carne bovina nos portos chineses à espera da liberação, sujeitas aos custos de “demurrage”. Esse volume é cerca de metade do volume exportado mensalmente para o país. As exportações de carne bovina recuaram 48%, na média diária e 61% no total, em outubro deste ano em comparação com outubro do ano passado. O volume exportado em outubro foi de 63 mil toneladas, contra 190 mil toneladas no mês de setembro último.
Plantas no Brasil que são habilitadas à exportação para o país asiático, foram autorizadas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento /MAPA a estocarem a carne já processada em contêineres, por até 60 dias. Os novos abates com destino à China estão suspensos. Os preços aos produtores no MT recuaram de R$ 298,00/@ no início de setembro para R$ 250,00/@ hoje, uma queda de 16%, em plena entressafra. Em julho, quando o confinador comprou o boi magro para engorda, o preço era de 3.720,00 (12@) no MT. O preço da arroba em Barra do Garças-MT, onde tem planta de exportação para a China, estava em R$ 308,00 e o futuro indicava R$ 318,00/@ para outubro e R$ 321,00/@ em nov.
Os confinamentos, a depender dos índices técnicos, amargam prejuízos e estão pressionados a vender seu gado, pois começaram as chuvas nas regiões produtoras (o pasto começa a recuperar) e o custo de manutenção de animal no cocho continua elevado.
Isso nos indica um novo caminho, abrir novos mercados (Japão seria importante) para não haver dependência da China e não retroceder ao nosso crescimento da produção.
O Governo Brasileiro está envidando todos os esforços possíveis para que a China suspenda essa interrupção de compra o mais rapidamente possível.
CESAR HALUM
É médico veterinário (UFG), secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e apresentador do programa Mundo Agro, no SBT Tocantins.