Com a paralisação dos caminhoneiros, os supermercados de Palmas já registram desabastecimento de frutas, verduras, legumes e leite. Em entrevista ao CT, a vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e delegada da Associação Tocantinense de Supermercados (Atos), Maria Fátima de Jesus, afirmou que nesta sexta-feira, 24, será o dia de cobrar uma solução “imediata” do governo federal para que a população não fique desabastecida.
“Temos algumas rupturas de frutas, verduras, leite longa vida. O abastecimento está acontecendo de forma moderada. A expectativa é de que o governo se sensibilize e busque soluções, pois [os manifestantes] estão parando carro forte, o gás está terminando e padaria fechará. Não conseguimos enumerar os problemas que teremos”, declarou a diretora-presidente da Rede Quartetto Supermercados.
Cristiano de Melo Álvares, diretor presidente do Grupo Super Big, também falou ao CT sobre a dificuldade que seu empreendimento está enfrentando por conta do protesto. Conforme o empresário, há problema de abastecimento no setor de produtos perecíveis como frutas, legumes e verduras. “Se não resolver vai começar a faltar mercadoria a partir de amanhã”, contou.
A rede de supermercado, segundo Cristiano, ainda possui uma quantidade em estoque de produtos não perecíveis, que deve durar de 15 a 20 dias. “A parte de mercearia, de arroz, açúcar, óleo está sob controle. Carne e ovos o pessoal ainda está conseguindo abastecer. O único problema que nós estamos tendo, por enquanto, é na parte de hortifrutigranjeiro”, reiterou, ao acrescentar que está aguardando a associação convocar uma reunião para tratar do assunto.
Associação Brasileira
Em nota, nesta quarta-feira, 23, a Diretoria da Abras, que é composta por representante tocantinense, informou que está acompanhando “atentamente” o protesto nacional dos caminhoneiros contra o aumento do preço do diesel.
A entidade ressaltou que está tentando sensibilizar o governo federal para que uma solução seja tomada “imediatamente, evitando, assim, que a população sofra com a falta de produtos de necessidades básicas e com uma eventual elevação nos preços”.
Sem combustível
Além da falta de produtos alimentícios, com a paralisação dos caminhoneiros muitos postos também já estão sem combustíveis em Palmas e no interior. O medo de ficar sem o produto levou muitas pessoas às revendedoras nesta quarta e quinta-feira. As filas para abastecer ficaram quilométricas.
A Infraero também já avisou que o nível de combustível do Aeroporto de Palmas está crítico e que um voo dá empresa aérea Azul já foi cancelado.
Manifestação nacional
Por volta das 8 horas desta segunda-feira, 21, caminhoneiros do Tocantins decidiram aderir ao protesto que ocorre em vários pontos do País contra a alta do preço dos combustíveis. Em Paraíso do Tocantins, a categoria realizou uma carreata, com apoio da Associação Comercial e Industrial do município, e agora se encontra paralisada na BR-153 (Belém – Brasília). Após esse ato, mais dez trechos foram bloqueados.
Além do Tocantins foram registrados atos em ao menos 23 Estados. Insatisfeitos com o preço do diesel, que subiu 1,76% nas refinarias, na semana passada, os condutores de veículos de carga queimaram pneus nos acostamentos e bloquearam rodovias. Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que reúne 700 mil caminhoneiros autônomos, o objetivo é mudar a política de preços do petróleo, zerar a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isentar o setor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
Nesta quarta-feira reunião entre o governo federal e representantes dos caminhoneiros terminou sem acordo e a paralisação da categoria continua em todo o país. Foi o primeiro encontro desde o início da greve. Uma nova reunião entre governo e representantes dos transportadores marcada para esta quinta-feira, 24, no Palácio do Planalto, também terminou sem consenso.
Confira a íntegra da nota da Abras:
“A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) está acompanhando atentamente o protesto nacional dos caminhoneiros contra o aumento do preço do diesel.
Mesmo com o esforço do setor de supermercados para garantir o perfeito abastecimento da população brasileira, identificamos que alguns estados já começaram a sofrer com o desabastecimento de alimentos, e que isso poderá se estender para todo o Brasil nos próximos dias, se algo não for feito.
A ABRAS está buscando sensibilizar o governo federal para que uma solução seja tomada imediatamente. Evitando, assim, que a população sofra com a falta de produtos de necessidades básicas e com uma eventual elevação nos preços.
Associação Brasileira de Supermercados
São Paulo, 23 de maio de 2018”