A crise que o presidente Jair Bolsonaro arrumou ao viajar para Israel nesta semana e anunciar um escritório do Brasil em Jerusalém já coloca em risco projetos do governo do Tocantins com os países árabes. A informação é do secretário estadual da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), César Halum, que foi o convidado do quadro “Entrevista a Distância” desta quarta-feira, 3.
Halum contou que, como deputado, presidiu durante três anos o Grupo Parlamentar Brasil-Países Árabes, da Câmara Federal. “Me relacionei bem com todas as embaixadas, principalmente com as dos países muçulmanos, que são os maiores compradores do Brasil”, afirmou o hoje titular da Seagro.
Ele disse que havia algumas tratativas que estavam bem avançadas com os árabes, inclusive, com carta de intenção já assinada com governo do Tocantins para que Estado pudesse ser o centro de produção de produtos halal, consumidos em países muçulmanos e que têm certas exigências em função de seus hábitos, costumes e religião. “Nós poderíamos ser um grande mercado mundial. Mas estamos preocupados porque esperávamos agora na Agrotins anunciar alguma coisa efetiva dessa relação com o mercado árabe”, revelou, sobre a 19ª da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins), prevista para acontecer entre os dias 7 e 11 de maio.
Segundo ele, uma proposta seria a criação de um fundo agrícola para financiar produtores a aumentar a área plantada e a produção dentro do Tocantins. “Mas essa relação hoje do governo brasileiro com os países árabes e com Israel tem nos trazido preocupação, não só ao Tocantins, como a todo o Brasil”, lamentou Halum.
O secretário lembrou que os árabes são os grandes compradores de produtos agrícolas e pecuários do Brasil. “E os números mostram que os israelenses não têm esse hábito de serem compradores de produtos brasileiros”, observou.
Para Halum, não é de interesse do Brasil que o governo entre num litígio entre judeus e árabes. “Nosso interesse é promover a paz no mundo, fazer com que todos possam ser clientes do produto brasileiro, especialmente do nosso, tocantinense”, avaliou.
Ele disse que ainda não houve sinal claro de que os negócios com o Tocantins vão desandar. “Mas, como para quem sabe ler um pingo é letra, eu entendi claro quando me disseram que ‘o seu presidente não gosta de nós’”, contou Halum. “Tínhamos muitas coisas avançadas e eu tinha uma esperança muito grande, e ainda tenho, de que na Agrotins a gente possa fazer alguma coisa mais conclusiva.”
Assista a íntegra da para participação do secretário César Halum no quadro “Entrevista a Distância”, na qual ele fala também sobre as expectativas para a Agrotins, o papel do Estado no desenvolvimento do agronegócio regional e sobre o mercado promissor da tilápia: