Estamos no momento mais crítico da economia. Nunca antes na história deste país tivemos um endividamento tão grande dos consumidores tanto de pessoas físicas e jurídicas no Brasil e com destaque para o Tocantins, o Estado brasileiro mais jovem, e, em particular, para Palmas.
Somente o valor das dívidas em atraso na capital superam a casa dos R$ 200 milhões, em valores arredondados. Convertendo para dólar, chegamos ao montante inacreditável de US$ 50 milhões. Se nada for feito de prático e consistente, podemos chegar ao colapso do comércio e serviços em Palmas.
[bs-quote quote=”Será que as empresas e consumidores estão preparados para fazer as negociações da forma correta e sem abusos legais e econômicos? ” style=”default” align=”right” author_name=”MARCELLO LEONARDI BEZERRA” author_job=”É professor e economista ” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/04/MarcelloLeonardiBezerra60.jpg”][/bs-quote]
Os principais montantes destas dívidas são de pessoas físicas, 85%, e os 15% restantes das pessoas jurídicas, segundo a CDL.
Podemos destacar vários motivos que ocasionaram esse trágico resultado, como a falta de planejamento financeiro, perda do poder aquisitivo que vem ocorrido já alguns anos, juros altíssimos, encarecendo demais o valor final dos créditos.
No Brasil, nos últimos 15 anos, houve uma facilitação desenfreada do crédito, principalmente com os empréstimos bancários, voltado para todos os segmentos do mercado.
O problema central não foi o crédito, que é fundamental para o estímulo e crescimento dos mercados. A questão é que estes estímulos e liberações pelas instituições financeiras foram feitos de forma irresponsável, sem critérios bem estabelecidos, estimulando o endividamento até o gargalo.
Temos várias situações que podemos elencar como extremas e trágicas. Primeiro o endividamento de consignados de forma nunca vista. As instituições não analisam a situação real do consumidor, deixam o assalariado acumular empréstimos comprometendo muito mais do que sua renda mínima permita, e o indivíduo fica literalmente sem salário.
Segundo, o indivíduo com endividamento de várias linhas de crédito ao mesmo tempo, como cartões, cheque especial e financiamentos. As pessoas chegam a ficar sem sobra de salário para despesas básicas, com tudo comprometido nestas dívidas.
Grande parte desses débitos mencionados, principalmente os financeiros, podemos afirmar de forma categórica, tem muitas distorções e abuso de juros, em várias vertentes, que falaremos em momento mais oportuno.
Pois bem, todos estes ingredientes do bolo fizeram acentuar de forma exponencial a inadimplência no setor de comércio e serviços, chegando neste patamar inacreditável.
Portanto, temos que mudar a cultura dos consumidores para evitar que caiam na mesma armadilha e, sem dúvida, estes indivíduos endividados têm que procurar fazer suas renegociações para voltarem a fazer novas compras.
Porém, um dos pontos centrais desta solução passa necessariamente pelo contexto do problema. Será que as empresas e consumidores estão preparados para fazer as negociações da forma correta e sem abusos legais e econômicos? Esta é a grande incógnita que precisar ser verificada com urgência.
Pois é importante lembrar que acordos mal feitos, favorecendo exclusivamente os credores, acentuam ainda mais a inadimplência, sufocando e aprofundado o colapso do setor de comércio e serviços.
MARCELLO LEONARDI BEZERRA
É professor, economista e comentárista de TV
e-mail: marcellolb@terra.com.br