Diante do cenário de crise política que se abateu sobre o Estado desde a cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e com uma segunda eleição no ano para governador pela frente, presidentes das associações comerciais das principais cidades tocantinenses querem segurança política para que o Tocantins mantenha e atraia investidores. Ajuste das contas públicas e regras claras de tributação estão entre as demandas apontadas pelos representantes.
Com a cassação de Marcelo e as duas eleições diretas em 2018, os tocantinenses terão sete governadores em apenas oito anos. Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Gurupi (Acig), Adailton Batista “o cenário é assustador e espanta investidores”.
O presidente afirmou que a atividade econômica precisa trabalhar de forma tranquila, no sentido de ter regras claras de tributação e não novas regras a cada mudança de governo. Ele garantiu não ter dúvidas de que o Tocantins perdeu investidores, principalmente nos dois últimos meses. “Precisamos que, no mínimo, as atitudes sejam previsíveis. Não dá para apostar num Estado onde não podemos confiar nos governantes. Cada dia é uma regra nova, um turbilhão de más notícias”, criticou.
Para driblar a crise institucional no Estado, Batista contou que a Acig tem abrigado empresas no prédio da associação para que não deixem de investir em Gurupi, como foi o caso das instituições financeiras Sicredi e Satander Agro. “Abrimos as nossas portas para que elas se instalassem de forma provisória. Mesmo dentro das limitações, tentamos contribuir para o crescimento econômico da região. Entendemos que os agentes de crédito têm papel essencial para esse crescimento. Porém, precisamos que o governo estadual faça também o seu papel e fique os quatro anos completos de gestão”, afirmou.
Recentemente, o governador Mauro Carlesse (PHS) exonerou mais de mil funcionários públicos, entre comissionados e contratos temporários, na intenção de “conter gastos públicos”. No entanto, realizou novos contratos e revogou boa parte das exonerações.
O presidente da Acig criticou o fato de o governo do Estado extrapolar os gastos com pessoal e ainda a discrepância salarial na máquina. “O Tocantins é a 24ª economia e tem os mais altos salários de servidores públicos. Vemos a diferença altíssima de salários. Cada órgão ou indicação política tem um tipo de vencimento. O Estado precisa de equilíbrio em todos os sentidos. Diminuir os gastos com servidores contratados e investir mais na iniciativa privada”, recomendou.
Para que os empresários sintam menos os efeitos da instabilidade no governo, a presidente contou que a associação tem incentivado a promoção de campanhas para impulsionar as vendas. “Temos promovido uma gestão mais próxima do associado para deixá-lo mais sólido, realizamos muitas campanhas, além de buscarmos sempre o apoio de instituições parceiras, como o Sebrae”, explicou.
Consumidor apreensivo
Em Araguaína, a presidente da Associação Comercial e Industrial de Araguaína (Aciara), Hélida Dantas, ressaltou que o consumidor está apreensivo diante do cenário político do Tocantins. “Quando se mexe no governo, toda a economia sente os efeitos. As mudanças não só têm alterado o cenário econômico, como piorado. Esperamos que, após as eleições, tudo volte para o seu lugar e que tenhamos um pouco de sossego”.
Já o presidente da Associação Comercial e Industrial de Palmas (Acipa), Fabiano do Vale, mantém-se otimista. Para ele, a Capital “é e continuará sendo o melhor local para se investir”, mesmo diante da crise política. “Palmas é uma cidade diferente. Sempre digo a todos que aqui é melhor local para se investir, pois temos uma boa logística e as possibilidades de crescimento são sempre as melhores”, frisou.
No entanto, Fabiano acrescentou que tem alertado os empresários para que tenham planejamento financeiro e controle de gastos. “Tivemos um semestre com grandes problemas políticos. Aconselhamos os empresários a se controlarem, mas também que busquem alternativas para driblar os problemas”, afirmou.