Em carta encaminhada nessa terça-feira, 28, aos funcionários, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pede aos empregados que façam uma reflexão se este é o momento de fazerem uma paralisação. Os petroleiros anunciaram paralisação de 72 horas, que deve começar a partir desta quarta-feira, 30.
No documento, Parente chama os funcionários de “caros colegas” e disse ter certeza de que todos acompanham a “situação de grave crise que atinge o país” por causa da greve dos caminhoneiros. “Não acreditamos que seja com paralisações e com pressões para redução de nossos preços. Em nosso entendimento, isso teria justamente o efeito contrário: seria um retrocesso em direção ao aumento do endividamento, prejudicando os consumidores, a própria empresa, e, em última instância, a sociedade brasileira”, disse.
Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que o presidente Michel Temer pediu a Parente que fizesse um apelo para que a categoria não entre em greve neste momento, quando a BR Distribuidora está reabastecendo o país.
“Neste grave momento da vida nacional, convidamos todos a uma cuidadosa reflexão. Aportamos acima os aspectos que julgamos pertinentes a essa reflexão. E que tomem a sua decisão na direção do que acreditam melhor representar o interesse da sociedade e de nossa empresa”, conclui o texto de Pedro Parente.
O presidente lembrou que a Petrobras enfrenta o desafio de ajustar os preços combustíveis com base nas variações de mercado internacional para evitar perdas. “Somos produtores, importadores, exportadores e distribuidores de um produto cujo preço é diretamente afetado por mudanças no dólar e também por acontecimentos globais que estão fora do nosso alcance e controle. Nestas últimas semanas, vivemos um choque nestas duas variáveis: o preço do barril do petróleo atingiu US$ 80 e o dólar chegou a custar R$ 3,77. Isso fez com que nossos preços também subissem, levando a um enorme questionamento à nossa política de preços”.
De acordo com o presidente, a opção de praticar preços abaixo da referência do mercado do petróleo aumentaria o endividamento da Petrobras, colocando em risco os investimentos. “Não existe alternativa sem custos, preços desconectados da realidade do mercado significam que alguém está pagando a conta, e as leis do País estabelecem que não é a Petrobras”, afirmou.
Parente acrescentou que, no ano passado, a participação da Petrobras no mercado de diesel caiu porque as importações aumentaram substancialmente nos momentos em que o preço da empresa estava acima do mercado internacional. Por este motivo, a empresa recalibrou a política de preços e recuperou a participação no mercado. “Culpar a Petrobras pelos preços considerados altos nas bombas é ignorar a existência dos outros atores, responsáveis por dois terços do preço da gasolina e metade do preço do diesel. Eles também precisam colaborar com a solução”, completou.
O presidente disse ter convicção de que defender a Petrobras é evitar qualquer ação que gere perdas, por mais que, a princípio, pareça justificável. “Se a Petrobras não tiver as condições necessárias para ser uma empresa saudável financeiramente, o nosso país também paga um preço na forma de redução dos investimentos, impactos negativos no emprego e em toda a nossa longa cadeia produtiva”, indicou.
O executivo defendeu a política de preços adotada pela estatal. Na avaliação de Parente, a decisão da Petrobras de reduzir, voluntariamente, os preços do diesel nas refinarias em 10% por 5 dias permitiu avanços no diálogo entre o governo e os caminhoneiros. “Continuaremos participando da solução deste problema com uma atitude construtiva como temos feito desde o primeiro momento e estamos dispostos a novas contribuições, desde que sem prejuízos para a companhia”. (Cristina Indio do Brasil, da Agência Brasil)