Considerada umas das últimas fronteiras agrícolas do mundo, o Tocantins reúne as características ideais para o produtor rural. Não à toa, sedia a maior feira agrotecnológica da região Norte do país. Este ano, a Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins (Agrotins 2022), realizada pelo Governo do Tocantins, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Aquicultura (Seagro), chega a sua 22ª edição e ocorre dos dias 10 a 14 de maio, com o tema Integrar, Intensificar e Preservar.
Com estações do ano bem definidas, com a segunda maior bacia hidrográfica do país e sua posição geográfica estratégica, o Tocantins ganha destaque no avanço da produção agrícola moderna.
O diretor de Captação de Recursos e Investimentos da Seagro, Corombert Leão, destaca os pontos que colocam o estado mais novo do país nesta posição. “O Tocantins é uma das últimas fronteiras agrícolas do mundo, porque outras regiões não têm a capacidade produtiva semelhante à que existe no Brasil. Então, nós temos alguns fatores que colocam essa região do Tocantins como uma das últimas fronteiras agrícolas, que a gente chama de Matopiba [sigla para os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia]”, destaca Corombert Leão.
“Primeiro, o Tocantins é uma área de Cerrado com aptidão agrícola e tecnologia dominada para produção, há muitas áreas de pastagem degradadas, que têm sido utilizadas para exploração agrícola. É uma região que tem uma localização geográfica privilegiada em relação aos portos e à ferrovia, então ela tem uma condição de logística extremamente favorável que facilita o escoamento da produção e o preço final do produto”, complementa o diretor Corombert Leão.
Posição Estratégica
Com uma localização estratégica para o escoamento da produção, esse fator também privilegia o mercado de fertilizantes, componente essencial para a agricultura moderna. “Hoje, o Tocantins, diferente dos estados vizinhos, tem essa possibilidade de internalizar fertilizantes e defensivos importados pelos portos de São Luís (MA) e de Belém (PA) a serem trazidos via ferrovia. Além disso, nós temos indústrias de processamento de fertilizantes que são as misturadoras, aqui dentro do Estado”, explica o diretor.
Para além dos pontos já apontados pelo diretor, o Tocantins é rico em jazidas de calcário, mineral bastante utilizado como fertilizante, próximas às áreas de produção. “Nós temos uma das maiores jazidas de calcário em proximidade às áreas de produção. Nós temos os insumos com maior proximidade e menor custo para o produtor rural. Agora mais recentemente, temos ainda os pós de rocha, mas isso vai ser um pouco mais para o futuro, porque ainda precisa normatizar, mas as fontes de calcário – que é um grande corretivo – e as fontes de gesso – que é um excelente corretivo de profundidade – favorecem a nossa tecnologia para a produção em solos tropicais”, ressalta Corombert Leão.
Condições Climáticas
Ao contrário, de quem possa reclamar do calor, para os produtores rurais, as condições climáticas são as ideais para quem quer produzir, conforme explica Corombert Leão. “Poderia também enumerar a questão climática. Nós temos uma condição climática bastante estável com seis meses de seca e seis meses de chuva na região central, um pouco menos de seca na região norte e um pouco mais de seca na região sul. Nós temos, na região sul, uma bacia hidrográfica com um volume de água disponível para irrigação muito grande, o que nos diferencia dos outros estados. Então, essa questão de clima é mais um dos pontos positivos para o Tocantins como uma fronteira agrícola de grande potencial. Nós já somos um grande produtor, mas nós temos um potencial muito forte de ampliação, podemos fornecer alimentos para o resto do mundo”, pontua Corombert Leão.
Com relação à agricultura moderna, a qualidade do solo não chega ser fator principal para a produção, mas ainda assim o Tocantins é um lugar privilegiado. “Na verdade, nós selecionamos por áreas que possuem água e solos que não tenham muitos impedimentos, como brejos, muitas pedras, montanhas e outros fatores. Você seleciona o solo, se ele tem alguns impedimentos como uma área muito baixa, possui muita pedra e assim por diante, a fertilidade em si é construída com as culturas, ou seja, fertilidade não é para a agricultura moderna um fator de exclusão. Os solos do Tocantins são de boa qualidade, mas eles precisam de insumos, tipo calcário e gesso, para poder atingir o máximo de produtividade. O solo tocantinense não é uma barreira para agricultura moderna no Tocantins”, esclarece Corombert Leão.
Agricultura Tradicional
De outro lado, o Tocantins possui muitos praticantes da agricultura tradicional, que é uma produção agrícola desenvolvida por famílias, cujo rendimento é voltado para a subsistência e que conta exclusivamente com o solo e a condição climática que o Tocantins oferece. Como é o caso de Juraci Montizuma e a sua família, que praticam uma agricultura de pequeno porte, familiar e tradicional.
Com quase 60 anos de cultivo, a lavoura de Juraci Montizuma, em São Félix do Tocantins, na região do Jalapão, nunca utilizou fertilizantes, comprovando todos os fatores positivos citados pelo diretor da Seagro, Corombert Leão. Ele compartilha a sua história com a agricultura familiar e como os conhecimentos tradicionais, adquiridos com o seu pai, mantêm o sustento da família até os dias de hoje.
O produto carro-chefe da família é a rapadura, que é produzida ali mesmo, desde o plantio da cana-de-açúcar até o produto final. “Em primeiro lugar, a rapadura de seu Juraci é famosa, não tem outra melhor do que essa que nós produzimos aqui no Jalapão. Então eu planto tudo, mandioca, milho, arroz, tudo o que nós consumimos, e sempre sobra feijão, farinha, rapadura, de tudo. O que sobra, a gente vende”, conta Juraci Montizuma.
Sobre a sua produção, Juraci Montizuma faz questão de dizer que aprendeu tudo com os seus pais e que tudo é orgânico. “Eu aprendi com o meu pai e a minha mãe, a nossa plantação aqui é só no natural mesmo, não tem adubo, não tem nada. Tudo orgânico. Isso eu aprendi com o meu pai que sabia capinar, limpar a terra, não queimar nada, só o adubo da terra mesmo. Aí vem o milho e vem o arroz, planto de tudo aqui e não uso nenhum fertilizante”, afirma.
Juraci Montizuma enaltece a qualidade da terra em que vive. “Sempre faço o mesmo roteiro antigo. Assim, às vezes, a gente dá umas melhoradas em alguma coisa, mas nós não colocamos nada de produto na terra para melhorar a qualidade dela, a qualidade é dela mesmo. Até o fumo natural nós fazemos, plantou, deu. A gente faz um açafrão, o gengibre, uma batata, de tudo a gente tem um pouco. E tudo a gente vende, o que sobra vende tudo, mas primeiro a família, depois que tira o da despesa, o que sobra nós vendemos. A comida que nós produzimos é a melhor; aquela comida que vem pronta, seu Juraci mesmo não come; frango de granja, seu Juraci não come não”, se orgulha o produtor, ao falar de si mesmo. (Da assessoria de imprensa)