O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse nesta sexta-feira, 8, que é preciso reduzir a indexação da economia brasileira, ou seja, os reajustes automáticos de preços a partir da inflação passada. Segundo ele, “essa cultura” tende a ser mudada à medida que a inflação seja mantida em patamares baixos. “Se a gente conseguir manter a inflação baixa, vamos conseguir reduzir a indexação”, disse ao participar de um almoço promovido pelo Instituto Brasileiro de Executivos Financeiros.
Para Goldfajn, o patamar de inflação registrado atualmente no Brasil vai ajudar o país a passar com mais tranquilidade pelas flutuações do câmbio que vem acontecendo nos últimos dias, evitando medidas como grandes altas na taxa de juros para conter o aumento de preços.
“A gente está nesse período de mais volatilidade com uma inflação baixa. A gente tem hoje uma inflação em 12 meses de 2,46%. A meta é 4,5%. Nós estamos abaixo de 3%. Nesse período mais volátil, a gente começa com uma inflação mais baixa. Isso nos permite uma tranquilidade maior sob o ponto de vista de política monetária”, disse.
O Banco Central anunciou ontem (7) a realização de US$ 20 bilhões em leilões adicionais de contrato de swap cambial, – venda de dólares no mercado futuro. A intervenção buscava conter a forte alta do dólar que havia fechado o pregão cotado a R$ 3,926, o maior valor desde 1º de março de 2016. A ação surtiu efeito e por volta das 13h de hoje (8), a moeda norte-americana registrava queda de 4,59%, sendo cotado para venda a R$ 3,7455.
Goldfajn atribuiu a alta do dólar a um cenário externo menos favorável, com os recursos migrando para economias mais fortes. “O cenário externo está menos benigno. Eu diria, mais desafiador, mais volátil. E o que tem de fundo é uma realocação em direção a países avançados, em especial os Estados Unidos”, disse lembrando que as taxas de juros norte-americanas têm subido, atraindo os investidores.
Segundo o presidente, o Banco Central está preparado para fazer novas intervenções para amortecer a volatilidade do câmbio. “Estamos aqui ajudando o mercado enquanto for necessário”. (Daniel Mello, da Agência Brasil)