O Tocantins também será impactado pela greve dos funcionários dos Correios. O sindicato da categoria no Estado, o Sintect, informou ao CT que a maioria dos trabalhadores votou pela adesão ao movimento paredista em assembleias realizadas nos dias 5 e 6 deste mês. O secretário de comunicação da entidade, Willian Martins Soares, afirmou que a motivação para o protesto vai além das mudanças no plano de saúde, que também abrange a falta de segurança, o fechamento de agências e o sucateamento da estatal.
LEIA MAIS
— Correios considera greve “injustificada e ilegal” e diz que 89% do efetivo no TO não aderiu
Willian Martins Soares esclareceu que a legislação brasileira não considera o serviço dos Correios como essencial e por isto não é exigido quantitativo mínimo de funcionários trabalhando. O secretário de comunicação do Sintect revela que o levantamento da adesão ao movimento já está sendo feito, mas pondera que, independente do nível, o Tocantins será impactado. “Como é um serviço integrado, nacional, mesmo que alguns colegas continuem trabalhando, a encomenda não chega. Isto porque em grandes centros a greve é mais forte”, argumenta.
A legislação não estipula um quantitativo mínimo de funcionários ativos na ocasião de uma greve dos Correios, entretanto, a Justiça determinou na última paralisação dos Correios, no ano passado, que 80% do pessoal continuasse trabalhando.
Sucateamento
Para o Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos (Sintect), o governo federal tem um “plano de desmonte” visando a privatização da estatal. “A empresa, nos últimos anos, tem sofrido duros ataques, vem sendo sucateada”, comentou Soares. No Tocantins, o sindicalista afirma que os funcionários sofrem com a falta de segurança e de recursos para a manutenção de situações essenciais para a prestação dos serviços.
“Retiraram a segurança das agências. Todos os meses temos um arrombamento, um assalto a carteiro”, comenta o secretário de comunicação do Sintect, criticando a falta de portas com detector de metais e defendendo que as câmeras “não inibem” os criminosos. Willian Soares diz ainda que carros e motos não passam por manutenção ou revisão e que há casos no Tocantins em que o próprio funcionário abastece o veículo.
Willian Soares também critica a decisão da estatal de fechar as chamadas agências sombreadas – próximas uma da outra. O sindicalista afirma que esta medida prejudica o Tocantins. A empresa pode fechar, por exemplo, o único escritório em uma cidade pequena por existir um escritório em um município vizinho, explica o secretário de comunicação do Sintect.
Em relação as mudanças no plano de saúde, o Willian Soares afirma que a empresa está “falando inverdades”. “Está colocando a opinião pública contra os funcionários”, afirma. A estatal pretende retirar dependentes dos contratos, o que, segundo o sindicalista, não são de grande impacto. “Só pode colocar o pai e a mãe desde que eles não tenham outro plano de saúde e se não receberem mais de 2,5 salários mínimos”, destaca.
Por fim, o secretário de comunicação do Sintect voltou a citar a existência de um plano de desmonte para a privatização dos Correios e pondera que a medida poderia ser vantajosa somente para os grandes centros. “Qual empresa privada vai querer fazer o serviço em todo o Brasil, um país continental? Como ficaria Lizarda, Mateiros, Esperantina?”, questiona.
Paralisação
O início da greve coincide com o julgamento sobre o plano de saúde dos trabalhadores no Tribunal Superior do Trabalho (TST), marcado para esta segunda-feira, 12, referente à última negociação salarial. Os funcionários são contra mudanças como o pagamento das mensalidades pelos funcionários, que podem ser reajustadas por idade; e a retirada de dependentes dos contratos.
Entre outras reivindicações, os trabalhadores são contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários; a terceirização na área de tratamento; a privatização da estatal; a suspensão das férias dos trabalhadores; a extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa.
Além disso, entre as demandas da categoria estão a contratação de novos funcionários por meio de concurso público, a segurança nos Correios e o fim dos planos de demissão.