Desde criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, temos tido uma relativa estabilidade no comércio internacional. Atualmente o diretor geral da OMC é um brasileiro, Roberto Azevedo, que desde que assumiu seu cargo tem procurado, dentro dos limites, fazer um trabalho brilhante.
Há uma frase que Azevedo declarou que é muito interessante: “Se não fosse a OMC, já estaríamos em uma guerra comercial”.
Mas dentro da OMC tem ocorrer uma certa “liturgia” entre os países. Respeito e bom senso mútuo são fundamentais, com exceção dos Estados Unidos.
[bs-quote quote=”Se a China de fato retaliar os Estados Unidos, muitos produtos americanos serão limitados em Pequim, abrindo este vácuo para os brasileiros” style=”default” align=”right” author_name=”MARCELLO LEONARDI BEZERRA” author_job=”É professor e economista” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/04/MarcelloLeonardiBezerra60.jpg”][/bs-quote]
Presidente americano, Donald Trump tem tomado determinadas atitudes intempestivas desde que foi empossado. O fato de os EUA ser a principal economia do mundo não lhe dá carta branca nem poder totalitário no âmbito do comércio internacional. Lembrando que a China atualmente é a segunda economia mundial, praticamente colada nos Estados Unidos, e a primeira no comércio internacional, ainda em fase de crescimento, pois fazem a lição de casa corretamente.
Os Estados Unidos na área comercial parecem estar perdendo a mão. Primeiro resolveram aumentar as tarifas de importação de aço do mundo inteiro e também de países que têm um grande acordo comercial, no caso o Nafta.
Agora, na semana passada, resolveu aumentar as alíquotas de importação de centenas de produtos chineses, sob alegação de que a China está atrapalhando os Estados Unidos. Comercialmente não se faz assim, até porque temos a OMC, com objetivo de controlar discrepâncias.
Por sua vez, a China disse que vai retaliar na mesma proporção. Se a moda pega, o mundo estará em breve numa guerra comercial, que, nessa altura do campeonato, não é salutar para nenhum país.
Mas isto tudo de alguma maneira pode favorecer o Brasil e o Tocantins, pois, se a China de fato retaliar os Estados Unidos, muitos produtos americanos serão limitados em Pequim, abrindo este vácuo para os brasileiros.
Para quem não sabe é importante esclarecer que os Estados Unidos são concorrente do Brasil nas commodittes. Portanto, poderíamos ter crescimento das exportações, mas desde que o nosso Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços perceba a oportunidade com rapidez e faça as negociações comerciais pertinentes a toque de caixa, sob pena de perdemos mais este bonde da história.
MARCELLO LEONARDI BEZERRA
É professor e economista
E-mail marcellolb@terra.com.br