Estimados leitores e leitoras! Tudo bem com vocês? O que vocês estão achando da situação da Venezuela? Procuraram conhecer um pouco da sua história? Vocês sabiam que a Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo? Vocês sabiam que o preço do barril de petróleo em 2014 caiu de mais de US$ 100 para menos de US$ 40? Vocês sabiam que a Venezuela tem sua economia lastreada no preço do petróleo? O que vocês acham dos conflitos que ocorreram e ocorrem no oriente médio? Quem tem o maior interesse no petróleo do mundo? De onde é mais perto obter o produto? Poder econômico estratégico, determina o futuro dos países, principalmente dos mais fortes e ricos sobre os mais pobres e fracos. Não julguem sem conhecer.
E o carnaval, a maior festa popular do país?
[bs-quote quote=”Uma cidade com 300 mil habitantes não pode se curvar às orientações religiosas dos governantes. Não pode e não deve” style=”default” align=”right” author_name=”TADEU ZERBINI” author_job=”É economista e consultor” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/04/TadeuZerbini60.jpg”][/bs-quote]
Os políticos de Palmas “determinaram” que o carnaval na Capital é para religiosos. Que democracia é esta? Que dinheiro público vem carimbado para isto? Quem quer outro tipo de carnaval não tem fé? Quem quer se divertir, não pode? O Estado é laico. Não interessa se os governantes e membros da Câmara Municipal sejam religiosos.
A maioria da população de Palmas é religiosa, e muitos desses religiosos querem um carnaval diferente do que é realizado pelo poder público local e tem todo o direito a isto. Por que não pode?
De acordo com o historiador Voltaire Schilling, o carnaval é a festa profana mais antiga que se tem registro, já que existe há mais de 3 mil anos. As suas raízes mais remotas encontram-se na Grécia Antiga, no culto ao deus Dionísio, que mais tarde foi celebrado em Roma como Baco, espalhando-se para os países de cultura neolatina.
A historiadora e diretora da Fundação Joaquim Nabuco, Rita de Cássia Araújo, aponta que as festas populares que ocorriam na era pré-cristã no Hemisfério Norte, principalmente no Egito, em Roma e na Grécia, para celebrar o fim do inverno e a chegada da época do plantio de lavouras impulsionaram o que se caracterizou como a origem do Carnaval. Segundo Rita, não havia referências religiosas, mas já havia as brincadeiras e as máscaras.
De celebração agrária a festa ganhou contornos religiosos quando o Cristianismo atribuiu significado à festa, que passou a ser vinculada à Páscoa – a Terça-Feira Gorda é 47 dias antes do domingo de Páscoa. A festa, então, passou a ter um sentido de tempo de diversão e exagero, de comida e bebida, que antecede a entrada num período de reflexão e jejum dos cristãos antes da Páscoa, quando os fiéis teriam de se recolher e rever sua vida.
Muito tempo depois, no século 17, a festa chegou ao Brasil por meio dos portugueses. Com o nome de intrudo, baseado principalmente em brincadeiras em que pessoas sujavam umas às outras como o mela-mela. “Havia uma distinção social nessa festa. As famílias brancas brincavam nas casas e os escravos brincavam nas ruas”.
Com a declaração da independência do Brasil, em 1822, o intrudo, de raiz colonial, passou a ser visto como algo negativo e atrasado. Por isso, a partir da iniciativa de intelectuais, artistas e imprensa, houve um rompimento com a tradição colonial na segunda metade do século 19 e a adoção no País de modelos de festa trazidos da Itália e da França, já com o nome de Carnaval (que teria o sentido de “adeus à carne”). “Aí que entraram os bailes e os desfiles nas ruas com alegorias”. Daí para a frente vocês sabem o que virou.
Pois bem, uma cidade com 300 mil habitantes não pode se curvar às orientações religiosas dos governantes. Não pode e não deve. O papel do governo deve ser para todos. Quanto a prefeitura vai gastar com os shows gospel? Quanto vai gastar com a estrutura? O dinheiro é de todos. Por que pagar cantor gospel e não pagar cantor de axé ou seja lá do que for para animar o carnaval?
Qual é o “real” interesse da prefeitura de Palmas para atender os líderes religiosos locais e que não representam a população? Tem alguma coisa a ver com a política? Se as igrejas arrecadam dinheiro de seus fiéis todos os dias, por que elas mesmas não financiam seu carnaval da fé? Não devemos pagar por isto. Está tudo errado. Como está definido este carnaval no orçamento que foi elaborado no ano passado? A Câmara Municipal aprovou o orçamento? O TCE e o Ministério Público estão fazendo alguma coisa. Por que não fazem? Será que é por questão de fé?
Os políticos de Palmas querem mudar a história do carnaval brasileiro, mas se esquecem que nós pagamos a eles para que atendam as demandas da sociedade e não para que a sociedade atenda às demandas deles. Qual o interesse de fazer carnaval só para religiosos? Talvez, os pecados estejam acontecendo muito mais em épocas que não tem carnaval, como temos acompanhado pela mídia. Agora querem rezar com o dinheiro que é de todo mundo.
O carnaval movimenta a economia. O turismo é uma importante fonte de recursos, ou seja, o município deixa de arrecadar para gastar. Incrível, não acham? O nosso saudoso jornalista Salomão Wenscelau foi um dos primeiros idealizadores do carnaval de rua de Palmas com o bloco “Filhos da Pauta”. Memorável bloco carnavalesco que animou de crianças à idosos, com fé ou sem fé.
Carnaval é alegria.
Quem quiser rezar, que tenha liberdade para rezar. Quem quiser beber, pular, cantar e se fantasiar, que o faça. A prefeitura deve planejar os eventos para todos e garantir a devida segurança.
#goela abaixo, não!
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br