Estimados leitores e leitoras! Como vocês estão? Aproveitando as últimas chuvas? Rios transbordando, buracos no asfalto e o verde tomando conta da paisagem. Pois é, daqui alguns dias vamos sentir falta delas e vamos conviver com o calor tocantinense, a poeira e as famosas queimadas. Este é o Tocantins, o nosso paraíso. Assim como mudamos de estação no decorrer do ano, mudamos também de governador.
Mais um capítulo da cassação do Governador Marcelo Mirando se encerrou na terça-feira, 17. Em 30 segundos, o TSE decidiu manter a decisão de se fazer nova eleição no Estado. E o povo que se dane. O Ministério Público de Contas e a justiça estadual engessaram a continuidade dos trabalhos do Poder Executivo. Pelo que eu sei, os Poderes são independentes entre si e cada um tem que respeitar a autonomia dos outros e isto não esta acontecendo. O poder Executivo tem que cumprir suas obrigações, como o próprio nome diz: executar as políticas públicas. A paralisação do concurso público da Polícia Militar não encontra nenhuma justificativa razoável, mesmo porque a legislação eleitoral não permite contratação no período de campanha política. Tudo, a partir de agora, vai ficar mais lento e demorado para acontecer. Quem vai perder? As pessoas que recebem salários de R$ 30.000,00, auxílio moradia, auxílio saúde e auxílio alimentação?
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De acordo com o IBGE, mais de 50% da população tocantinense é pobre. Milhares são miseráveis e precisam que o nosso Estado mantenha políticas permanentes de apoio à essas populações. Mas como fazer isto, se as incertezas políticas atuais aumentam a cada dia? Quem vai cuidar do povo? Quem vai manter os programas sociais? O Poder Judiciário? O Poder Legislativo?
Um Estado pobre, subdesenvolvido e carente de recursos financeiros para investimento que sofre os percalços políticos como os que estão acontecendo há mais de dez anos, condena toda sua geração futura ao distanciamento de políticas públicas confiáveis e duradouras. A pobreza tira os jovens das escolas e os colocam no submundo das drogas e dos crimes. Fazer mais presídios, contratar mais policiais e não gerar novos empregos vai se estar resolvendo as “consequências” das políticas públicas descontinuadas e não as causas.
Até quando vamos viver nesta desordem política e econômica? Até quando vamos participar do progresso e não do retrocesso? Nossa população está prisioneira do processo político sem que perceba que é a única responsável pela situação atual. Nas redes sociais, a maioria dos “posts” tratam a nossa situação política com extremo desdém. A filosofia de “quanto pior, melhor” só interessa ao meio político e a população não percebe que é ela quem sofre as consequências.
O assunto são as eleições e podemos ter quatro. Que absurdo para um Estado pobre e periférico, que só exporta más notícias e índices alarmantes de pobreza. Os tocantinenses devem se unir para encontrar soluções. Temos mais de uma dezena de candidatos ao cargo de governador. Até quem não pode, é. Imaginem as conversas e acordos que estão acontecendo nos bastidores sem a participação do povo. Iremos às urnas sem sabermos direito o que está acontecendo. Democracia é isto? Como entender que um Tribunal demorou quase quatro anos para julgar um processo? Como entender que em 30 segundos se julgou um recurso? Como entender este entre e saí de governadores e de secretários? Como entender que este processo ainda não terminou e que pode mudar tudo de novo? Como entender que a cada dia a insegurança política trava a execução das políticas públicas destinadas aos menos favorecidos? Não dá para entender.
A ordem leva ao progresso. No caso do nosso Tocantins, esta desordem política, leva ao retrocesso. Um Estado jovem e promissor está condenado à um futuro incerto e nebuloso. Quem vai acreditar no Tocantins daqui para a frente? Sem ordem não existe o progresso e muito menos a democracia. Conquistamos a independência do Estado do Tocantins e sonhamos com um futuro promissor e acolhedor para nossos filhos e netos. Mais uma vez nossos sonhos estão virando pesadelos.
O Tocantins não merece o que está acontecendo.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br