Um dia depois de registrar o maior número de novos casos de Covid-19 em um único dia – 49 confirmações -, Palmas volta a ter bares, restaurantes, academias e shopping centers abertos nesta segunda-feira, 15. Esta é a 2ª fase do plano de descontingenciamento elaborado pela prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB), decisão que veio com críticas de especialistas em saúde. O Boletim Epidemiológico de domingo, 14, mostra a Capital com 975 casos confirmados do novo coronavírus e uma taxa de ocupação hospitalar de 36,89%.
Exigências gerais
A reabertura vem acompanhada de uma série de exigências, como o uso obrigatório de máscaras por proprietários, colaboradores e clientes; o distanciamento de 2 metros; o monitoramento constante da temperatura dos trabalhadores, a higienização do local e disponibilização de produto de desinfecção de sapatos na entrada do estabelecimento, entre outras orientações estabelecidas no Decreto 1.903 de 2020. Mas para além destas regras, o Paço também estabeleceu protocolos específicos para cada setor.
Shopping centers ainda sem entretenimento
Os shoppings centers irão abrir para receber o público das 12 às 20 horas, tendo a proibição total da abertura de áreas de entretenimento, como as salas de cinemas, playground, locais de jogos e de eventos festivos. Além disso, deve ser feito o controle da quantidade e o fluxo de pessoas nas dependências dos estabelecimentos, e retirar das áreas comuns os banco e assentos coletivos. São alguns dos exemplos das normativas do protocolo específico.
Bares só à noite
Bares poderão funcionar apenas das 18 horas até as 22 horas, já os restaurantes poderão atender de forma presencial das 11 até as 22 horas. Em ambos os casos, o atendimento via delivery não é impactado pela restrição. Estes estabelecimentos ainda terão que garantir a limpeza e higienização constantes do ambiente, disponibilizar álcool em gel e produtos para lavagem das mãos, além de evitar as aglomerações.
Academias devem operar em até 35% da capacidade habitual
As academias precisam estabelecer que a ocupação simultânea do espaço seja em torno dos 35% da capacidade habitual, demarcação visual nos espaços destinados a exercício, demarcando as áreas de peso livre e atividades coletivas, bem como a limpeza e higienização do ambiente com o uso toalhas e produtos de higienização, dentre outras. As unidades podem receber seus clientes das 6 às 22 horas.
Vigilância fará fiscalização orientativa
A Prefeitura de Palmas ainda esclareceu que as ações de fiscalização da equipe de Vigilância Sanitária serão de cunho orientativas, ao menos em um primeiro momento. O Paço diz que atuará de forma mais dura apenas em casos de flagrante risco à saúde pública, provocada pelo não cumprimento das medidas do protocolo de segurança. Nos casos em que a desordem persistir, será realizado a interdição provisória do estabelecimento.
Cenário não é favorável
Membro tocantinense do Conselho Federal de Medicina (CFM), o médico Estevam Rivello vê com preocupação o plano de descontingenciamento. Ele argumentou que a Capital ainda não apresenta um cenário favorável para a reabertura e indicou que a decisão do Paço não foi adotada com critério técnico e científico, mas sim com o foco no fator econômico e político. “Nenhuma cidade do mundo, depois de determinar a suspensão de algum serviço, tem retornado tão rapidamente em curva de ascensão. Se no cenário de Palmas estivéssemos com uma progressão muito lenta, sem surgimento de morte, com a possibilidade de uma grande rede assistencial hospitalar, com números de leitos de retaguarda suficiente, talvez a medida fosse acertada e apropriada”, afirma.
Sensação de normalidade
O Sindicato dos Médicos no Estado do Tocantins (Simed-TO) afirmou em nota no dia 29 de maio que recebeu “com desconfiança” a informação da Prefeitura de Palmas de reabertura da economia. Diante do que o município considera de “nova normalidade” que virá com a reabertura, o sindicato disse entender que a população vai passar a ter a sensação de normalidade e irá para a rua. “Com potencial para aumentar assustadoramente o número de casos, e, na atual configuração do serviço de saúde pública, o município não está em condições de conter o contágio”, alertou o Simed.