As Associações Comerciais e Industriais de Palmas, Gurupi, Araguaína, além do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado do Tocantins (Sindiposto) manifestaram nesta quarta-feira, 23, apoio ao movimento dos caminheiros. Para as entidades empresariais, apesar da paralisação causar prejuízos na economia tocantinense, os altos preços dos combustíveis tem gerado maior impacto na comercialização dos produtos.
Ao CT, a presidente da Aciara, Hélida Dantas, afirmou que a manifestação é um “mal necessário”. “A greve gera prejuízos devido a produtos que já começam a faltar, itens necessários que estão atrasando diversos braços da economia. Mas acreditamos que sem uma paralisação geral, esses aumentos abusivos dos combustíveis não vão parar nunca”, declarou.
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De acordo com a dirigente da Associação de Araguaína, os preços dos combustíveis estão “inviabilizando” a comercialização dos produtos. “Os altos preços aplicados aos combustíveis refletem em todos os campos da produção até a comercialização”, pontuou a empresária.
O presidente da Acipa, Fabiano do Vale, também se pronunciou sobre o movimento ponderando que apesar dos impactos e dos transtornos, os caminhoneiros estão “cobertos de razão”. “Eles já conseguiram a isenção do Cide. Se eles não fizessem o que estão fazendo, não conseguiam era nada”, observou.
Na visão do sindicalista, os constantes reajustes dos combustíveis se deve a uma estratégia do governo. “Eles estão querendo tirar um prejuízo de vários anos, que a Petrobras teve pela má administração dos partidos anteriores, penalizando a população brasileira com o aumento do combustível”, avaliou.
Por isso, o representante dos comerciantes de Palmas parabenizou a iniciativa dos condutores de veículos de carga e disse que toda população precisava se unir a causa. “Eles estão fazendo algo que o Brasil todo tinha que fazer porque está uma vergonha o preço do combustível no nosso país. Eu estou com inveja do que eles estão fazendo”, ressaltou.
Adailton Fonseca, presidente da Associação Comercial e Industrial de Gurupi, também se manifestou favorável à manifestação e ele já considera que esse não é um movimento só dos caminhoneiros. “A causa é nobre e é de toda a sociedade”, disse.
Para o empresário, os altos preços dos combustíveis geram mais prejuízos ao desenvolvimento da economia do que essa paralisação. “É natural que haja algum prejuízo nesse momento, mas nós entendemos que os altos preços dos combustíveis afetam e prejudicam mais seriamente a atividade econômica e a cadeia produtiva como um todo, oneram os preços dos produtos e serviços que toda população utiliza; do que o movimento em si”, opinou.
Carreata em Gurupi e Palmas
Na tarde desta quarta-feira, 23, a Acig e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Gurupi promoveram uma carreata, com a participação dos moradores, contra o aumento dos preços dos combustíveis e em apoio aos caminhoneiros. Eles também divulgaram uma nota de solidariedade aos manifestantes.
Um ato de apoio também ocorreu na Capital no final do dia. Vários carros de passeio fizeram uma carreata pelas principais ruas da cidade e chegaram a bloquear a passagem da ponte Fernando Henrique Cardoso, entre Palmas e Luzimangues, por algumas horas.
Sindiposto
Em nota à imprensa, o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado do Tocantins informou que também apoia a greve dos caminhoneiros. A entidade disse ser contra o aumento “abusivo” no preço dos produtos.
De acordo com o Sindiposto, o imposto é o verdadeiro “vilão” do setor e que a proposta do governo federal de zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico do óleo diesel terá impacto “irrisório” no preço do combustível. “Precisamos de medidas que desonerem o produto e permita que o preço para o consumidor final seja justo”, reivindicou na nota.
Em alguns Estados, com a escassez de produtos, já foi registrada a supervalorização de hortifrútis e combustíveis. O sindicato, porém, ressaltou que é contra o aumento dos preços em decorrência da grande demanda e que essa prática é ilegal. “Reajuste do preço por conta da possibilidade de falta do produto é crime”, avisou o sindicato.
Sem abastecimento
Com a paralisação dos caminhoneiros muitos postos já estão sem combustíveis em Palmas e no interior. O medo de ficar sem o produto levou muitas pessoas aos postos nesta quarta-feira. As filas para abastecer ficaram quilométricas.
Os supermercados do Estado também já estão ficando sem frutas, verduras e carnes. Nesta terça-feira, segundo o organizador do movimento no Estado, Amaury Lima, foi o último dia que os frigoríficos abasteceram os comércios.
Manifestação nacional
Por volta das 8 horas desta segunda-feira, 21, caminhoneiros do Tocantins decidiram aderir ao protesto que ocorre em vários pontos do País contra a alta do preço dos combustíveis. Em Paraíso do Tocantins, a categoria realizou uma carreata, com apoio da Associação Comercial e Industrial do município, e agora se encontra paralisada na BR-153 (Belém – Brasília). Após esse ato, mais dez trechos foram bloqueados.
Além do Tocantins foram registrados atos em ao menos 21 Estados. Insatisfeitos com o preço do diesel, que subiu 1,76% nas refinarias, na semana passada, os condutores de veículos de carga queimaram pneus nos acostamentos e bloquearam rodovias. Segundo a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que reúne 700 mil caminhoneiros autônomos, o objetivo é mudar a política de preços do petróleo, zerar a alíquota de PIS/Pasep e Cofins e a isentar o setor da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico.
A política, que prevê reajustes com maior frequência, inclusive diariamente, refletindo as variações do petróleo e derivados no mercado internacional e também a oscilação do dólar, começou a valer em 3 de julho do ano passado. Em maio, já foram anunciadas 10 altas e 5 quedas no preço do litro do diesel. No caso da gasolina, foram 12 altas, 2 quedas e uma estabilidade.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou nesta terça-feira, 22, após reunião em Brasília com os ministros da Fazenda, Eduardo Guardia, e de Minas e Energia, Moreira Franco, que a política de reajustes dos preços de combustíveis da empresa não será alterada.
Já o ministro da Fazenda disse na semana passada, em entrevista ao G1, que também não há possibilidade neste ano de o governo abrir mão de parte da arrecadação de impostos para conter a alta de preço dos combustíveis. Mas em declaração feita na noite desta terça-feira, no Palácio do Planalto, Guardia disse que o governo eliminará a Cide sobre o diesel e, em contrapartida, os parlamentares devem aprovar o projeto de reoneração da folha de pagamento. (Com informações do Estadão e do G1)
Confira os trechos interditados no Tocantins:
Araguaína – BR-153, KM 152
Colinas do Tocantins – Posto Minas Petro – BR 153, km 245
Fortaleza do Tabocão – Posto Tabocão – BR 153, km 360
Paraíso do Tocantins – Posto Milena – BR 153, km 492, TO-080 saída para Mato Grosso, Saída de Palmas e Posto Mirante na saída para Barrolândia.
Gurupi – Posto Mutucão – BR 153, km 674
Pedro Afonso – Ponte Rio Tocantins – BR 235, km 164
Alvorada – na BR 153, km 761
Nova Olinda – BR 153, km 208
Leia a nota da Acig e da CDL Gurupi de apoio aos caminhoneiros:
Confira a íntegra da nota do Sindiposto:
“O Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado do Tocantins (Sindiposto) informa que apoia a greve dos caminhoneiros que está acontecendo em todo o País e também no Estado.
Como representantes da classe que trabalha com a revenda de combustíveis somos contra o aumento abusivo no preço dos produtos. Aumento este que prejudica toda a cadeia produtiva e econômica do País. Incluindo os caminhoneiros, empresários e também o consumidor.
A política de preços da Petrobras fez com que a gasolina acumulasse altas de 12,95%, em maio, e o Diesel somou aumentos de 9,34%, em maio.
Vale ressaltar que a elevada carga tributária que incide sobre o produto, a nível federal e estadual, inviabiliza que o preço cobrado nas bombas seja tolerável e assim, é impossível uma redução real.
Queremos deixar claro que o imposto é o verdadeiro vilão. E a proposta do governo federal de zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) do óleo diesel terá impacto irrisório no preço do combustível.
Precisamos de medidas que desonerem o produto e permita que o preço para o consumidor final seja justo. Ninguém pode ficar isento dessa luta. Tanto governo federal quanto estadual precisam tomar para si uma solução para a alta carga tributária em cima dos combustíveis, produto que ajuda no desenvolvimento do país.
Por causa da greve já registramos falta de combustível no Tocantins e sabemos que sem esse recurso, a nação tende a parar.
Para o Sindiposto-TO a paralisação da classe é um movimento legítimo que reivindica uma causa justa: a redução no preço. O governo não pode, mais uma vez, penalizar mais o cidadão com preços abusivos.
Também salientamos que o Sindiposto-TO é contra o aumento do preço em decorrência da grande demanda. Reajuste do preço por conta da possibilidade de falta do produto é crime.
No mais, esperamos que este protesto, que é de grande importância para as transformações no País e que tem o nosso apoio, conquiste o que se propõe.”