O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Tocantins (Sindcamto), José Aparecido do Nascimento, disse que espera o cumprimento do acordo entre governo federal e a categoria, apesar dos pontos negociados serem insuficientes para sanar o contexto de crise que o grupo enfrenta. Segundo ele, “se o governo descumprir as cláusulas do acordo, é grande a chance de retorno das paralisações, devido ao grau de insatisfação da categoria”, alertou o sindicalista.
O líder sindical argumentou que os caminhoneiros se rebelaram na mais significativa greve dos últimos tempos, “não por prazer, mas por insatisfação com a realidade política do Brasil, a qual impossibilita as condições de trabalho e de sobrevivência desses profissionais”. Ele ressaltou que o protesto visava conquistar benefícios não só para categoria, mas para toda população. “O caminhoneiro é também um pai de família vítima de todas as mazelas da má política nacional e quer o bem para si e para todos”, afirmou.
Conforme o presidente, há anos o sindicato se posiciona contra a alta taxa tributária dos combustíveis, a favor da isenção de imposto para o óleo diesel, melhores estradas e segurança para o caminhoneiro, que sofre com más rodovias e com roubos de cargas.
Corrupção
Aparecido também se disse inconformado com o índice de corrupção dos gestores e afirmou ser esse o principal mal que afeta a nação. “Só a mudança de postura dos próprios gestores poderá melhorar a vida dos brasileiros”, afirmou o presidente. Ele se disse indignado com os “desmandos” dos governantes, e que a paralisação serviu para expor ainda mais o “descaso” dos dirigentes públicos com a sua categoria e com a população, de modo geral.
“Os poderes Legislativo, Judiciário e Executivo estão sem credibilidade. A cada esquina se escutam comentários de contrariedade com a política. O que está acontecendo são mazelas e o povo clama por mudança”, ressaltou.
LEIA MAIS
— Padilha diz que desconto de R$ 0,46 no diesel depende de estoques
Para José Aparecido, a revolta é maior pelo fato de que existem recursos abundantes provenientes da arrecadação de impostos, “mas também se sabe que o maior bolo vai pelo ralo da corrupção, deixando o povo perecer sem os direitos que lhes são devidos”.
Na opinião do líder sindical, o Congresso Nacional só faz leis em “benefício próprio” e, junto com o Executivo, “escraviza” o povo com uma alta tributação. “Queremos um Brasil onde o brasileiro consiga ser feliz, e não massacrado como somos. Trabalhamos na intenção de dar boas condições aos nossos filhos e famílias, mas o resultado é pagar impostos abusivos e beneficiar a política partidária, causadora de grandes danos aos brasileiros”, concluiu.
Construção de ferrovias
Em sua manifestação, Aparecido ainda aproveitou para contrapor versões de que só não existem ferrovias no Brasil porque as montadoras de caminhões não permitem. Para ele, todo o transporte de carga é ciente de que o frete de longa distância dá prejuízo, em função da depreciação do caminhão, que diminui o lucro e aumenta os custos para o caminhoneiro. “Somos a favor do advento das ferrovias e das vias fluviais, pois garantem maior ganho ao caminhoneiro ao diminuir a distância trafegada”, afirmou.
Paralisação dos caminhoneiros
A greve nacional dos caminhoneiros durou 11 dias e causou desabastecimento de combustível e alimentos em quase todo o país, além de prejuízos incalculáveis principalmente para o agronegócio. O desconto de R$ 46 centavos no preço do óleo diesel por 60 dias foi a principal proposta do governo federal para acabar com a paralisação. A equipe de articulação do Executivo oficializou a redução na sexta-feira, 1º e prometeu que o repasse chegaria aos postos até esta segunda-feira, 4.
Além do desconto no valor do combustível, a União prometeu eliminar a cobrança do pedágio dos eixos suspensos dos caminhões em todo o país e estabelecer um valor mínimo para o frete rodoviário. (Com informações da Ascom do Sindcamto)