O presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Estado do Tocantins (Sindcamto), José Aparecido do Nascimento, afirmou em entrevista ao CT, nesta terça-feira, 19, que a expectativa da entidade é de que o tabelamento de preços mínimos de fretes para o transporte rodoviário entre em vigor ainda nesta semana e com valor “justo”. “Nós esperamos que ela se aproxime pelo menos um pouco do justo, do que é certo”, disse.
Apesar do acordo do governo com os transportadores de carga, o sindicalista vê como “confusa” a discussão em torno do tema. “A gente não sabe qual a tabela vai vigorar, as empresas não querem obedecer e isso abriu margem para confusão”, disse.
Segundo Nascimento, para o caminhoneiro atualmente está “inviável” fazer um frete devido os custos. Ele falou ainda que as conquistas da greve dos caminhoneiros ainda não surtiram efeito. “A gente ainda não vê resultado porque não tem uma tabela. O caminhoneiro hoje não consegue pagar a prestação, manter a família. Então, é uma situação difícil”, contou, ao acrescentar que algumas entidades de outros Estados falam em paralisar as atividades novamente. “Mas esse não é o interesse nosso porque se rodando não está ganhando, parado fica pior ainda. Apesar de que hoje você paga pra rodar”, enfatizou.
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Reunião
O sindicalista informou que nesta quarta-feira, 19, vai ser realizada uma reunião com entidades sindicais, Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ministros para tratar sobre o assunto. “Nós fomos convidados a participar. Acho que nos próximos dois dias isso deve ser definido”, concluiu Nascimento.
Entenda
A tabela mínima de frete foi acordada entre governo e representantes dos caminhoneiros durante as negociações para encerrar a paralisação da categoria que durou 11 dias e afetou o abastecimento em todo o país. O tabelamento, no entanto, foi contestado no Supremo Tribunal Federal por entidades da agropecuária e da indústria.
Enquanto o Conselho de Administrativo Econômico (Cade) do Ministério da Justiça, disse não ao tabelamento, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), ligada ao Ministério dos Transportes, defendeu a medida. As posições divergentes foram enviadas nesta segunda-feira, 18, pelos órgãos federais ao STF, que examina a constitucionalidade da medida. O Cade sustentou que o tabelamento do frete limita a concorrência, prejudicando a sociedade e criando uma espécie de cartel no setor. O presidente Michel Temer, porém, disse que o governo vai obedecer a decisão do Supremo.