O presidente da Federação das Indústrias do Tocantins (Fieto), Roberto Pires, não concorda com avaliação de quem diz que a distância do Estado em relação aos principais mercados consumidores impede a sua industrialização. Para ele, no caso dos alimentos, o forte da economia tocantinense, a demanda no mundo é tão crescente que não se sabe se vai conseguir atendê-la. “Alimento se vende para o mundo todo. Então, temos um mercado muito promissor, crescente de alimentos, a gente está perdendo tempo de não estar produzindo”, avisou Pires, o convidado do quadro “Entrevista a Distância”.
Ele disse que o Tocantins está se tornando um eixo viário. “A soja passa do jeito que se colhe, empregando, mas bem menos do que empregaria se estivéssemos transformando essa soja aqui”, avaliou. Assim, o presidente da Fieto contou que a preocupação da entidade é fazer com que o Tocantins não se torne um mero eixo viário, mas um eixo de desenvolvimento, com a transformação de sua produção por aqui mesmo. “Não é interessante ver a soja só passando. A gente, realmente, tem que transformar esses insumos”, defendeu.
Máquina muito inchada
O Estado também tem que cumprir seu papel e voltar a ter capacidade de investir, continuou Roberto Pires. “Não é também interessante para o Tocantins essa massa de emprego muito grande ancorada na máquina pública”, afirmou.
O empresário ilustra com um dado que considera discrepante: no Tocantins, 42% dos empregos formais estão nas mãos do Poder Público — Estado e municípios. Para se ter ideia, no Estado de São Paulo, o índice é de apenas 14% de comprometimento da máquina pública com os empregos formais. “Com a máquina muito inchada, o Estado tem pouco dinheiro para investir”, explicou Pires.
Por isso, defendeu que, se se quer ver o Estado retomar o crescimento, é preciso “aplaudir essas medidas iniciais do governo no sentido de enxugar a máquina”, numa referência aos ajustes promovidos pelo governador Mauro Carlesse (PHS). “Acho que o caminho é esse. A gente tem visto nos últimos anos nada ser feito e o Estado numa crise que já dura oito ou dez anos, e não sai do lugar, com um crescimento menor do que poderia alcançar. E a máquina pública cada vez mais inchada”, observou.
Para o presidente da Fieto, quanto mais o modelo da administração pública se aproximar do da administração privada, mais o Estado vai avançar. “O Estado é uma empresa, só que pública, portanto, tem que ter os cuidados que a gestão privada tem, com planejamento com estudos, metas, objetivos, com aferimento dessas metas, se estão alcançando o que foi planejado”, pregou.
Confira a seguir a íntegra da entrevista de Roberto Pires ao quadro “Entrevista a Distância”: