A humanidade nunca precisou tanto da ciência como precisou agora. As inovações tecnológicas aliadas à persistência e ao conhecimento de pesquisadores e cientistas proporcionam segurança, otimismo e esperança para a população mundial. Nesta pandemia, que assolou o mundo, não adiantou dinheiro, moradia de luxo ou lugar seguro para não se infectar. O vírus surgiu na China e propagou para o mundo todo em pouco tempo por causa da globalização. Os efeitos colaterais dessa globalização são imediatos quando se trata de vírus com alto poder de transmissão. Considerando somente o ano de 2019, foram 1,5 bilhão de viagens internacionais, o que demonstra que os continentes estão interligados diariamente por pessoas indo e vindo.
Para amenizar o sofrimento e a dor causados por situações como esta, os governos devem investir muito mais em ciência e tecnologia. No Brasil, os investimentos nessas áreas são medíocres, porque os governantes preferem executar investimentos visando o crescimento econômico do país, construindo estradas, pontes e outras obras, além de incentivar o agronegócio com incentivos milionários. De que adianta tanta riqueza e exportações magnificas se o povo morre por falta de investimentos em ciência? Deveria existir o PIB da ciência.
Muito se fala em investimentos exorbitantes em educação, mas se esquecem que a qualidade desses investimentos é insuficiente para um mundo conectado e com tecnologias cada dia mais extraordinárias. Deve-se rediscutir os investimentos em ciência e tecnologia. Gasta-se um absurdo com o ensino superior e muito pouco com os pesquisadores. As bolsas para pesquisas são insuficientes em quantidade e em valores para realizar pesquisas de qualidade e que venham beneficiar os brasileiros. Forma-se brasileiros com o ensino superior para o mercado de trabalho, mas dificultam para aqueles que gostariam ou estão dispostos de se dedicarem às pesquisas. Com as bolsas que recebem, não conseguem nem ao menos ter uma qualidade de vida razoável. Isto, quando conseguem a bolsa.
As políticas públicas para a pesquisa devem ser revistas, para que o Brasil não continue a depender de outros países para manter seu povo saudável. É estratégico.
Ficam os meus agradecimentos aos pesquisadores, médicos, enfermeiros e profissionais que estão se dedicando à salvar vidas. Obrigado!
Mas de que adianta ciência e tecnologia, se parte da população não segue as recomendações da ciência? O negacionismo é a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. Negacionistas consideraram o coronavírus uma fraude criada pela China para destruir os mercados ocidentais. As redes sociais estão repletas de depoimentos deprimentes e doentios. Segundo eles é só uma gripezinha.
Uma gripezinha que já matou 1.800.000 de seres humanos no mundo. Só no nosso doente Brasil já foram quase 200.000 mortes. Negar a letalidade do vírus é negar a vida. Quanto esse vírus está custando ao Brasil? Quantas empresas foram fechadas? Quantos empregos acabaram? Quantas escolas e universidades ficaram fechadas?
Pois é, as festas promovidas pelos assassinos desmascarados, as aglomerações desnecessárias, as idas às praias e aos bares matam sem que os responsáveis por isso tenham sequer a consciência de suas irresponsabilidades. Seres humanos que cumprem as recomendações dos especialistas acabam morrendo contaminados por brasileiros infectados pelo ódio e pela falta de humanidade.
Temos acompanhado pelos veículos de comunicação o comportamento de brasileiros que transitam por diversos lugares sem usarem a máscara. Um comportamento irresponsável, imaturo e desumano. São assassinos desmascarados.
Enquanto muitos países começaram a vacinação de suas populações, no Brasil, o que temos visto é a demagogia política e até científica. Nossa ANVISA é melhor do que as outras agências que liberaram as vacinas? É uma piada.
Nem seringas nosso país consegue comprar.
Muitos ainda vão morrer por causa da incompetência política e sanitária.
Feliz 2021, com vacina!
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br