No dia 7 de setembro de 1822, Dom Pedro acabou com a dependência política do brasil em relação a Portugal. Às margens do rio Ipiranga ele gritou ¨Independência ou Morte”, o famoso grito do Ipiranga. Claro que isto foi o que aprendemos na escola, mas existem outros atores como a participação decisiva de Dona Leopoldina e do Conselho de Estado. Esta data é comemorada com desfiles militares por todo o país.
No próximo dia 7, mais uma vez será comemorado o “Dia da Independência”, só que a expectativa política não é para unir os brasileiros, mas sim para promover manifestações que podem afetar toda a República. Será uma prova de fogo para a democracia brasileira.
Alguns tem falado em uma possível ruptura entre os poderes, outros que as intenções são para desestabilizar a democracia e a vontade popular. Milhões de outros aguardam, com certa perplexidade e preocupação, o final dessas desavenças.
A economia brasileira, como já falei em artigo anterior, passa por uma estagflação (aumento da taxa de desemprego combinado com inflação decorrente do contínuo aumento de preços). A pobreza, a miséria e a fome estão presentes em milhões de lares brasileiros. A pandemia continua em escala alarmante, com mais de 570.000 mortes. O Banco Central está aumentando sistematicamente a taxa básica de juros para “tentar” frear a inflação que está se aproximando da casa de dois dígitos.
A nossa bolsa de valores e a nossa moeda (Real) estão sentindo o humor do mercado. A instabilidade econômica agravada pela instabilidade política e com a proximidade do dia 7 de setembro tornam o Brasil uma verdadeira roleta russa. Ninguém sabe qual “tiro” será disparado primeiro. As incertezas se multiplicam em um mundo altamente competitivo que em sua grande maioria tem a democracia como pilar maior de uma nação.
Até o ano passado a população estava dividida, mas após as recentes pesquisas podemos verificar que uma minoria é contra o voto eletrônico e o Supremo Tribunal Federal. Será que uma minoria consegue transformar um país? Será que a sociedade brasileira está senso manipulada para que outros objetivos sejam atingidos?
Observem como na Câmara dos Deputados várias Leis estão sendo aprovadas sem que a população tenha conhecimento prévio. O centrão, em troca de ministérios, cargos públicos e emendas parlamentares apoia projetos que vão impactar negativamente milhões de brasileiros.
Nosso Ministro da Economia perdeu seu protagonismo junto ao empresariado e à comunidade econômica internacional. Nada do que disse que faria, aconteceu. “O Posto Ipiranga” está sem combustível para avançar. Com essas discussões menores permeando o imaginário popular as reformas necessárias para situar o país em um patamar mais elevado ficam cada dia mais distante, engavetadas nas comissões do Congresso Nacional. O povo precisa de uma economia forte, mesmo que a política seja fraca.
As incertezas geradas pelas crises políticas e econômicas mereciam atenção especial de nossos governantes. Não é mais possível que em um cenário de “fim de mundo” os principais atores do nosso país fiquem discutindo diariamente, CPI da COVID, rachadinha, voto impresso, coligações e tantas outras questões pequenas.
No próximo ano teremos eleições e por conta dela milhões de brasileiros estão na miséria ou na pobreza, com fome, sem esperança e sem emprego. De que adianta um país com um PIB elevado se seu povo não tem o que comer. Nem soja dá para comer porque tudo é exportado.
O próximo 7 de setembro deveria servir para unir o povo brasileiro em torno da cidadania, do amor ao próximo e do respeito à democracia. Nem todos pensam da mesma forma, portanto a maioria deve decidir o que fazer e esta decisão deve ser respeitada seja lá por quem for. A imposição da força para fazer o povo baixar a cabeça pode até ter efeito imediato, mas por um período muito pequeno, pois a história do mundo já mostrou que a maior parte da humanidade não aceita ser governada por quem não respeita a democracia e a Constituição de seus países.
O próximo mês de setembro será lembrado na história como um divisor de águas na política brasileira. As redes sociais estão mostrando que as novas gerações estão preocupadas com o todo e não com interesses particulares.
Viva o 7 de setembro. Com independência e sem mortes.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
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