Ainda no mês de março deste ano todos os brasileiros foram informados sobre a pandemia que se alastrava pelo mundo proveniente da china e que o vírus já estava presente no Brasil. Segundo o Ministro da Saúde da época, o vírus poderia ser letal para os idosos e para as pessoas com comorbidades. As redes de comunicação, diuturnamente, informavam, questionavam e orientavam os cidadãos sobre a necessidade de tomarem os cuidados necessários para não se infectarem e não infectarem os idosos. Já se falava sobre a curva de contaminação que alcançaria seu pico em maio ou junho e que depois começaria a cair, mas isto aconteceria se a população e governantes seguissem as recomendações da Organização Mundial da Saúde que eram: o distanciamento social, o uso de máscaras e de álcool gel e a lavagem das mãos com sabão.
Ainda naquela época, o sistema nacional de saúde conseguiu identificar a origem dos primeiros infectados e constatou que eles estiveram em países onde a pandemia já se alastrava. Com isto foi possível monitorar os infectados e as pessoas que tiveram contato com eles para evitar o máximo a contaminação comunitária, até que se perdeu o controle.
Os governantes foram alertados pela OMS de que não havia vacina e muito menos remédios capazes de proporcionarem a cura dos contaminados e que seria necessário preparar os hospitais para receberem os infectados com os casos mais graves da COVID-19, para tanto seria necessário equipar as UTIs com respiradouros, qualificar as equipes médicas e disponibilizar o máximo de leitos clínicos por todo o Brasil.
Aos poucos a pandemia foi se alastrando, tomando proporções apocalípticas. Pessoas começaram a morrer, hospitais começaram a receber centenas de doentes, que se transformaram em milhares em pouco tempo. Nem o atendimento de excelência nas UTIs conseguiram salvar uma grande parcela dos infectados.
Enquanto a pandemia se alastrava o Presidente da República dizia que era só uma gripezinha e que uma tal de “cloroquina” resolveria o problema e não se comportou como o grande líder da nação que o povo esperava. Forçou a saída de dois ministros da saúde porque não aceitaram o uso da tal “cloroquina” e nomeou um general do exército para cuidar da pandemia.
Resultado: mais de 100.000 (cem mil) MORTOS e mais de 3.000.000 (três milhões) de infectados e outros milhões, segundo os especialistas, que também foram infectados mas que não apresentaram sintomas da infecção.
Governadores e prefeitos começaram a editar Decretos proibindo a abertura do comércio e do setor de serviços não essenciais. O uso de máscaras passou a ser exigido de toda a população. Escolas, academias e tantas outras atividades foram proibidas de abrirem suas portas. Templos e igrejas, mesmo com muita resistência, não podiam mais atender os fiéis, pois também tiveram que fechar. O setor do turismo foi impactado fortemente. Empresas aéreas ficaram em grandes dificuldades.
O desemprego aumentou, os trabalhadores informais não tinham mais como trabalhar e os desempregados passavam por grandes dificuldades financeiras e sociais. Por pressão do Congresso Nacional, o Governo Federal disponibilizou ajuda para as pessoas desempregadas, disponibilizou recursos para os Estados e Municípios e para as empresas.
Mesmo com as medidas econômicas e sociais a população não teve o apoio moral e a liderança do Governo Federal na busca de soluções para amenizar a pandemia que se alastrou em uma velocidade jamais esperada.
As pessoas mais jovens continuaram a fazer festas e não se preocuparam com os mais velhos ou com aqueles que tinham comorbidades, gerando o colapso dos hospitais e a morte de milhares de pessoas.
Ainda não sabemos quantos brasileiros e brasileiras morrerão por causa do vírus, mas de uma coisa temos certeza, serão centenas de milhares se não houver conscientização e responsabilidade social por parte da população. Até desembargador deu mal exemplo para o Brasil.
Estamos vivendo uma anarquia desumana. Enquanto a maioria dos países conseguiram frear a pandemia, no Brasil continuam morrendo, em média, 1000 brasileiros por dia e mais de 50 000 contaminações são somadas diariamente. A tal “curva” deixou de ser curva e passou a ser uma reta em um patamar elevadíssimo, demonstrando que não somos um povo unido e com responsabilidade social. Passou a ser uma coisa normal.
Quando se fala que “fulano ou fulana” morreu ninguém se importa mais. Milhões de brasileiros estão mais preocupados com a questão econômica e pouco se importam com o que está acontecendo ao seu redor.
De que adianta respiradouros, sem não tem médicos capacitados nas UTIs e de que adianta hospitais se não tem medicamentos e equipamentos necessários.
Todo mundo feliz com a produção de soja e de carne e o Brasil continua a importar um simples respiradouro, mesmo assim quando consegue comprar e por um preço absurdo.
Vamos torcer para a vacina ser aprovada o mais rápido possível ou que algum remédio possa ser disponibilizado para a cura. Até lá vamos manter o distanciamento social, usar máscara, usar o álcool gel e lavar as mão sempre que possível.
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TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br