Usar recursos do FUNDEB e de precatórios para aplicar em proteção social é o mesmo que trocar 6 por meia dúzia. Nossa economia está em frangalhos. O real continua desvalorizando diariamente. O valor do dólar já chegou a R$ 5,62. Tem muita gente que acredita que o valor do dólar elevado significa que o país está bem, mas esquece que não é o valor do dólar que está aumentando e sim o real que está desvalorizando. O real é uma das moedas que mais desvaloriza no mundo.
O país continua dependente da agropecuária como se isto fosse a única coisa possível. A falta de investimentos em infraestrutura e em novas tecnologias faz com que o atraso em relação aos países desenvolvidos continue aumentando.
Os baixos investimentos na educação básica construirá gerações dominadas por filhos dos mais ricos e esse ciclo vicioso terminará em conflitos sociais difíceis de serem controlados. A democracia só pode ser efetivada com uma melhor distribuição de renda e a geração de empregos.
Tem quanto tempo que vocês escutam falar em reformas tributária, fiscal, e administrativa? Tem anos, não é mesmo? A classe dominante nunca vai concordar em tirar dos ricos para dar aos pobres. Sempre foi assim. Um país subdesenvolvido como o Brasil precisa de novos estadistas para conduzirem o país para um porto seguro. Essas reformas sempre foram postergadas e qualquer ganho para as população são decorrentes de pequenos ajustes para se ter uma explicação política para a situação precária de uma grande parcela do povo brasileiro.
A crise gerada pelo coronavírus no mundo é uma excelente oportunidade para o país avançar mundialmente, mas os interesses de grupos despreocupados com o bem estar da população pensam unicamente nos lucros que possam obter. A falta de políticas públicas que promovam o desenvolvimento e o crescimento torna o futuro brasileiro sombrio e incerto.
Os poderes constituídos não conseguem caminhar por uma mesma trilha e não estão nem um pouco preocupados com a demora com que as políticas públicas possam ser implementadas para proporcionarem uma melhor qualidade de vida para o povo.
Os preços da carne, arroz e feijão envergonham os brasileiros. Não somos um país continental reconhecido como o “celeiro do mundo”? E os subsídios e os créditos para a produção, são só para a exportação? Os subsídios são concedidos pelo governo com o dinheiro do povo.
Mesmo com a taxa básica de juros em 2%, os bancos e financeiras são autorizados a operarem com uma taxa de até 300% de juros em faturas de cartão de crédito que não são quitadas integralmente. É só observar os lucros dos bancos para comprovar o quanto o brasileiro é penalizado pela falta de ações governamentais que possam equilibrar a situação social da maior parte da população.
Acompanhamos estarrecidos a situação dos médicos peritos do INSS que se recusaram a fazer as perícias médicas para concessão de auxílios e direitos dos trabalhadores. É um absurdo. Enquanto os demais médicos estão na linha de frente, muitas vezes em condições precárias de trabalho, os do INSS prejudicam milhares de brasileiros que precisam dos serviços deles para a sobrevivência.
A Caixa Econômica terceirizou vários serviços para os correspondentes bancários e para as lotéricas. Não seria o caso de do INSS terceirizar todos os seus serviços? Seria muito mais barato e eficiente. Qual é o interesse por trás dessa situação desumana e inacreditável? Está na hora de modernizar os serviços para respeitar o direito dos cidadãos. Credenciando clínicas, hospitais e consultórios seria muito mais eficiente e dinâmico.
O futuro das próximas é repleto de incertezas. Continuamos a praticar o “voo de galinha” e a trocar uma carreta de soja por um software nas nuvens. Estamos em um processo de descrédito perante as grandes nações, perdendo o respeito e os investimentos tão necessários para o equilíbrio da nossa economia.
Depois que a pandemia passar é que saberemos realmente como está a situação econômico-social brasileira.
Dizer que vai tirar dinheiro do FUNDEB pode ser uma estratégia inteligente para fazer com que o Congresso Nacional apoie a criação de novos tributos. Seria aquela velha teoria do “bode fedido”.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br