Lucas 23:13-25 NTLH (Bíblia Online)
…Pilatos reuniu os chefes dos sacerdotes, os líderes judeus e o povo e disse: — Vocês me trouxeram este homem e disseram que ele estava atiçando o povo para fazer uma revolta. Pois eu já lhe fiz várias perguntas diante de todos vocês, mas não encontrei nele nenhuma culpa dessas coisas de que vocês o acusam. Herodes também não encontrou nada contra ele e por isso o mandou de volta para nós. Assim, é claro que este homem não fez nada que mereça a pena de morte. Eu vou mandar que ele seja chicoteado e depois o soltarei. [Na Festa da Páscoa, Pilatos tinha o costume de soltar algum preso, a pedido do povo.] Aí toda a multidão começou a gritar: — Mata esse homem! Solta Barrabás para nós! Barrabás tinha sido preso por causa de uma revolta na cidade e por assassinato. Então Pilatos, querendo soltar Jesus, falou outra vez com a multidão. Mas eles gritavam mais ainda: — Crucifica! Crucifica! E Pilatos disse pela terceira vez: — Mas qual foi o crime dele? Não vejo neste homem nada que faça com que ele mereça a pena de morte. Vou mandar que ele seja chicoteado e depois o soltarei. Porém eles continuaram a gritar bem alto, pedindo que Jesus fosse crucificado; e a gritaria deles venceu. Pilatos condenou Jesus à morte, como pediam. E soltou o homem que eles queriam — aquele que havia sido preso por causa de revolta e de assassinato. E entregou Jesus para fazerem com ele o que quisessem…
Pois é, passados mais de 2000 anos o Cristianismo é a maior religião do mundo. São 2,3 bilhões de pessoas que escolheram seguir os ensinamentos de Jesus Cristo, mesmo que o povo e os líderes dos sacerdotes daquela época preferissem Barrabás.
Nem sempre, no processo democrático, a maioria do povo faz a melhor escolha. Os parâmetros utilizados para a escolha de um representante político não consideram as demandas prioritárias da maioria dos votantes, mas sim a capacidade de convencimento e o poder econômico do candidato. Lembram-se da extraordinária oratória de Hitler? O que a cegueira política de um povo e os acordos políticos dos poderosos ocasionaram ao mundo? Milhões de mortes desnecessárias, campos de concentração desumanos e a destruição da Europa.
No Brasil temos 33 partidos políticos, conforme registros no TS, mas na hora da campanha política eles se juntam para angariarem mais votos. Como o eleitor vai entender que o tempo de horário de televisão vale ouro e que os acordos feitos pelos partidos em uma determinada eleição na verdade vão valer para outra que vem dois anos após? Os eleitores não percebem que fazem parte de um processo inteligente comandado por poucas pessoas que já se encontram no poder e vão se manter nele por muito tempo, inclusive transferindo este poder para seus parentes por muitas gerações. O povo brasileiro vota para continuar vivendo em incertezas e dificuldades. A pobreza aumenta sistematicamente, o desemprego é constante, a saúde é de terceiro mundo e a educação uma das piores do mundo.
Então eu pergunto: o que é democracia? Ela existe em sua plenitude?
Tenho visto políticos que integram determinado partido fazer campanha para candidato de outro. Como pode? Não existe fidelidade partidária? Será que esses políticos merecem o respeito de seus pares? E o mais interessante é que o partido deles aceita sem maiores retaliações. Por que será?
O poder emana do povo? De acordo com a Constituição, sim. Mas isto basta para que o povo tenha voz? Conforme a Constituição o poder do povo está representado pelos políticos eleitos, ou seja, o que os políticos fazem é o povo que está fazendo? A grande maioria do povo acha que não.
Será que se dependesse do povo as reformas tributária, administrativa, fiscal e outras já teriam acontecido? Por que não acontecem?
A maioria do povo não sabe muito bem o que acontece em uma gestão pública e muito menos sobre o que é necessário para seu candidato obter bons resultados em sua administração. A maioria vota por simpatia ou por interesses particulares.
Existem no Brasil 38 milhões de analfabetos funcionais. E o que significa analfabeto funcional? Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras (geralmente frases, sentenças e textos curtos) e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas.
Como esses analfabetos funcionais vão avaliar as propostas dos candidatos?
Continuaremos a escolher Barrabás?
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br