O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, aumentando a taxa básica de juros (Selic) em 0,75 ponto percentual, para 2,75%, depois de 6 anos, deixou bastante claro ao mundo todo que as taxas de inflação no brasil estão em processo de aceleramento.
O conceito de estagflação (não é estagnação) está relacionado à ocorrência simultânea de baixo crescimento ou até negativo e à alta de preços e este é o cenário apresentado pelo Brasil. O PIB negativo do ano passado conjugado com o aumento dos preços dos produtos fazem com que a economia entre em colapso.
A desvalorização do real frente ao dólar leva os empresários á exportarem seus produtos em detrimento do mercado nacional. Exportar dá mais lucro e certeza de bons negócios.
Com a demora em controlar a pandemia o problema se agrava já que o número de desempregados está aumentando consideravelmente e grande parte das micro e pequenas empresas não estão suportando mais a situação desesperadora em que se encontram. Muitas já fecharam as portas e muitas outras fecharão.
Por outro lado, as instituições financeiras estão sorrindo porque o governo brasileiro vai pagar mais juros pela sua dívida astronômica. Os ricos ficando mais ricos e os pobres mais pobres. Os brasileiros pagam impostos e acham que serão investidos em benefício do povo. Uma pequena parte sim, mas a maior parte acaba indo para os cofres das instituições financeiras, que neste momento de incerteza na economia brasileira não investem em empresas nacionais e muito menos em empresas internacionais que estão em solo brasileiro.
Estamos vivendo uma tempestade perfeita na economia brasileira.
E o povo?
A nação brasileira está dividida. Os brasileiros estão digladiando nas redes sociais. Metade a favor das máscaras, álcool gel e distanciamento social e a outra metade a favor da abertura do comércio e de todos os serviços. Metade defendendo a direita e outra metade defendendo a esquerda. Metade defendendo tratamento do coronavírus por meio de vermífugos e outra metade defendendo o tratamento que a ciência prescreve.
Enquanto milhares de mortes diárias de brasileiros estão acontecendo, milhões de brasileiros continuam a contaminar outros milhões. Festas, baladas e encontros desnecessários fazem com que a contaminação se multiplique.
Estamos vendo o comportamento do nosso presidente da república e do ministro da saúde na condução da pandemia, virou uma chacota mundial. É um absurdo. Ele está jogando a culpa nas costas dos governadores e dos prefeitos. Somos uma república ou uma republiqueta de bananas?
Com o avanço acelerado da pandemia os grandes veículos de comunicação deixam de acompanhar o andamento da nossa economia, como deveria fazer, para informar ao grande público sobre a situação perigosa em que o país se encontra.
Se a pandemia já causa problemas econômicos, depois dela é que os brasileiros vão ficar sabendo a real situação social que irão enfrentar. O desemprego vai aumentar, a inflação vai aumentar, a fome vai aumentar e o povo vai sofrer.
Mesmo com esta situação sanitária irrefreável, o país deve fazer seus deveres de casa na esfera econômica. Precisa mudar radicalmente suas políticas externas e mostrar ao mundo que somos uma das maiores economias do mundo. Do jeito que estamos caminhando perderemos espaço na economia global e continuaremos a ser um país de terceiro mundo. Uma república da soja e do milho e, por que não dizer, das bananas também.
Onde anda o ministro da economia que disse repetidas vezes que iria consertar o Brasil?
Paulo Guedes perdeu o protagonismo. Ninguém acredita mais nele. Não tem mais respaldo político. As reformas paradas no Congresso Nacional demonstram a necessidade de mudanças urgentes na condução da economia brasileira.
Se o brasileiro está preocupado com a pandemia, deveria se preocupar também com a economia brasileira.
A situação é muito preocupante.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br