Estimados leitores e leitoras! Como vocês estão? Estão satisfeitos com as discussões sobre a previdência? O que vocês acham que vai acontecer com milhões de brasileiros da iniciativa privada que trabalham em profissões que necessitam de vigor físico? Uma pessoa que trabalha em um ambiente com ar condicionado, água mineral, cafezinho e um computador, vai aposentar com o mesmo tempo de serviço de um trabalhador que fica exposto às intempéries e riscos constantes. Milhões de brasileiros não vão conseguir aposentar e as demandas sociais serão muito maiores e mais caras para a população brasileira. Com certeza, os grupos que tiverem o maior poder de pressão serão os mais beneficiados.
[bs-quote quote=”Mas aí eu pergunto? Quem vai investir em um Estado em que só se pensa e se faz política? Quem vai investir em um Estado que está fora de rumo estratégico? ” style=”default” align=”right” author_name=”TADEU ZERBINI” author_job=”É economista e consultor” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/TadeuZerbini60.jpg”][/bs-quote]
Durante muito tempo venho falando sobre o desenvolvimento do Estado do Tocantins e a cada dia fico mais decepcionado com os rumos da nossa economia. Quando penso que vamos avançar, retrocedemos. Um Estado que tem sua base tributária no consumo de combustíveis, energia e comunicação é um Estado fadado à pobreza. Se somarmos os números de servidores públicos da União, Estado e Municípios aqui no Tocantins, vamos ver que o consumo deles é que faz o Estado funcionar. Explico: Se considerarmos os orçamentos dos órgãos públicos verificamos que mais de 50% são gastos para pagar pessoal das prefeituras e do Estado, porque os gastos com servidores do Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas, Ministério Público, Defensoria Pública e os órgãos locais da União (universidade, institutos, ministério público federal, justiça federal, etc…), consomem, praticamente, todo os seus orçamentos. É muito dinheiro.
Nosso comércio é frágil, nossa indústria é incipiente, os incentivos fiscais concedidos são maiores do que deveriam, não existe continuidade no planejamento estadual a longo prazo, as estradas estaduais estão acabadas, a saúde em frangalhos, UPAS construídas e que não funcionam, juízes e desembargadores recebendo mais de R$ 200.000,00 no mês de dezembro, Orçamento sem aprovação desde o ano passado, funcionários fantasmas vinculados à políticos e tantas outras aberrações que não deveriam mais estar acontecendo.
Mais uma vez, afirmo que o Estado do Tocantins continua a trocar tecnologia e serviços por commodities que não contribuíram em quase nada para sua base tributária. A soja e a carne são quase que a totalidade da nossa pauta de exportação. A falta de apoio aos projetos de irrigação atrasa a diversificação da agricultura. Os incentivos fiscais são para grandes investidores e que não são do Estado do Tocantins.
O Tocantins vive de empréstimos e de emendas parlamentares. As estradas que levam ao maior polo turístico do Estado que é o jalapão, estão em péssimo estado de conservação. O Cantão, um lugar fantástico, não é divulgado e utilizado como devia. A visão estratégica dos nossos gestores estão equivocadas. Gasta-se muito para fazer muito pouco.
O setor de mineração é estratégico para o Estado, mas não vemos ação do governo para agilizar as Leis e projetos para alavancarem esta atividade econômica que poderia mudar o futuro do nosso Estado.
As prioridades são sempre políticas, mas a insegurança política é uma sombra permanente no Estado. Existe o risco de mais um impeachment de governador que poderá levar o Estado à uma situação caótica. As maiores cidades do Estado são ilhas da fantasia, porque uma enorme parcela dos tocantinenses estão em situação de pobreza e outra, em extrema pobreza.
O maior problema do Estado não são as despesas, mas sim as receitas. O mundo vive em ciclos econômicos e no Brasil não é diferente. Os preços do petróleo e do ferro, como já falei muitas vezes, sofreram quedas inimagináveis impactando os repasses federais. Para se ter um Estado forte é necessário que se tenha uma base tributária forte. Isto não deve acontecer com o aumento de alíquotas tributárias, mas com a diversificação de sua base.
Mas aí eu pergunto? Quem vai investir em um Estado em que só se pensa e se faz política? Quem vai investir em um Estado que está fora de rumo estratégico? Quem vai investir em um Estado que não mantém suas estradas em perfeito estado de conservação? Quem vai investir em um Estado que tem baixo consumo interno? Quem vai investir em um Estado que não tem interesse em processar seus produtos primários?
E falam em autonomia. Que autonomia? Só se for política, não é mesmo?
Falar sobre a economia do Estado é chover no molhado. É sempre a mesma coisa. As decisões são lentas e dissociadas da realidade. Volto a repetir: se gasta muito para fazer muito pouco.
Não é um Tocantins que sonhamos. É um Tocantins que os políticos sonharam.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br