Maria de Magdala, mais conhecida como Maria Madalena, ou somente Madalena (em hebraico: מִרְיָם הַמַּגְדָּלִית; em grego: Μαρία Μαγδαληνή; em latim: Maria Magdalena); foi uma mulher que, segundo os quatro evangelhos canônicos, viajou com Jesus Cristo como uma de seus seguidores e foi testemunha de sua crucificação e ressurreição. Ela é mencionada pelo nome doze vezes nos evangelhos canônicos, mais do que a maioria dos apóstolos e mais do que qualquer outra mulher nos evangelhos, exceto a família de Jesus. O epíteto de Maria Madalena, pode ser um sobrenome toponímico, o que significa que ela veio da cidade de Magdala, uma vila de pescadores na costa ocidental do Mar da Galileia, na Judeia romana.
O Evangelho de Lucas, capítulo 8, lista Maria Madalena como uma das mulheres que viajou com Jesus e ajudou a sustentar seu ministério “com seus recursos”, indicando que ela provavelmente era rica. A mesma passagem também afirma que sete demônios foram expulsos dela, afirmação que é repetida em Marcos 16. Em todos os quatro evangelhos canônicos, Maria Madalena é testemunha da crucificação de Jesus e, nos Evangelhos Sinópticos, ela também é presente em seu sepultamento.
Encontro com Jesus
O processo de conversão de Maria Madalena é caracterizado por sua transformação de uma vida de pecado para uma vida de fé e serviço a Jesus, culminando em sua nomeação como “apóstola dos apóstolos”. Embora a tradição a associe a uma vida de prostituição, a conversão verdadeira ocorreu quando ela reconheceu Jesus como o Messias e se dedicou a segui-lo, especialmente após a ressurreição
O abismo existencial
O Mestre de Nazaré (Jesus) aparece na nossa vida quando estamos à beira do abismo, no sentido da filosofia existencial abismo pode ser entendido como momento de limite, perda do sentido da vida, desânimo e esmorecimento, no âmbito espiritual como provação, mas é justamente nessas situações que Jesus aparece na nossa vida para dar sentido ao ser humano. Maria Madalena encontrou nesse momento a oportunidade para mudar a sua vida, Jesus respeita a nossa liberdade: “Deus quis deixar o homem entregue a sua própria liberdade” (Eclesiástico 15, 14). E ainda São Tomás de Aquino, maior sábio medieval: “O homem é patrão/senhor dos seus atos”.
Equívocos sobre a sua identidade
Segundo a exegese bíblica, a expressão “sete demônios” poderia indicar um gravíssimo mal físico ou moral, que havia acometido a mulher, do qual Jesus a curou. No entanto, a tradição, que perdura até hoje, diz que Maria Madalena era uma prostituta, porque, no capítulo 7 do Evangelho de Lucas, narra-se a história da conversão de uma anônima “pecadora da cidade, que ungia com perfume os pés de Jesus, convidado de um fariseu; após tê-los banhado com suas lágrimas, os enxugava com seus cabelos”.
Assim, sem nenhuma ligação textual, Maria de Magdala foi identificada com aquela prostituta anônima. Porém, há mais um equívoco, como explica o Cardeal Gianfranco Ravasi, biblista e teólogo: “A unção com óleo perfumado é um gesto feito também por Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro, em outra ocasião, como diz o evangelista João. Assim, Maria de Magdala foi identificada, por algumas tradições populares, com a Maria de Betânia”.
Aos pés da Cruz
Maria Madalena aparece ainda nos Evangelhos no momento mais terrível e dramático da vida de Jesus: quando o acompanha ao Calvário, com outras mulheres, e o contempla de longe. Ela aparece também quando José de Arimateia depõe o corpo de Jesus no sepulcro, que fora fechado com uma pedra. Foi ela, depois do sábado, na manhã do primeiro dia da semana, quem voltou ao sepulcro e descobriu que a pedra havia sido removida e correu avisar Pedro e João; eles, por sua vez, foram às pressas ao sepulcro e viram que o corpo do Senhor não estava mais lá.
Encontro com o Ressuscitado
Enquanto os dois discípulos voltam para casa, Maria Madalena permanece diante do sepulcro, em lágrimas. Ali, tem início um novo percurso: da incredulidade passa, progressivamente, à fé. Ao olhar dentro do sepulcro, viu dois Anjos, aos quais perguntou para aonde fora levado o corpo do Senhor. Depois, voltando para fora, viu Jesus, mas não o reconheceu, pensando que fosse o jardineiro; este lhe perguntou por que estava chorando e quem estava procurando. E ela respondeu: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar”. Jesus, então, a chama por nome: “Maria!”. E ela, voltando-se, disse: “Rabôni!”, que, em hebraico, quer dizer “Mestre!”. E Jesus lhe confia uma missão: “Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Então, Maria de Magdala foi imediatamente anunciar aos discípulos: “Vi o Senhor! E ouvi o que ele me disse” (cfr. Jo 20).
Conclusão
Jesus é o Mestre de Nazaré que sabe entrar na vida de qualquer pessoa, mas é preciso ter abertura de coração: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo” (Apocalipse 3, 20). Maria Madalena não abriu somente a porta, ela abriu toda a sua vida para o Senhor agir na sua existência. Maria Madalena era uma mulher de vida financeira excelente, filha de comerciante, mas usou suas condições para ajudar no crescimento do Reino de Deus, depois ela mostra fidelidade, no momento da cruz não abandona o mestre. Ela acredita na palavra de Jesus e vai bem cedinho na madrugada da ressurreição, é a primeira a encontrar o Senhor Ressuscitado. “Eu vi, o Senhor!” Com ela aprendemos que mesmo no abismo da nossa existência, Jesus pode fazer muito por cada um de nós, é preciso ter abertura de coração e confiar no Senhor. Ela usou sua capacidade intelectual para ajudar outros discípulos e servir ao Senhor no anúncio do Evangelho. Assim como o Senhor transformou a vida e história de Maria Maria, Ele é capaz de modifica também toda a nossa vida. “Se tu creres, verás a glória de Deus.
ELDINEI CARNEIRO
É natural de Santa Rosa do Tocantins, mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Laeteranense (Academia Afonsiana – Roma), mestrando em Direito Canônico pelo Instituto Superiores de Direito Canônico de Goiânia-GO, graduado em Filosofia, Teologia (Centro de Estudos Superiores Mater Dei de Palmas – TO/Seminário Divino Espírito Santo) e Direito (Unirg – Universidade de Gurupi- TO), sacerdote da Diocese de Porto Nacional-TO, pároco da Paróquia São José – Dianópolis – TO. É ainda membro da Academia Gurupiense de Letras (AGL). É assessor do Regional Norte 3 da CNBB (Campanhas e Comunicação).