Existem textos que quando o lemos, parece ter sido produzido por nós mesmos, pois retrata uma realidade profunda e vem ao encontro do que muitos já passaram, passam ou passarão.
Aproveitando o texto-desabafo postado por minha estimada prima Ana Regina Póvoa, no qual me incluo, tomo a liberdade de acrescentar alguns detalhes ao mesmo e publicar, sabendo que não é diferente para inúmeras pessoas gostariam de fazê-lo: Anos sofrendo dores constantes ou intermitentes e uma quantidade de mudanças físicas ou psicológicas sem razão ou motivos aparentes…
Até que um dia a pessoa encontra um bom profissional médico que esclarece ou pelo menos tenta fazê-lo, dentro dos limites de linguagem para um leigo.
Dois sentimentos vêm à tona: primeiro, aquele que você sente o alívio por descobrir finalmente qual a enfermidade que o massacra e o segundo, aquela interrogação: “Agora como enfrentar o que me espera?”
E a partir daí, a pessoa entende que todo dia enfrenta uma batalha a ser vencida.
Medicamentos diários e contínuos com seus inevitáveis efeitos colaterais, com raríssimas exceções e o aprendizado de conviver com uma farmácia inteira em cima da mesinha de cabeceira.
Se isso não bastasse, vem os incontáveis comentários indiscretos e sem propósitos: “Como você engordou?; “Coma isso ou aquilo, não vai te fazer mal”;
“E esse cabelo está horrível, caindo, tanto cabelo que você tinha”, “Olha essas manchas que apareceram no seu rosto”:”O que aconteceu com você, não se cuida mais?”
Tudo isso numa indiferença cruel, sem a mínima noção de que existem doenças silenciosas e invisíveis. E quando isso acontece a convivência com pessoa ignorantes e desinformadas torna-se, praticamente, intolerável. São pessoas que não entendem nem o que acontece com elas mesmas.
E perguntam: – Você foi ao médico? Você experimentou isso? Você experimentou aquilo? Sim e devemos continuar provando, experimentando e testando de tudo.
E acrescentam: Os médicos dizem que esta doença é para sempre. Que não há cura. No entanto, não se deve desistir. Mas é importante fazer as pessoas perceberem que a falta de ânimo, querer estar deitado(a), uma sexta diária não vai curar, mas sim, vai ajudar e muito. No entanto, muitos não entendem e não gostam que se durma tanto; Não há preguiça, mas sim medicamentos fortes e eles provocam muito sono, o dia todo, sem falar nas incontáveis noites em que não se dorme em função de determinada dor, tanto física quanto psicológica.
A tudo isso, some-se, em muitos casos, a luta diuturna com problemas de mobilidade, fadiga, cansaço extremo, além das críticas, muito duras, na maioria das vezes. E assim tentar ainda, manter o emocional equilibrado.
A parte mais frustrante é que muitos olham para a pessoa e dizem: “Não pode ser tão ruim, você parece bem”, apesar do fato de o corpo estar experimentando transformações e não demonstrar que ela está aqui, é uma doença invisível.
Repito, essa doença afeta física, mental e emocionalmente.
Procure antes de julgar, dar o seu apoio. Se a pessoa cair, ela não precisa que você a levante. Precisa, antes de tudo que você se deite no chão com ela até que tenha forças, vontade e ânimo para seguir em frente.
Doenças raras, auto-imunes não podem ser vistas e sim, sentidas. Elas estão por aí, atacando silenciosas e sendo extremanente dolorosas.
Sei que nem todos terão tempo para ler este texto, mas se você que está tendo a oportunidade de fazê-lo, segue a sugestão de repassa-lo aos mais próximos em homenagem e solidariedade a alguém conhecido ou não, que luta contra uma doença auto-imune, tal como Miastenia gravis; Hipotireoidismo (tireóide); Artrite Reumatóide; Diabetes; Fibromialgia;Crise de ansiedade; Asma crônica; Dor Crônica; Endometriose; Esclerose Múltipla; Hashimoto; Câncer; Hipertensão Pulmonar; Síndrome de Fadiga Crônica; Ansiedad; Depressão; Síndrome do pânico; Lúpus; Nevralgia do trigêmeos; Dores na coluna; Transtorno bipolar dentre tantas outras que não vemos. Eis aí o retrata de uma realidade silenciosa e invisível.
“Quem tem ouvidos que ouça, quem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com