“O Caráter e A Grandeza”, título do livro que faz um relato das habilidades e liderança de Wiston Churchill, grande líder britânico, diz: “a política é quase tão excitante quanto à guerra e quase tão perigosa também. Na guerra você pode morrer somente uma vez na política muitas vezes”.
O Tocantins nasceu de um desejo secular de mulheres e homens determinados a lutar e a conquistar esse sonho de criação do novo estado, mais justo, fraterno, igualitário, onde pudéssemos estimular a livre iniciativa e a justiça social.
A política, para alguns de nós, representa algo desagradável pela convivência venal dos políticos, mas, para tantos outros, significa a possibilidade de uma oportunidade de conseguir coletivamente as conquistas que não conseguiríamos sozinhos.
Quando criamos o Tocantins era um desejo coletivo de conquistarmos também Democracia, Igualdade, Solidariedade, Segurança e Prosperidade.
Podemos assim afirmar que temos democracia?
No estado, o abuso do poder politico e econômico tem sido prática indevida e excessiva para fins pessoais ou de grupos, em detrimento do interesse público. Isso pode caracterizar corrupção, favoritismo, coação e manipulação das eleições, desequilibrando os pleitos e maquiando as disputas, nas quais vota-se, mas não escolhe.
É importante que o poder político seja exercido de forma respeitosa e democrática para se evitar abusos e garantir a justiça e a igualdade. Assim se constrói o estado democrático de direito.
Podemos assim afirmar que temos igualdade?
O estado tem algo em torno de 70% da sua população inscrita no CadÚnico do governo federal, em renda classificada como pobres. Podemos afirmar assim que conquistamos a solidariedade?
O estado em que Indígenas e Quilombolas vivem na situação de abandono e extrema vulnerabilidade social e a nossa juventude sem muitas perspectivas de futuro. Podemos falar assim que conquistamos a segurança?
No estado em que o índice de estupros de vulneráveis com idade de 8 a 13 anos registrados na Secretaria de Segurança Pública, com vergonhoso aumento de estupros em 28%, quando se compara os anos de 2023/2024.
Quanto ao fator prosperidade, a resposta vai depender do foco e do olhar analítico. A verdade é que poderíamos estar bem melhor do que o momento que vivemos.
Observe dimensão que tomou os fatos da política partidária no Tocantins. Alguns líderes políticos de hoje falam com a maior desenvoltura sobre as conquistas e sonhos pessoais de detentores de mandatos já não se importam com os sonhos da juventude, das mulheres, dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Harmonia que se prega e a unidade que se deseja alcançar não são da sociedade como um todo, mas, sim, somente dos grupelhos dessa política subterrânea.
Verdadeiramente podemos assim afirmar não foi para isso que o Tocantins foi criado.
Fico observando algumas opiniões sobre o atual governo e, por incrível que pareça, vejo que o sentimento de luta de esperança e de conquistar o desenvolvimento plural e sustentável tem se esgotado em muitos dos líderes que no passado recente eram as colunas firmes no campo da labuta e das conquistas ao nosso povo.
Como falar de um governo que tomou posse em 11 de março de 2022, já se completaram três anos e dois meses? Pergunta-se: o que temos para apresentar de desenvolvimento estruturante dos nossos modais e dos nossos territórios (lembremos a ponte Porto Nacional, que, contratada e construída na sua maior parte pelo governo Mauro Carlesse, foi, na verdade, em parte finalizada pelo atual governo e pintada somente)? Por qual parâmetro de desenvolvimento podemos medir no social, na saúde, na educação, na segurança pública, no turismo, na cultura, no combate à pobreza, no combate à fome? Me respondam, por favor?
Aos que afirmam que é um governo de grandes lideranças, eu pergunto como foi o resultado das eleições municipais nas grandes cidades? Pelo que me parece, o governo perdeu na grande maioria delas.
Sinceramente, não consigo visualizar essa magnânima liderança do atual governo, alardeada por alguns dos nossos líderes políticos.
Mas compreendo muito bem esse jogo da política, uma faca de dois gumes. Promete resolver os assuntos e problemas, mas cria outros maiores ainda. Na verdade, são os falsos deuses da política e a única forma de enfrentá-los é discordando, criticando e divergindo no campo do debate democrático.
A esses seguidores, sugiro não se preocuparem. A resposta das urnas virão a galope vai e vai repetir o resultado das grandes cidades clamando por mudanças.
Não se preocupem. O governador senhor Wanderlei Barbosa, grande vitorioso em várias eleições, conquistando mandatos como vereador da capital, mandatos como deputado estadual, como vice-governador e atualmente como governador, tem também o seu filho deputado estadual e, como pretendente a conquistar um mandato de deputada federal, a sua esposa.
Será que poderíamos afirmar que o estado do Tocantins se tornou um estado Oligárquico? (oligarquia, a concentração de poder politico é exercido por grupos de famílias que controlam o governo e as decisões importantes).
O governador Wanderlei Barbosa, com mais de 36 anos de mandatos consecutivos, sinceramente, alguém de bom senso imagina que esse senhor vai ficar na planície sem um novo mandato? Já imaginaram o cidadão Wanderlei Barbosa sem mandato, sem salário do dinheiro público, garantido no final do mês farto e sem muito trabalho e esforço?
Não seja ingênuo e muito menos servil, pois a grandeza somente é importante quando ela vem acompanhada de um caráter Ilibado.
Na política tocantinense, lamentavelmente, há mais de uma década temos tido exemplos de empobrecimento de caráter e enriquecida de falsos deuses.
Daí não devemos solicitar grandeza desamparada do caráter. Devemos, na verdade, reclamar por atitude do povo, voltar à esperança e ir para trincheira da luta democrática para conquistarmos o Tocantins que perdemos, ou melhor, o Tocantins que ainda não conquistamos por completo.
A verdadeira conquista das transformações de um povo só é alcançada com atitudes e determinação de todos e de todas no campo do debate das ideias e da verdadeira cidadania.
Que Deus nos proteja e nos ilumine.
PAULO MOURÃO
Foi prefeito de Porto Nacional, deputado federal, deputado estadual e secretário de Estado