A Folha de São Paulo ouviu nesta quinta-feira, 24, os relatores das Operações Máximus e Fames-19 no Superior Tribunal de Justiça (STJ), os ministros João Otávio de Noronha e Mauro Campbell, respectivamente. O possível vazamento de informações sigilosas destes processos estão sob investigação após indícios levantados na Sisamnes, mais uma ação da Polícia Federal (PF) no Tocantins.
POSSÍVEIS VAZAMENTOS IDENTIFICADOS NA SISAMNES
Conforme repercutido pela CCT, a Operação Sisamnes relata uma conversa entre Thiago Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), com o agora desembargador afastado Helvécio de Brito Maia. Nela, o advogado sugere ter repassado ao tio informações da Fames-19 e antecipa ao magistrado a Máximus, deflagradas dois meses após o diálogo.

NORONHA QUER APURAÇÃO INTERNA
Em nota à Folha, o ministro João Otávio de Noronha afirmou desconhecer denúncias de vazamentos e que vai “solicitar ao presidente do STJ [Herman Benjamin] a apuração dos fatos apontados, a fim de que o assunto seja esclarecido e eventuais pessoas envolvidas sejam responsabilizadas”.
DEFESA DE WANDERLEI JÁ TINHA ACESSO AO INQUÉRITO, QUE AINDA NÃO TINHA INFORMAÇÕES SOBRE DILIGÊNCIAS DA FAMES-19
Já ministro Mauro Campbell afirmou ao veículo que não faria comentários específicos sobre a investigação tocada no âmbito do Supremo Tribunal Federal (STF), mas esclareceu que em junho de 2024 o acesso ao inquérito 1.650 já havia sido concedido à defesa de Wanderlei Barbosa havia mais de um mês —e que, nele, não havia informações sobre as diligências que deram origem à Operação Fames-19. “A operação foi autorizada pelo STJ em processo diverso. […] A defesa [do governador] em momento algum obteve prévio acesso, tomando conhecimento das diligências apenas na data do efetivo cumprimento da operação, ocorrido em 21 de agosto”, afirma. A manifestação casa com o que já foi dito pelo governador à CCT logo após a deflagração da Sisamnes.
ELEMENTOS DE CONVICÇÃO RELEVANTES FORAM ENCONTRADOS
Mauro Campbell ainda argumenta que os próprios resultados da operação indicam que Wanderlei Barbosa realmente não teve conhecimento prévio da investigação. “Tanto é assim que, por ocasião do cumprimento das ordens de busca e apreensão, foram apreendidos elementos de convicção relevantes para o aprofundamento das apurações, assim como considerável numerário em espécie, a comprovar que, em momento algum, quaisquer dos investigados tomou conhecimento antecipado das diligências que estavam em andamento, e que seriam futuramente cumpridas”, defendeu.