A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga aplicações temerárias do Instituto de Previdência Social de Palmas (PreviPalmas) recebeu na manhã desta segunda-feira, 22, o contador João Carlos Mansur, um dos acionistas da Reag Investimentos. O responsável por gerir o fundo do Cais Mauá por apenas dois meses em 2018 disse aos vereadores que renunciou ao projeto após a Operação Gatekeeper. “Diga com quem andas que direi quem tu és. A nossa postura foi porque a gente viu que não ia ficar bem nesta foto e preferimos ficar fora”, filosofou.
Em abril do ano passado, a Polícia Federal do Rio Grande do Sul deflagrou a Gatekeeper com o objetivo de apurar supostas fraudes em fundo de pensão do ICLA Trust, antiga administradora do Cais Mauá e que foi a empresa pela qual o PreviPalmas investiu os R$ 30 milhões no projeto gaúcho. “Quando houve a operação contra os antigos gestores, nosso comitê achou por bem declinar a administração e gestão do fundo. Até pelo caráter de seriedade que a gente construiu”, argumentou João Carlos Mansur.
A Reag Investimentos administrou o fundo do Cais Mauá apenas do fim de fevereiro a abril de 2018, período em que conteve apenas R$ 2 milhões livres dos R$ 4 milhões que tinham em conta devido a bloqueio judicial pedido pelo próprio PreviPalmas. O fundo chegou a levantar cerca de R$ 130 milhões. Apesar de ter ficado pouco tempo na gestão, João Carlos Mansur esclareceu que projetos de grande porte exigem gastos de 10% a 15% do valor total da obra antes mesmo do início das construções, o que explicaria a pouca quantidade de recursos no fundo na época.
No período em que administrou o fundo, João Carlos Mansur relata ter tido contato com o então presidente do PreviPalmas, Maxcilane Fleury, apenas uma vez, em março de 2018. O político teria feito uma visita técnica ao escritório da Reag Investimentos ao lado de Christian Zini e Públio Borges, ex-secretário de Finanças e ex-procurador-geral do município, respectivamente. “Eles foram perguntar sobre os investimentos no Cais Mauá. Reunião normal de conhecimento técnico”, resumiu o contador.
João Carlos Mansur ainda negou ter constatado qualquer ilegalidade quando assumiu a gestão do fundo. “Recebemos os atestados de regularidade do antigo gestor. Naquele momento não constatamos nenhuma irregularidade. Todos os investidores naquele momento estavam enquadrados”, garantiu.
No período da tarde a comissão ouviu, na condição de testemunha, o ex-sócio da Reag, Pedro Monteiro Matos, que declarou não ter conhecimento das aplicações do fundo de investimento por ter se desligado da empresa antes das operações realizadas pelo PreviPalmas.
Antes de encerrar a reunião, o presidente vereador Milton Neris (PP) confirmou que na segunda-feira, 29, às 9 horas, está agendado o depoimento da ex-presidente do PreviPalmas, Wally Aparecida Macedo Vidovix.
Confira a íntegra do depoimento de João Carlos Mansur: