O candidato a governador da coligação “A Verdadeira Mudança”, Carlos Amastha (PSB), abre a série de entrevistas que o CT publicará até domingo, 20, com os candidatos da eleição suplementar. O ex-prefeito de Palmas inicia avisando que, se eleito, quem quiser falar com o governador vai ter que procurá-lo dentro dos hospitais: “Vou despachar o primeiro mês dentro do HGP em Palmas e nos hospitais regionais. Quero entender para resolver” explicou.
Amastha disse que quer saber “qual é o mistério” da crise da saúde. “Porque não falta dinheiro para saúde”, assegurou.
O candidato afirmou que vai resolver a profunda crise financeira e fiscal do Estado “da mesma forma que uma família endividada ou uma empresa fazem”. “Primeiro, recuperar o crédito e a credibilidade, adotando uma postura responsável diante das finanças públicas. Resgatar os servidores, começando pela data certa do pagamento do salário”, pontuou.
Para isso, Amastha se comprometeu a não gastar com publicidade, viagens para congressos, shows de emendas parlamentares, sem antes colocar o pagamento dos servidores até o quinto dia útil.
LEIA MAIS
— CT publicará entrevistas com candidatos a partir de segunda-feira
Ainda sobre o funcionalismo, o ex-prefeito avaliou que, embora o Estado tenha uma máquina inchada, há déficit de serviços públicos em muitas cidades do interior. “Vamos conciliar isso. Remanejar pessoal, fazer o máximo de concursos possível”, afirmou.
Segundo ele, a meta é fazer o número de comissionados chegar ao que chama de índice aceitável, entre 6% e 8%. “Na prefeitura chegamos a ter 3% de comissionados. É perfeitamente possível”, garantiu.
[bs-quote quote=”Acho também que nenhum deles tem a paixão pelo Tocantins e pelos tocantinenses que eu tenho. Alguns deles sequer moram aqui, como é o caso do Marlon e do Mário Lucio. Vicentinho tem investimentos fora do Estado. Kátia sempre teve os olhos voltados para o Brasil e pouco para o Tocantins e o Carlesse conhece pouco a nossa realidade” style=”default” align=”left” author_name=”CARLOS AMASTHA” author_job=”Candidato da coligação A Verdadeira Mudança” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/05/60Amastha.jpg”][/bs-quote]
Mais investigado do TO
Amastha justificou a denuncia contra ele na Operação Nosotros, da Polícia Federal, pelo fato de ter sido “duro na cobrança do IPTU dos grandes devedores”. “Fui o gestor mais investigado da história do Tocantins e não tive nenhuma condenação”, afirmou o ex-prefeito. O caso ainda não está no Judiciário e, portanto, não houve decisão a respeito, mas Amastha e auxiliares diretos de sua gestão foram indiciados pela PF por corrupção passiva, associação criminosa e excesso de exação (cobrança irregular de impostos).
De toda forma, o candidato do PSB avaliou que o País vive uma “nova realidade da gestão pública”. “Se alguém estiver se candidatando, pensando em enriquecer no governo ou enriquecer sua família, vai sair de lá preso. E hoje não é só não roubar. É também não deixar roubar. Então, o gestor acaba tendo também essa função de fiscalizar toda a sua equipe”, avaliou.
Confira a seguir a íntegra da entrevista com Carlos Amastha:
CT — O governo do Tocantins deve R$ 1,3 bilhão para fornecedores, prestadores de serviços, consignados e Igeprev. Tem um passivo de mais de R$ 1 bilhão de direitos trabalhistas. Está desenquadrado em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), com quase 55% de comprometimento da Receita Corrente Líquida com a folha. Todos os últimos governadores prometeram uma mudança radical na vida do Estado, mas, ao assumirem, apenas reclamaram da “herança maldita”. Como se vê, já é totalmente conhecido o caos financeiro e fiscal do Tocantins. Se assumir o Palácio Araguaia, o sr. considera que ainda terá direito de se dizer surpreendido pelos números? E o que fazer diante de tamanho caos administrativo, financeiro e fiscal?
Carlos Amastha — Primeiro: é preciso lembrar que quem deixou o Estado nesta situação, não foi o governo, foram os governantes. Siqueira, Avelino (que deixou salários atrasados), Marcelo Miranda, Gaguim, Sandoval e o próprio Carlesse. Segundo: é preciso fazer uma auditoria séria nesta dívida. Revisar contrato por contrato. Esses anúncios em período eleitoral não são confiáveis. Eu acho que até que a situação seja pior.
Vamos resolver este problema da mesma forma que uma família endividada ou uma empresa fazem. Primeiro, recuperar o crédito e a credibilidade, adotando uma postura responsável diante das finanças públicas. Resgatar os servidores, começando pela data certa do pagamento do salário.
Desde já me comprometo a não gastar com publicidade, viagens para congressos, shows de emendas parlamentares, sem antes colocar o pagamento até o quinto dia útil. Ponto.
Com os servidores, com crédito, vamos trabalhar a arrecadação com estímulos à economia. É aumentando a arrecadação que vamos buscar o equilíbrio fiscal. Por fim, só gastar aquilo que se arrecada. É um processo, mas exige medidas urgentes e nós temos coragem de adotá-las.
CT — Os Poderes hoje recebem o duodécimo sobre o orçado e não o arrecadado. Têm os maiores salários, projetos milionários, empurram seus aposentados para a conta do Igeprev, aliviando seus orçamentos. O sr. pretende fazer uma conversa com os Poderes sobre a contribuição deles para solucionar a crise do Estado?
Amastha — Respeitamos a independência, mas em nome da harmonia vamos propor aos demais poderes um grande pacto de restauração da credibilidade do Tocantins. Como disse, sem credibilidade não se tira o Estado do buraco. Com o aumento da arrecadação, haverá o consequente aumento do duodécimo e o custeio de cada poder deverá ser equilibrado evitando as injustiças e distorções. Os mesmos sacrifícios que serão feitos pelo Executivo devem ser negociados para serem adotados pelos demais poderes, sem prejuízos aos serviços prestados à população.
CT — Uma das reclamações mais frequentes é sobre o excesso de nomeações de cabos eleitorais para atender deputados e conquistar apoio de todo o Estado. Como o sr. avalia essa preocupação e como pretende lidar com esta questão?
[bs-quote quote=”É bom que as pessoas entendam que não faltou dinheiro para a saúde do Tocantins. Faltou gestão, sobrou corrupção, como mostram os diversos processos e inquéritos envolvendo a saúde estadual, e sobraram interesses de grupos também. E claro, uma generosa dose de incompetência” style=”default” align=”right” author_name=”CARLOS AMASTHA” author_job=”Candidato da coligação A Verdadeira Mudança” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/05/60Amastha.jpg”][/bs-quote]
Amastha — Exatamente como lidei na Prefeitura de Palmas. Primeiro, só nomear o que for estritamente necessário para funcionamento da máquina pública. Embora o Estado tenha uma máquina inchada, temos ainda déficit de serviços públicos em muitas cidades do interior. Vamos conciliar isso. Remanejar pessoal, fazer o máximo de concursos possível. Assim chegaremos ao índice aceitável de comissionados que não deve passar de 6% a 8%. Na prefeitura chegamos a ter 3% de comissionados. É perfeitamente possível.
CT — Se eleito, o sr. terá um mandato de seis meses, apenas. A despeito de concorrer ou não em outubro, e considerando também as eleições ordinárias, o que dá para fazer em tão pouco tempo?
Amastha — Nós apresentamos um plano de emergência para esses 6 meses que está registrado no TRE. Tudo absolutamente exequível. Vamos retomar obras paradas, reforçar segurança, organizar o ensino de tempo integral, recuperar rodovias e buscar financiamentos. Lançar bases de um plano maior. Na saúde, nossa intervenção será drástica. Vou despachar o primeiro mês dentro do HGP em Palmas e nos hospitais regionais. Quero entender para resolver. Quem quiser falar com o governador vai ter que me procurar dentro dos hospitais. Quero saber qual é o mistério, porque não falta dinheiro para saúde.
CT — Cinco dos seis ex-governadores do Tocantins enfrentam graves problemas com o Judiciário. O Estado viu ex-governador sendo preso, conduzido coercivamente, suspeitas de desvios de milhões. Ou seja, o eleitor tem todo o direito de estar desconfiado. Como resgatar a confiança do eleitor na figura da maior autoridade do Estado nesse contexto?
Amastha — Os políticos precisam se dar conta que o Brasil mudou. Todo gestor será amplamente investigado. Não só pelo fez. Até pelo que pretende fazer. Passei por isso em Palmas. Fui investigado pelo BRT antes de sair um centavo para a obra. Fui denunciado na Polícia Federal porque fui duro na cobrança do IPTU dos grandes devedores. Fui o gestor mais investigado da história do Tocantins e não tive nenhuma condenação. Esta é a nova realidade da gestão pública no Brasil. Se alguém estiver se candidatando pensando em enriquecer no governo ou enriquecer sua família vai sair de lá preso. E hoje não é só não roubar. É também não deixar roubar. Então o gestor acaba tendo também essa função de fiscalizar toda a sua equipe. Eu não tenho compromisso com o erro e não compactuo com a má fé. Não tenho rabo preso com companheiros. Pisou na bola, vai para rua.
CT — Um dos problemas mais graves e urgentes do Estado é com a saúde. Morte de bebês cardiopatas, filas em hospitais, falta de remédio para pacientes de câncer, prédios de hospitais sucateados [caso do Dona Regina, que engenheiros dizem não ter condições para continuar como uma unidade hospitalar]. Diante da crise financeira e fiscal, comprometimento elevado da receita com pessoal, como dar dignidade ao cidadão que busca atendimento na área de saúde?
Amastha — É bom que as pessoas entendam que não faltou dinheiro para a saúde do Tocantins. O Estado gastou em média 27 por cento da receita com a saúde, enquanto a Constituição manda gastar 12. Faltou gestão, sobrou corrupção, como mostram os diversos processos e inquéritos envolvendo a saúde estadual, e sobraram interesses de grupos também. E claro, uma generosa dose de incompetência. Veja o caso da oncologia de Araguaína. Equipamento de radioterapia comprado desde 2013 e até hoje não foi instalado. Eu vou para dentro da saúde. Dentro dos hospitais e vou entender tudo. Tenho certeza que muito do que fizemos em Palmas pode ser aplicado no Estado.
Vou trabalhar com as prefeituras. Vamos acelerar a construção do Hospital do Câncer, ampliando a ajuda do Estado e mobilizando a sociedade e vou destravar todas as obras paradas.
Não vou trazer secretário de fora. Não vou nomear quem não entende de saúde. Não vou inventar a roda. Vou fazer o que precisa ser feito, ou seja: gastar o dinheiro da saúde com o povo doente.
CT — Como o Estado tem papel fundamental para a economia regional se movimentar, o que os fornecedores, que tem para receber R$ 344.850.827,99, podem esperar de sua gestão?
Amastha — O cofre público no Tocantins é o grande alimentador da economia. É uma realidade. O fornecedor público tem um papel grande no dinheiro que circula na capital e no interior. Precisamos inverter isso, mas, até lá, não podemos dar o calote. Como disse, o Estado precisa de credibilidade. Se não tem dinheiro para pagar todo mundo, vamos sentar e negociar. Se tem pouco, vamos dar um pouco para cada. O que não pode é privilegiar alguns fornecedores.
[bs-quote quote=”Os mesmos sacrifícios que serão feitos pelo Executivo devem ser negociados para serem adotados pelos demais poderes, sem prejuízos aos serviços prestados à população” style=”default” align=”left” author_name=”CARLOS AMASTHA” author_job=”Candidato da coligação A Verdadeira Mudança” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/05/60Amastha.jpg”][/bs-quote]
CT — As perdas do Igeprev com investimentos de risco em governos anteriores podem chegar a R$ 1 bilhão. Além disso, o Estado deve R$ 351.786.355,25 retidos dos servidores e do patronal e não repassados. Há um risco de ter que, no curto prazo, aumentar a contribuição do servidor para o instituto, ou logo o Igeprev se tornará deficitário e o Estado terá que complementar a folha. Como o sr. pretende lidar com essas questões, caso eleito?
Amastha — Tudo isso está sendo investigado e espero que os responsáveis sejam punidos. A previdência do servidor passa por um grande debate, inclusive em nível nacional. Precisamos aguardar a reforma da previdência que está parada para começar a repensar as previdências estaduais. O Tocantins é um estado novo, não deveria estar passando por uma crise porque a massa de aposentados ainda não é tão grande. Penso que o nosso problema é menor que o de outros Estados. A justiça vai fazer a parte dela, e a nova gestão deve fazer a sua, tendo uma gestão mais inteligente deste fundo com a participação direta dos servidores que são os donos do dinheiro.
CT — Há um déficit enorme de Policiais Militares na Corporação. O governo Marcelo Miranda preparou um concurso para mil policiais, mas os sindicatos defendem pelo menos 2 mil novas vagas. No entanto, novamente, volta o tema da crise financeira e fiscal. Na outra ponta, a violência é muito grande nos principais municípios, com números elevados de assassinatos em cidades como Araguaína e Gurupi. Droga por todos os municípios. Na Polícia Civil não é diferente: faltam policiais, delegados e as delegacias e viaturas são precárias. Como aliviar o clamor do cidadão por mais segurança, em meio à falta de recursos?
Amastha — Nesta minha viagem pelo Tocantins eu constatei que há cidades onde não há sequer um policial. Emergencialmente vamos destravar o concurso da PM que está parado. Há concursados da Polícia Civil aguardando convocação e ainda podemos auxiliar as prefeituras a criarem guardas civis. O exemplo da guarda municipal de Palmas pode ser replicado no interior com sucesso. Temos a tecnologia, homens treinados que podem ajudar os prefeitos. O Estado pode ceder viaturas até que essas guardas ganhem mais estruturas próprias.
Desta forma já conseguiríamos, rapidamente, aumentar a sensação de segurança da população. Outros problemas como as drogas exigem políticas públicas mais planejadas e intersetoriais. Temos boas experiências em Palmas e algumas iniciativas no interior, envolvendo igrejas e prefeituras. Vamos juntar tudo numa só estratégia, com recursos financeiros e humanos, além de estruturas físicas adequadas.
CT — Por que o sr. deve ser eleito e não seus adversários? Qual a sua diferença em relação a eles?
Amastha — Primeiro porque a maioria deles já teve oportunidade de contribuir com o governo e pouco fizeram. Dois senadores que se elegeram na sombra de governadores e tinham muito poder para influenciá-los. Do outro lado, temos profissionais do meio jurídico e um empresário com pouca experiência de gestão e habilidade para lidar politicamente, podendo comprometer os quatro anos de administração.
Eu era um empresário que administrava grandes estruturas e lidava com a burocracia e a política para levar adiante meus projetos. Depois que me tornei prefeito e me vi obrigado a cuidar do meio fio e ao mesmo tempo tocar adiante um projeto de energia solar para a cidade. Precisava debater com vereadores a aprovação de projetos e convencer bancos internacionais e bancadas no Congresso a aprovar recursos para a cidade. Isso faz de mim uma pessoa preparada. Mas não basta isso. Eu deixei projetos em Palmas que se encaixam perfeitamente no Tocantins e já cumpriram etapas espinhosas na sua implantação. Isso facilita muito, ganha tempo.
Por fim, acho também que nenhum deles tem a paixão pelo Tocantins e pelos tocantinenses que eu tenho. Alguns deles sequer moram aqui, como é o caso do Marlon e do Mário Lucio. Vicentinho tem investimentos fora do Estado. Kátia sempre teve os olhos voltados para o Brasil e pouco para o Tocantins e o Carlesse conhece pouco a nossa realidade. Se o Amastha já era bom em 2012, imagina agora em 2018, mais experiente, mais maduro, mais divertido e tranquilo.
“A VERDADEIRA MUDANÇA”
Governador:
Carlos Amastha (PSB)
Vice-Governador:
Célio Moura (PT)
Coligação:
PSB, PT, PTB, Podemos, PCdoB, PSDC