Ao anunciar sua pré-candidatura ao governo do Estado nesta terça-feira, 6, em coletiva à imprensa, o presidente da Assembleia Legislativa, Mauro Carlesse (PHS), também embarcou no debate maniqueísta de “nova” e “velha” política. No entanto, ao contrário de seu concorrente Carlos Amastha (PSB), o parlamentar se disse aberto a composições com toda e qualquer liderança política, inclusive com o ex-governador Siqueira Campos (DEM) e o atual chefe do Executivo, Marcelo Miranda (MDB). “Desde que se encaixe em nosso projeto e tire o ranço da velha política, de dizer ‘sou eu’. Se concordar que somos ‘nós’ e de estar todo mundo envolvido num bom projeto, por que não? Eu não tenho dificuldade nenhuma”, avisou Carlesse.
Ele disse que respeita todos os “políticos antigos” do Tocantins, mas critica o que avalia como vaidade desse grupo: “Tem que parar com essa vaidade de ‘eu fiz’, ‘eu fui o fundador’. Não fez de graça, todo mundo trabalhou”, corrigiu Carlesse.
O deputado ressaltou que a população quer mudança. “O povo precisa de mudança e nós estamos aí para isso. A palavra agora é ‘nós’, independente de antigo ou novo”, defendeu.
Ausência perceptível
Carlesse afirmou que tem conversado com todos as lideranças sobre a situação do Tocantins, mas não tem “preferência” por nenhum grupo específico. Sem citar nomes, ele disse que está contando com o apoio de alguns parlamentares. Entretanto, ainda não há nenhuma aliança definida.
Foi, inclusive, uma ausência perceptível na coletiva de Carlesse. Com seu nome fortalecido pelos deputados estaduais que o elegeram presidente do Legislativo nos primeiros meses de mandato, nenhum deles compareceu ao anúncio da pré-candidatura do humanista.
Depende de datas
Carlesse afirmou que as alianças que pretende fazer dependem de algumas datas. “Vamos esperar definir quem serão realmente os pré-candidatos, porque tem alguns deputados estão comigo, mas dependem dos seus partidos. De repente, algum pretende ser candidato. Então, a gente tem que esperar um pouco”, argumentou o parlamentar.
Questionado sobre as chances de deixar a disputa pela cadeira do Palácio Araguaia para compor com outro grupo, ou para se candidatar a outro cargo, Carlesse assegurou que não existe essa possibilidade. “Eu sou candidato a governador e isso já está definido”.
Velha política X Nova política
Durante a coletiva, o deputado estadual comentou sobre o termo “velha política”, que frequentemente é utilizado pelo também pré-candidato ao governo estadual, o prefeito de Palmas Carlos Amastha, para criticar os políticos tradicionais do Estado.
Para Carlesse, a “velha política” possui “vícios do [político] voltado para si próprio, do ‘eu sou o melhor’, do ‘eu sou o cara’”. Enquanto que a “nova política”, defendeu, está voltada para o “nós”. “É toda a população envolvida junta num projeto só”, opinou o presidente do Legislativo.
Apesar das colocações, o pré-candidato disse não acreditar que uma possível aliança com as lideranças tocantinenses tradicionais possa prejudicar sua eleição. Segundo ele, é impossível “eliminar a história do Estado”.
“Quando um político tradicional subir no nosso palanque ele estará apoiando um candidato que tem um projeto, não estará levando o nome dele, estará acompanhando um nome em quem ele acredita. Acho que o que vai acontecer é uma união e eu tenho condições de unir esse povo de forma positiva para o Estado. Eu estou andando aqui porque alguém fez este Estado. Agora, eles não deram continuidade, o projeto deles foi limitado, então, é aí onde o ‘novo’ precisa mudar”, disse.
Motivação
Carlesse ingressou há poucos anos na política, cumpre seu primeiro mandato no Legislativo e já pretende disputar uma eleição para o cargo a governador. A motivação, segundo ele, vem da sua experiência como empresário.
“Eu vejo que o Tocantins tem jeito. Como empresário, eu vejo uma possibilidade muito grande de mudar este Estado. Estou colocando meu nome à disposição porque nós temos projetos para melhorar o Estado e a vida da população, em muito pouco tempo”.
Plano de governo
O presidente da Assembleia Legislativa disse que está realizando visitas aos municípios tocantinenses e, com a colaboração de uma equipe de técnicos, busca elaborar um plano de governo. Segundo o pré-candidato, esse projeto vai contemplar todo o Estado.
“Nós estamos construindo um projeto para todos os municípios, para o Estado todo. Não é para beneficiar Palmas e esquecer que Gurupi, Peixe, o Bico do Papagaio estão precisando. Um candidato a governo não pode ter região, ele tem que olhar para o Estado. E nós estamos fazendo um projeto para o Estado todo”, garantiu.
Segundo Carlesse, a linha prioritária do seu plano de governo é o municipalismo. Para ele, é importante que a gestão estadual realize um trabalho conjunto com as prefeituras de forma produtiva. “Fazer com que as cidades tenham suas próprias indústrias, seu próprio comércio e, com isso, fazer com que o Estado melhore”.
Lançamento
O lançamento oficial da pré-candidatura de Mauro Carlesse será feito em Gurupi, no dia 23; em Araguatins, no dia 2 de março; e, em Palmas, no dia 9 de março.
Trajetória
Ex-presidente do Sindicato Rural de Gurupi, Carlesse estreou na política partidária em 2012, quando disputou e perdeu a prefeitura da cidade para o atual prefeito, Laurez Moreira (PSDB).
Em 2014 chegou ao primeiro mandato eletivo pela Assembleia Legislativa. Em meados de 2015 já foi eleito presidente Casa, cargo que assumiu em fevereiro do ano passado, com discurso de independência em relação ao Palácio Araguaia.