Em desvantagem na corrida eleitoral de 2022, o presidente Jair Bolsonaro discursou nesta terça-feira, 20, na Assembleia-Geral da ONU e adotou um tom menos agressivo que nos anos anteriores, mas aproveitou o palco das Nações Unidas para defender seu governo.
“Temos a tranquilidade de quem está no bom caminho. O caminho de uma prosperidade compartilhada. Compartilhada entre os brasileiros e, mais além, compartilhada com nossos vizinhos e outros parceiros mundo afora”, declarou o mandatário.
Durante o pronunciamento de 20 minutos, Bolsonaro falou sobre redução do preço dos combustíveis, desemprego, inflação, auxílio emergencial e combate à pandemia de Covid-19.
“Quando o Brasil se manifesta sobre a agenda da saúde pública, fazemos isso com a autoridade de um governo que, durante a pandemia da Covid-19, não poupou esforços para salvar vidas e preservar empregos”, disse o presidente, que fez campanha aberta contra a vacinação durante a crise sanitária e chegou a afirmar que o Brasil não poderia ser um “país de maricas”.
Ao falar sobre a guerra na Ucrânia, Bolsonaro repetiu o pleito histórico do Brasil de “reformar” a ONU e pediu “soluções inovadoras para o Conselho de Segurança”, mas sequer mencionou a Rússia.
Também houve espaço para a pauta de costumes, aposta do presidente para mobilizar o eleitorado de extrema direita. “Outros valores fundamentais para a sociedade brasileira, com reflexo na pauta dos direitos humanos, são a defesa da família, do direito à vida desde a concepção, à legítima defesa, e o repúdio à ideologia de gênero”, acrescentou.
Bolsonaro ainda mencionou as manifestações do dia 7 de setembro, quando parte de seus apoiadores defendeu pautas antidemocráticas, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e intervenção militar.
“Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, Pátria, família e liberdade”, disse o mandatário, citando seu lema de campanha.
Atrás de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas, Bolsonaro ainda afirmou ter “extirpado” a “corrupção sistêmica”. “Somente entre o período de 2003 e 2015, onde a esquerda presidiu o Brasil, o endividamento da Petrobras por má gestão, loteamento político e desvios, chegou à casa dos US$ 170 bilhões. O responsável por isso foi condenado em três instâncias por unanimidade”, afirmou.
De acordo com a última pesquisa Ipec, Lula tem 47% das intenções de voto para presidente, contra 31% de Bolsonaro. Em termos de votos válidos, o petista chegaria a 52%, resultado que lhe daria vitória no primeiro turno.