O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, elogiou a China durante a reunião dos líderes do Brics nesta quinta-feira, 9, e destacou a importância do país no desenvolvimento de vacinas anti-Covid.
“Esta parceria se tem mostrado essencial para a gestão adequada da pandemia no Brasil, tendo em vista que parcela expressiva das vacinas oferecidas à população brasileira é produzida com insumos originários da China”, disse no encontro.
Além de Xi Jinping, a reunião virtual contou ainda com a participação do presidente da Rússia, Vladimir Putin, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
A fala de Bolsonaro destoa das constantes críticas feitas pelo mandatário ao longo do último ano contra as vacinas do país e que, inclusive, atrasou o envio de insumos para a produção das vacinas CoronaVac, que é feita no país pelo Instituto Butantan, e a Vaxzevria, feita pelo Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Além disso, o presidente chegou a insinuar que a China poderia ter criado o coronavírus Sars-CoV-2, em um discurso em maio deste ano.
Documento final
A longa declaração formal do encontro foi assinada pelos cinco presidentes e destaca os 15 anos de formação do Brics e a pandemia de Covid-19.
“A pandemia de COVID-19 vem causando imensuráveis danos políticos, econômicos e sociais em todo o mundo por quase dois anos. Expressamos nossa solidariedade e profundas condolências às vítimas da pandemia, incluindo aquelas cujas vidas e meios de subsistência foram afetados. Instamos a uma melhor preparação internacional e a uma cooperação reforçada para combater a pandemia e outros desafios de saúde atuais e futuros, por meio da mobilização de apoio político e dos recursos financeiros necessários”, destaca um trecho.
Os líderes pontuam que a comunidade internacional “tem a responsabilidade coletiva de trabalhar em conjunto contra a pandemia COVID-19 no verdadeiro espírito de parceria dentro das estruturas internacionais existentes, incluindo a OMS” e também que é preciso haver cooperação “no estudo das origens do Sars-CoV-2”.
“Apoiamos processos baseados na ciência, que incluam conhecimento amplo e sejam transparentes e tempestivos, livres de politização ou interferência, para fortalecer as capacidades internacionais para entender melhor o surgimento de novos patógenos e para ajudar a prevenir futuras pandemias”, dizem os líderes em referência à investigação.
Ressaltando a máxima da Organização Mundial da Saúde, o Brics reitera que “ninguém está seguro até que todos estejam seguros” e apoia a quebra temporária das patentes sobre os imunizantes.
Além da China, Rússia e Índia também produzem fórmulas contra a Covid-19 já em uso por suas populações.
O texto ainda defende o sistema multilateral e a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Comprometemo-nos, portanto, a fortalecer e reformar o sistema multilateral para tornar a governança global mais responsiva e ágil, eficaz, transparente, democrática, representativa e responsável perante os Estados membros, ao mesmo tempo em que reiteramos nosso compromisso com a defesa do direito internacional, incluindo os objetivos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas como seu fundamento indispensável, e com o papel central das Nações Unidas em um sistema internacional”, pontuou ainda.
O documento fala dos conflitos e guerras regionais que estão ocorrendo no mundo e expressa “preocupação”, reiterando “a inadmissibilidade da ameaça ou do uso da força contra a integridade territorial ou independência política de qualquer Estado”.
“Acompanhamos com preocupação os últimos desenvolvimentos no Afeganistão. Instamos à abstenção da violência e à resolução da situação por meios pacíficos. Enfatizamos a necessidade de contribuir para a promoção de um diálogo inclusivo dentro do Afeganistão, de modo a garantir a estabilidade, a paz civil, a lei e a ordem no país”, diz ainda.
Os líderes ainda pontuaram seu compromisso com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e destacam que observam “com preocupação que a pandemia Covid-19 interrompeu os esforços para cumprir a Agenda 2030 e reverteu anos de progresso em questões de pobreza, fome, saúde, educação, mudança climática, acesso a água potável e proteção ambiental”.