Desta terça-feira, 21, até o dia das eleições, em 7 de outubro, são apenas 48 dias. Os programas eleitorais de rádio e TV começam no dia 31, e serão apenas 16 voltados para os candidatos a governador, disputa que tem todos os holofotes. Pouco em relação a um passado não tão distante em que se começava a digladiar em meados de agosto. Contudo, para um Estado que já vem de uma eleição suplementar, esses 48 dias são uma eternidade.
Tenho conversado muito com candidatos, eleitores e coordenadores de campanha nesses últimos dias, e a impressão é que todo mundo está esgotado, no limite e sem paciência até para discutir eleições. Parece que passamos o ano todo num processo que não acaba nunca.
[bs-quote quote=”Nas redações, o que começa a chegar são os mesmos releases e aquela sensação de déjà vu. Parecem copiados e colados da eleição suplementar e reenviados aos veículos de comunicação” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Este é mais um ingrediente para que os candidatos tardem a colocar as caravanas nas ruas com toda força. Os governistas querem adiar o máximo possível. Os demais, lentamente, vão dando corpo a uma campanha eleitoral que chega às cidades envelhecida, com cheiro de naftalina, o repeteco de uma novela enjoativa, com discursos e propostas iguais, com mais do mesmo de sempre.
Sobretudo pela configuração das campanhas que saíram das convenções. Como a coluna já afirmou, ao contrário da suplementar, não há novidade neste “terceiro turno”. Os que se diziam novos se misturaram tanto aos antigos que quando olhamos panoramicamente o que vemos é uma massa homogênea, de um cinza melancólico, em que nada se destaca. Estas eleições, para ser sincero, dá até preguiça.
Nas redações, o que começa a chegar são os mesmos releases e aquela sensação de déjà vu. Parecem copiados e colados da eleição suplementar e reenviados aos veículos de comunicação.
Com o desgaste geral, as próprias lideranças se mostram exauridas, e se deixam levar pela via mais óbvia, a atração da máquina, que já corre o risco de emperrar diante de tanta matéria-prima que chega para processar, empacotar e colocar no mercado para pedir votos.
Assim, esvaziados, os demais concorrentes, que vêm de uma eleição em que deram tudo, tentam encontrar adjetivos novos para si, substantivos que deem força às propostas de sempre, mas deixam transparecer que já não há mais nada mais a dizer. Tudo é um enfastiante “não vale a pena ver de novo”.
No fundo, acho que situação e oposição torcem para que todo esse castigo acabe logo, num seja o que Deus quiser.
Enquanto essa mesmice se arrasta dia a dia, pelo menos a eleição de Senado tende a animar um pouco o ambiente, um passatempo mais atrativo. A saída do ex-governador Siqueira Campos (DEM) deu um algum ânimo à corrida pelas duas cadeiras, igualou todos os postulantes e esse nivelamento tende a tornar o processo mais interessante.
A eleição proporcional é fogo de monturo, que vai queimando baixo sob os montes. Só vemos uma leve fumacinha. Então, depois das urnas, vem a surpresa, quando delas saem vencedores nomes dos quais pouco ouvimos falar. A disputa pelo Legislativo é intensa, mas nas periferias, longe dos holofotes.
Estas são as eleições de 2018 para um Estado fadigado por uma crise que se aprofunda a cada ano, por um governo descomprometido que sai para dar vez a outro igual; que ouve os mesmos discursos de sempre, proferidos por líderes que eram tidos por novos mas envelheceram em menos de dois meses, com um eleitorado que já não diferencia os produtos que estão menu e, por isso, tende a preferir se levantar e ir dormir sem nada escolher.
É esse eleitor que quer que os eternos 48 dias que restam até 7 de outubro passem muito rápido. Sobre o resultado, para ele, a esta altura, depois de tudo que viu, tanto faz.
CT, Palmas, 21 de agosto de 2018.