Pessoas muito próximas do ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) contam que o candidato a vice-prefeito que ele queria para a sua chapa em 2016 era o então secretário de Infraestrutura, Luiz Teixeira, atualmente secretário executivo na Fundação Cultural de Palmas. Contudo, houve resistências na época no comando regional do PSDB, então partido de Teixeira, e foi aí que o também secretário do governo, amigo de Amastha e integrante do que se convencionou chamar de República de Florianópolis, Marcílio Ávila, sugeriu o nome da tucana Cinthia Ribeiro.
[bs-quote quote=”Amastha parece não perceber que é importante neste momento dar o espaço que Cinthia precisa para governar. Ou percebe muito bem?” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Cinthia foi uma vice que lembrava muito seu congênere na Presidência da República, no governo Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel: discreta, companheira e sempre disposta a cumprir as missões que lhe eram dadas. É a melhor figura de vice, o que fica muito bem na sombra, não quer tomar e respeita o espaço que não lhe pertence. E isso não está sendo recíproco agora.
O tempo passou, Amastha renunciou ao mandato por livre e espontânea vontade, passou o comando do Paço em definitivo para Cinthia e foi para a sua aventura eleitoral. Dessa forma, a despeito da polêmica gerada pela visita que fez aos dois primeiros-ministros do governo Cinthia, se teve escolta da Guarda ou não, se assedia secretários ou não, é hora de o ex-prefeito entender que precisa deixar sua sucessora governar. É necessário compreender que sua presença, pelo fato de ter estado até recentemente no cargo, gera um desconforto à gestão, atrapalha a administração e é vista no Paço como uma tentativa de tirar a autoridade da prefeita diante de seus comandados.
Afinal, Amastha está na prefeitura, visitando secretários e cumprimentando ex-auxiliares por que ainda tem o poder de mando? Cinthia exerce, portanto, a função de preposta dele? São questões que emergem, gera confusão entre os liderados da prefeita e burburinhos por toda a sociedade, já que essas visitas reverberam e chegam na ponta com as versões mais díspares. E tudo isso vai contra todo o esforço da nova gestão de se consolidar e ganhar voo próprio.
Ou é esta justamente a intenção do ex-prefeito? Se não é, por que da insistência de passar a impressão de que é uma espécie de eminência parda no governo de Palmas?
Além disso, é um desrespeito à própria decisão da prefeita de se descolar da imagem de Amastha para assumir de fato o mancho e comandar o município nestes dois anos que restam de gestão, com muitos desafios e dificuldades, sob os estragos, inclusive, deixados pelo governo de seu antecessor. As pedaladas de R$ 36 milhões que têm atrapalhado a vida da administração da Capital, por exemplo.
Talvez por inexperiência política, ao não entender que sua presença no Paço simboliza uma tentativa, ainda que involuntária, de interferência na administração da sucessora, Amastha parece não perceber que é importante neste momento dar o espaço que Cinthia precisa para governar. Ou percebe muito bem?
Afinal, a prefeita não o obrigou a renunciar, o que o fez por vontade própria. E, ao fazê-lo voluntariamente, precisa ter a grandeza de arcar com as consequências, que não incluíam apenas o risco de perder as eleições, mas também deixar em definitivo a gestão da qual abriu mão por arbítrio próprio e respeitar o direito do outro de continuar o que ele interrompeu.
CT, Palmas, 21 de novembro de 2018.