Um fenômeno interessante destas eleições estaduais são os “adultérios eleitorais”. Ninguém é de ninguém. Os prefeitos e vereadores dos candidatos a senador da oposição defendem a reeleição de Mauro Carlesse (PHS). Se de um lado, isso pode atrapalhar os senadores do Palácio, de outro, é bom demais para o governador.
A origem de toda essa infidelidade está nas composições que os candidatos a governador da oposição fizeram e que não lhes deram nenhum benefício. Como a coluna tem insistido, Ataídes Oliveira (PSDB) e Vicentinho Alves (PR), no lado de Carlos Amastha (PSB), e Irajá Abreu (PSD), do lado de Márlon Reis (Rede), conseguiram as vagas que queriam para disputar o Senado, mas seus líderes só estão com eles, não pedem voto para seu cabeça de chapa.
[bs-quote quote=”Sem poder atacar o Palácio, os senadores oposicionistas prejudicam seus candidatos a governador, já que, pela larga vantagem que a série de pesquisas tem mostrado a Carlesse, a força político-eleitoral de Vicentinho, Ataídes e Irajá seria uma ajuda mais do que imprescindível nestas últimas duas semanas de eleições” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
São vários os motivos: porque já estavam com o governador na suplementar, não gostaram dos xingamentos de Amastha à “velha política”, não têm relação nenhuma com Márlon Reis e por aí vai. O fato é que o Palácio Araguaia, ao fazer ouvidos moucos e aceitar o “pega geral”, prejudica seus candidatos ao Senado. No entanto, engessa os postulantes da oposição.
Como um candidato a senador da oposição vai a um comício organizado por prefeito que está com Carlesse para atacar o Palácio Araguaia? Não dá. Sobre o que pensa do governo, esse senadoriável subirá calado ao palanque e descerá mudo.
Da mesma forma, como vai para a TV e rádio atacar a gestão estadual com quase todos os seus cabos eleitorais mais importantes pedindo voto para a reeleição de Carlesse? Não vai. Cuidará de sua candidatura e seu candidato a governador que se vire na briga pelo Palácio.
Por isso, as críticas que estão sendo feitas pelos senadores, quando ocorrem, são genéricas, sem nome, endereço e CPF. É do tipo “temos que mudar a política do Estado”, “temos que acabar com a corrupção” e coisas desse gênero sem um significado claro.
Sem poder atacar o Palácio, os senadores oposicionistas prejudicam seus candidatos a governador, já que, pela larga vantagem que a série de pesquisas tem mostrado a Carlesse, a força político-eleitoral de Vicentinho, Ataídes e Irajá seria uma ajuda mais do que imprescindível nestas últimas duas semanas de eleições. Eles ocupam tempo nobre de rádio e TV, espaços privilegiados em palanques, possuem uma enorme capilaridade, mas nada disso pode ser colocado à disposição do cabeça de chapa de suas coligações. Volta a perguntar: o que Amastha e Márlon ganharam com essas composições?
Em todas eleições passadas, os candidatos a senador foram fundamentais para os governadoriáveis. Kátia Abreu (PDT), em 2014 e 2006, teve papel importante, com seu discurso firme e duro, para a eleição de Marcelo Miranda. Da mesma forma, Eduardo Siqueira Campos (em 2006), João Ribeiro e Vicentinho (em 2010) nas últimas campanhas de Siqueira Campos.
No entanto, em 2018, os postulantes ao Senado optaram por cuidar das próprias vidas. Inclusive, a movimentação das campanhas dão a impressão de que não existe coligação, mas candidatos avulsos. Amastha e Marlon fazem campanha solo, seus senadoriáveis correm para outro lado do Estado e parece que nunca se encontram. Mesmo quando estão na mesma região não se vê uma foto deles juntos.
Estas são as campanhas mais estranhas que já cobri.
CT, Palmas, 24 de setembro de 2018.