A crise que envolve a BRK Ambiental se alastra feito rastro de pólvora pelo Estado. Já são quatro câmaras de cidades importantes do Tocantins que se movimentam em torno de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI). A Capital aprovou decreto legislativo extinguindo dois aditivos ao contrato com o município, a Agência de Regulação de Palmas (ARP) teve a competência reconhecida pelo TJ para fiscalizar a empresa e disse que vai realizar seu trabalho “com força total”.
[bs-quote quote=”A comunicação eficiente da Odebrecht Ambiental foi substituída por um silêncio tóxico pela sua sucessora, a BRK Ambiental, da americana Brookfield Business Partners LP. A empresa não se pronuncia e, com isso, deixa as informações contrárias ganharem força” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Vereadores e o prefeito Adriano Rabelo (PRB), de Colinas, cobram explicações, e, por fim, diante deste cenário todo, a Seccional Tocantins da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-TO) avisou que entrará na discussão na reunião do conselho estadual de sexta-feira, 7. Até agora a única resposta que a BRK Ambiental deu para a sociedade foi um desdenhoso silêncio.
Responsável pelo serviço antes da atual concessionária, a Odebrecht Ambiental sempre manteve um intenso trabalho de relações públicas com a sociedade. Havia uma demonstração de vontade de explicar e até de se antecipar aos fatos, medidas próprias das ações de prevenção de crises de imagem, o que era muito positivo.
Na época em que alguns deputados estaduais ciscavam com suas ameaças de abrir investigação contra a empresa, rapidinho os agentes da Odebrecht Ambiental já estavam procurando os jornalistas e explicando as supostas irregularidades apontadas. Com isso, a imprensa, municiada com informações concretas, acabava tendo subsídios suficientes para não embarcar numa aventura de um ou outro parlamentar. Isso resultava no enfraquecimento das tentativas deles, que tinham mesmo um cheiro de “coisa esquisita”.
No entanto, essa comunicação eficiente da Odebrecht Ambiental foi substituída por um silêncio tóxico pela sua sucessora, a BRK Ambiental, da americana Brookfield Business Partners LP. A empresa não se pronuncia e, com isso, deixa as informações contrárias ganharem força. Pior: isso se espalha por todos os 47 municípios que atende e agora vai se transformando em ações concretas contra ela. Por que desse silêncio? No dito popular, quem silencia, consente. É o caso?
A serviço de saneamento é fundamental para a sociedade, uma vez que interfere na sua saúde da população e ainda no seu desenvolvimento econômico. Por isso, os temas que envolvem o setor chamam tanto a atenção da imprensa, ainda mais quando, contra a empresa responsável, começam a surgir suspeitas diversas e graves, e ela se cala. Meses e meses de suspeição no ar e um silêncio absurdo. Sinceramente, não dá para entender.
Ninguém tem interesse em prejudicar a BRK. Ao contrário, queremos a empresa fortalecida e em condições de prestar um serviço de excelência na área de saneamento. Se isso ocorrer, todos ganham: a concessionária e os cidadãos.
No entanto, o ingrediente fundamental dessa fórmula é a transparência, que exige, como no período da Odebrecht Ambiental, uma comunicação eficiente, pró-ativa, antecipando-se à crise.
É justamente por falta dessa antecipação que as tribulações da empresa estão se alastrando como rastro de pólvora.
A BRK Ambiental está pecando pelo silêncio.
CT, Palmas, 3 de junho de 2019.