No início da tarde dessa quinta-feira, 19, uma antiga e confiável fonte do CT contou que o ex-prefeito de Palmas e pré-candidato a governador do PSB, Carlos Amastha, recebeu, por volta das 10 horas, uma ligação do ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB). Na conversa, o tucano se mostrou feliz com a decisão do senador Ataídes Oliveira de levar o PSDB para a campanha do ex-prefeito, garantiu que também dará seu apoio e aproveitou para pedir que Amastha colocasse o senador Vicentinho Alves (PR) na chapa majoritária.
[bs-quote quote=”Vivemos um período de intensa movimentação de bastidores, quando de tudo acontece, mas nada é dito publicamente. Porque uma informação pode atrapalhar articulações, gerar um constrangimento e até inviabilizar uma pré-candidatura” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Vivemos um período de intensa movimentação de bastidores, quando de tudo acontece, mas nada é dito publicamente. Porque uma informação pode atrapalhar articulações, gerar constrangimentos e até inviabilizar uma pré-candidatura. Por isso, ninguém fala abertamente com os jornalistas, só quando toda a negociação está concluída. Assim, a imprensa precisa ter boas fontes se quiser manter seu público bem informado sobre os rumos da política. A ligação de Marconi para Amastha é um caso típico.
Falei com outra fonte próxima do ex-prefeito e ela confirmou o que a outra tinha dito: Marconi ligou por volta das 10 horas, se mostrou feliz com o PSDB fechado com Amastha e pediu espaço para Vicentinho. Pronto. Não havia mais dúvidas. Dois informantes diferentes, confiáveis e um sem saber do outro ou o que o outro disse confirmaram o mesmo fato. Publiquei.
O assunto gerou intensos debates nas redes sociais e, no final do dia, diante da repercussão, começaram a surgir os desmentidos. Vicentinho disse que “nunca houve qualquer tratativa sobre os assuntos do Tocantins”.
O mais interessante foi o ex-prefeito Carlos Amastha: ele confirmou a ligação de Marconi revelada pelo CT, mas disse que “não tocou no nome de Vicentinho, apenas falou de outros assuntos”. Ou seja, Marconi, então, realmente ligou para ele. Para falar sobre o quê?
As relações políticas dessas grandes personalidades são essencialmente funcionais. Elas têm uma vida extremamente corrida, uma agenda repleta de compromissos, assim, não há tempo para perder. Se ligam para algum político, ainda mais para um com o qual não tem uma relação de intimidade, como é o caso, não é para jogar potoca fora, mas com um objetivo muito claro e por uma missão que assumiu com alguém, que pede uma intervenção e o líder atende, porque, pragmaticamente, essa contribuição pode ser útil lá na frente ou por já ter sido ajudado de alguma forma lá atrás.
Contudo, na versão de Amastha, Marconi “apenas falou de outros assuntos”. Diante dessa declaração, este colunista passou a pensar qual, então, assunto que faria o ex-governador de Goiás interromper sua agenda para ligar para o ex-prefeito de Palmas, considerando a vida agitadíssima de Marconi, coordenador que é da campanha presidencial do colega tucano Geraldo Alckmin, num momento de turbulência política e num dia agitado que terminou com o apoio dos partidos do “Centrão” ao PSDB.
Se não foi para falar da política tocantinense só pode ter sido para passar a receita de torta creme que aprendeu no programa de Ana Maria Braga.
Imagino, então, Marconi ensinando Amastha: “Olha, ex-prefeito, bata os ovos por uns cinco minutos na batedeira até triplicar o volume. Ah, e parabéns por aceitar o PSDB em sua coligação! Vai triplicar seus votos e dar mais volume à sua campanha do que esses ovos à nossa massa! Mas, continuando com a receita, aos poucos e sem bater, incorpore o creme de avelã com um batedor de arame, o fouet, até ficar homogêneo. Por fim, misture as nozes. Amastha, incorpore também o Vicentinho à sua chapa, amigo! Essa mistura vai dar consistência à sua campanha, pense nisso com carinho! Ah, sim, nossa torta: despeje em fôrma de fundo removível, de 22 cm de diâmetro por 7 cm de altura, untada e polvilhada com chocolate em pó e com a lateral forrada com papel-manteiga. Em seguida, leve ao forno médio preaquecido, a 180 ºC, por cerca de 40 minutos ou até firmar. Faça o teste do palito, e faça o teste também com os aliados do Vicentinho. Vai ver como ele vai aquecer a sua campanha. Mas, sim, a receita: depois, desenforme morna e sirva com a calda de chocolate e, se desejar, com sorvete de creme. Para a calda, prefeito, leve os ingredientes ao fogo baixo, mexendo sempre, por uns dez minutos ou até engrossar. Mas quem vai engrossar mesmo sua candidatura é essa mexida com o Vicentinho. Misturado com o Ataídes e o PSDB, vai dar um sabor incrível!”
Por fim, se despediram, Marconi esqueceu de sua paixão, a culinária, e voltou a cuidar da difícil negociação com o Centrão, que acabou bem-sucedida e ele, motivado pela conversa com Amastha, até pensou em fazer uma torta creme para comemorar.
CT, Maringá (PR), 20 de julho de 2018.