A presidente da Assembleia, deputada Luana Ribeiro (PSDB), teve a feliz iniciativa de lembrar os 30 anos do Tocantins numa solenidade na terça-feira, 20, que reuniu o governador Mauro Carlesse (PHS), chefes de Poderes e ilustres personalidades devidamente homenageadas pelos relevantes serviços que prestaram ao Estado ao longo dessas décadas.
[bs-quote quote=”Essa é a faceta perversa da crise fiscal, que, num primeiro olhar parece restrito à esfera pública e que não interfere a vida do cidadão: tira-se recursos que deveriam assistir à população com saúde, educação, segurança, infraestrutura e programas sociais para apenas manter a boa existência do próprio Poder Público” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Luana salvou uma efeméride, que, diante das imensas dificuldades em que o Poder Público jogou o Estado, quase passa despercebida. A única lembrança, fora a da presidente da AL, foi a do Sebrae, numa oportuna iniciativa de seu superintendente, Omar Hennemann, que realizou vários importantes eventos para marcar o que deveria ter sido uma enorme festa pelos 30 anos por todo este 2018.
Infelizmente, isso não ocorreu, uma vez que o Tocantins começou o ano novamente sob a cassação de um governador totalmente engessado por uma crise de fundo histórico. Assim, ao invés de grandes eventos que exaltassem este Estado maravilhoso, cheio de oportunidades, que apontassem para um futuro alvissareiro, vivemos três eleições estaduais — duas suplementares, em primeiro e segundo turno; e uma ordinária, quando os tocantinenses já não aguentavam mais ver o Poder Público e a economia paralisados por conta desse impasse político.
Por isso, e considerando a origem dessa profunda crise fiscal, na irresponsabilidade de nossos líderes, foi pelo menos confortador constatar que os homens e mulheres responsáveis pela condução do Estado neste momento não estão fazendo ouvidos moucos para a grave situação que enfrentamos.
Na solenidade de terça-feira, Carlesse mostrou um desejo de agir, e, na verdade, disse que já está fazendo as mudanças. A medida da urgência foi dada pelo ex-governador Moisés Avelino (MDB), hoje prefeito de Paraíso: “O que tem que se fazer é agora”, discursou. É o sentimento de toda a sociedade nas sábias palavras de um experiente político, que ainda arrematou, em nome de todos nós: “Não deixe para fazer depois porque não será mais capaz”.
Pelos deputados, Ricardo Ayres (PSB) também fez um grande discurso, sem hipocrisia, dando crédito a nossas conquistas, mas fazendo a autocrítica, desnudando, com franqueza, a realidade cruel que nos cerca. Disse o jovem parlamentar que o Tocantins chegou a este momento difícil por “falta de planejamento, clientelismo partidário e corrupção”. “Que promoveram, de forma desonesta, a redução da capacidade de investimentos em políticas sociais e na infraestrutura.” Perfeito.
Essa é a faceta perversa da crise fiscal, que, num primeiro olhar parece restrita à esfera pública, como se não interferisse na vida do cidadão. Na verdade, tira-se recursos que deveriam assistir à população com saúde, educação, segurança, infraestrutura e programas sociais para apenas manter a boa existência do próprio Poder Público, que se importa mais em se retroalimentar do que prestar bons serviços ao contribuinte.
Não por outro motivo, o discurso de Ayres tocou na ferida ao falar da “busca de afirmação de cada Poder e órgão, que produz uma desarmonia inaceitável e acaba por permitir um Poder aviltar o outro, com gestos extremos, nunca antes imaginados”.
E não por menos que, com muita diplomacia, elegância e discrição, em seu discurso, o governador Carlesse convocou os Poderes para “conversar e definir uma parceria para juntos fazermos um Estado melhor”.
Assim, apesar de termos perdido um ano de festa com os estragos que os políticos causaram nas últimas décadas, a deputada Luana Ribeiro salvou nossos marcantes 30 anos com este belíssimo evento.
Que os discursos possam ter sido ouvidos por todos os líderes presentes e que encontrem espíritos dispostos a tornar os próximos 30 anos muito melhores do que os últimos.
CT, Palmas, 22 de novembro de 2018.