Em 2000, o PSB teve como candidato a prefeito de Palmas uma das personalidades mais marcantes do Tocantins, meu querido e saudoso amigo Salomão Wenceslau. Mas a missão dele não era ser político, mas conselheiro de todos nós, inclusive da classe política. E conselheiro Salomão foi até seu prematuro desencarne em 2013.
Em 2002, o PSB voltou a se destacar com a expressiva votação do então vereador Tenente Célio na disputa pelo Senado. Ele fez 185.498 votos, mas não se elegeu. Empolgado pela votação, Célio resolveu disputar a Prefeitura de Palmas em 2004. De tão obstinado, chegou a recusar a vaga de vice oferecida pelo na época petista Raul Filho.
[bs-quote quote=”Dois anos depois da eleição, o PSB volta à estaca zero em que estava quando o hoje prefeito de Gurupi assumiu o partido em 2007. Significa que, na prática, sob o comando de Amastha, a legenda recuou 11 anos” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
O vereador não conseguiu o mesmo desempenho nas disputas municipais e, presidente regional, tentou um bom espaço no governo Marcelo Miranda (MDB), que rompera com a União do Tocantins e se preparava para disputar a reeleição contra o mito Siqueira Campos em 2006. Na época se dizia que Célio queria o Escritório de Representação do Estado em Brasília.
Como não obteve o espaço que desejava, abriu conversa com o ex-governador Siqueira Campos, seu adversário histórico. Na contramão dos partidos de oposição a Siqueira, Célio se aliou ao líder utista, foi candidato a deputado federal e acabou tenho um desempenho muito aquém do esperado.
Quem acabou se elegendo federal foi o então estadual Laurez Moreira. Brigado com a presidente regional de seu partido na época, o PFL, a também recém-eleita senadora Kátia Abreu, Laurez migrou para o PSB e, diante do baixo desempenho do partido no Tocantins, acabou convencendo a executiva nacional a lhe passar o comando regional.
Sob a gestão de Laurez, o PSB cresceu geometricamente no Estado. Saiu do zero e fez quatro prefeitos em 2008. Depois pulou para 16 em 2012, um deles o próprio presidente regional, eleito em Gurupi.
Contudo, o partido passou por outra mudança em 2015, quando o então prefeito de Palmas, Carlos Amastha, brigado com o PP, migrou para o PSB. Tido como fenômeno político na época, com grandes chances de chegar ao governo do Tocantins em 2018, a executiva nacional, como fizera com Célio anos antes, tirou o comando de Laurez e passou para o ex-pepista Amastha.
A partir daí, porém, o PSB começou a perder os espaços que tinha conquistado sob a gestão do prefeito de Gurupi. Dos 16 prefeitos em 2012, o partido caiu para 9 em 2016, um encolhimento de 43%. Um ano depois, em agosto em 2017, sete deixaram a legenda, inclusive Laurez, rumo ao PSDB.
Dos dois que ficaram, um renunciou ao mandato de prefeito, entregando a Capital aos tucanos, nada mais, nada menos, do que o próprio presidente regional do PSB, Carlos Amastha, de olho no Palácio Araguaia. O outro, Padre Gleibson, de Dianópolis, se irritou com a aliança estadual de Amastha com o PT, seu principal adversário na cidade, na eleição suplementar, e também se desfiliou. Assim, dois anos depois da eleição, o PSB volta à estaca zero em que estava quando o hoje prefeito de Gurupi assumiu o partido em 2007. Significa que, na prática, sob o comando de Amastha, a legenda recuou 11 anos.
Importantes líderes pessebistas avaliaram à coluna que é hora de Amastha dar dois passos para trás para se manter vivo na política estadual. Para eles, ainda está muito longe das eleições estaduais de 2022, e o ex-prefeito da Capital terá muitos problemas para enfrentar com a Câmara e com o próprio Tribunal de Contas do Estado (TCE). Assim, se ficar exposto agora, será extirpado da política.
Para esses correligionários, Amastha é “o melhor quadro” do Estado, é preparado, tem tudo para permanecer no cenário em 2022 e também deverá exercer um papel decisivo nas eleições de Palmas de 2020. Mas, se não der uma cara nova para o PSB, o partido vai sucumbir.
Até porque, avaliam, além das coligações ruins que o PSB fez nas eleições deste ano, que impediram a legenda de eleger até três deputados estaduais, do rescaldo das disputas de outubro ficaram passivos políticos e financeiros em boa parte dos municípios. Segundo esse grupo, “o povo do interior está indignado com a condução política e financeira” de todo o processo.
Dessa forma, para a recuperação do PSB e até para a preservação do importante quadro político que Amastha representa hoje no Tocantins, a melhor decisão neste momento, defendem esses pessebistas, é o ex-prefeito entregar os anéis para não ficar sem os dedos.
CT, Palmas, 9 de novembro de 2018.