Como a coluna afirmou nessa quinta-feira, 22, foi muito importante a iniciativa da presidente da Assembleia, deputada Luana Ribeiro (PSDB), de homenagear personalidades que contribuíram para a construção do Tocantins nos 30 anos de história, que comemoramos no dia 5 de outubro. Claro que o primeiro nome que vem à cabeça dos tocantinenses ao se falar da criação do Estado é o do ex-governador Siqueira Campos. Foi ele quem encabeçou a luta no Congresso Nacional. Com sua determinação, Siqueira teve, sim, papel relevante e especial naquele momento de realização de um sonho secular. Mas um importante companheiro dele não pode ser esquecido, o também então deputado federal José dos Santos Freire.
[bs-quote quote=”A luta pela criação do Tocantins é uma das mais belas passagens, na verdade, da história do Brasil, mas ainda cheia de divisionismos” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Na sociedade civil, tivemos a Casa do Estudante do Norte Goiano (Cenog), instituição bastante atuante no movimento; e a Comissão de Estudos dos Problemas do Norte (Conorte). Dessas entidades, destacam-se personalidades inesquecíveis, como José Maia Leite, Edmar Gomes de Melo, o publicitário José Carlos Leitão, os jornalistas Goianyr Barbosa, Otávio Barros e Sandra Miranda; o ex-deputado estadual por Goiás Totó Cavalcante, o ex-deputado e juiz federal Darci Coelho, o médico e ex-governador do Tocantins, Raimundo Boi; o primeiro presidente da Cenog, José Cardeal dos Santos; o hoje senador Vicentinho Alves; Padre Maia, que virou senador na primeira eleição do Estado; Padre Rui, o ex-deputado Mário Cavalcante, de Miracema; o jornalista João Mattos Quinaud, presidente da Associação Tocantinense de Imprensa; entre tantos nomes, que me perdoem por não conseguir resgatar todos.
No caso do empresário José Maia Leite, de Porto Nacional, os pioneiros contam que ele colocou sua mansão em Brasília — que chegou a ficar conhecida como “Mansão Tocantins”— à disposição do movimento. Leite ainda montou um escritório na Capital Federal, mobiliado, onde funcionava a Conorte, que lá realizava reuniões semanais. O empresário chegou a fretar aviões em prol do movimento.
Economista portuense e ex-deputado, Célio Costa fez o estudo socioeconômico que subsidiou os fundamentos e avalizou a criação do Estado. Hoje está em Goiás e os pioneiros avaliam que ele ainda poderia ser muito útil a este momento do Tocantins.
Com um recuo um pouco maior no tempo, é preciso valorizar o brigadeiro Lysias Rodrigues, que elaborou nos anos 1940 o projeto do Território Federal do Tocantins; o jornalista e empresário Trajano Coelho Neto, criador o jornal Ecos do Tocantins, em 1951, em Pium; o farmacêutico bioquímico Oswaldo Ayres da Silva, que, em Porto Nacional, em 1953, lançou o jornal “A Norma”, e começou a publicar editoriais em prol da criação do Estado do Tocantins; e o juiz de Porto Nacional, Feliciano Machado Braga, que, no final dos anos 1950, colocava o Tocantins em suas sentenças.
Mas paralelo ao que ocorreu no Congresso durante a Constituinte, outra luta que sempre me chamou a atenção foi à da Assembleia Legislativa de Goiás. A Comissão dos Estados, na Constituinte, pressionada por bancadas que não queriam a divisão territorial em suas regiões, como em Minas Gerais (contra a separação do Triângulo Mineiro) e do Pará (contra o Estado do Carajás), inventou uma resolução maluca que exigia que os Legislativos estaduais aprovassem por unanimidade a criação das novas unidades. Ou seja, se houvesse um só voto contra, a proposta era arquivada. Com essa jabuticaba, apenas o Tocantins surgiu da divisão territorial.
Esse episódio, que teve como protagonistas o governador Henrique Santillo e então presidente da Assembleia goiana, Brito Miranda, é, para mim, um dos mais intrigantes: como conseguiram convencer 41 deputados a votarem favoráveis?
Dessa forma, ao lado de Siqueira e José dos Santos Freire, em Brasília, Santillo e Brito, em Goiás, foram as outras duas personalidades extremamente importantes nesta história. Se o governador não tivesse boa vontade, nem se teria condições de tentar a aprovação; e, sem a habilidade de seu líder, essa difícil unanimidade seria, então, impossível.
A luta pela criação do Tocantins é uma das mais belas passagens, na verdade, da história do Brasil, mas ainda cheia de divisionismos, pelos quais um puxa a paternidade para o seu lado, outro para si. Mas o fato é que todas essas personalidades, e muitas outras aqui injustamente omitidas, por falha do colunista, são fundamentais para que neste momento, mesmo com todas as lutas que ainda precisamos vencer, tenhamos este Estado maravilhoso que tantas oportunidades deu e dá a seus filhos naturais e adotivos.
Por isso, a todos eles e àqueles não lembrados aqui, mas que estão registrados na história, nosso muito obrigado.
CT, Palmas, 23 de novembro de 2018.