Com a decisão do ex-prefeito de Palmas e pré-candidato a governador do PSB, Carlos Amastha, de inaugurar a mais recente corrente do Estado, a “nova velha política”, o Partido dos Trabalhadores (PT), tendo sido descartado ou tendo descartado, como diz, sobre essa revisão de princípios e valores por parte do pessebista, precisa decidir o papel que vai desempenhar nestas eleições estaduais.
Nacionalmente, o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre foi míope. Não apoiou a candidatura de Tancredo Neves na eleição indireta no Congresso Nacional em 1985. Foi Contra o Plano Real em 1994, que dizia ser meramente eleitoreiro. Foi contra o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que saneou esse mercado e garantiu a solidez para o País enfrentar os solavancos das crises internacionais. Voltou-se contra as privatizações que tiraram o Brasil do total atraso, como no caso da Telebras e outras estatais sanguessugas dos recursos dos contribuintes. Por fim, se colocou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, que pôs a gestão pública brasileira em outro patamar.
[bs-quote quote=”Nas bifurcações em que a história coloca os homens é preciso magnanimidade para reconhecer que forças discordantes mas nobres devem encontrar os pontos comuns para a construção de um projeto que permita que o bem geral triunfe” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Assim, em todos os importantes momentos da história recente do Brasil, o PT errou na decisão. Agora, no Tocantins, o partido precisa assumir uma posição de grandeza. Como liberal, não nutro qualquer simpatia do ponto de vista ideológico pela sigla, mas há quadros nela que merecem toda a minha reverência. Aqui temos nomes como o deputado estadual Paulo Mourão, um dos mais qualificados políticos tocantinenses; o presidente regional petista, deputado estadual José Roberto, muito coerente com os princípios que fizeram no passado o partido chegar ao poder; José Santana, ex-prefeito de Colinas e um excelente parlamentar quando esteve na Assembleia; José Salomão, um dos políticos mais corretos deste Estado; Célio Moura, uma personalidade devotada aos grupos mais vulneráveis, política e profissionalmente; e Donizeti Nogueira, com sua disciplina partidária e dedicação ascética à legenda. Todos têm o meu maior respeito, ainda que resguardada a discordância ideológica entre nós.
Pelo compromisso deles com o País e o Estado, com a eleição suplementar ficando para trás e as máscaras devidamente retiradas dos lobos que se faziam cordeiros, o PT precisa ter uma postura de grandeza neste momento. O Estado atravessa uma situação de extrema dificuldade, a política nunca foi tão fisiológica e os grupos cada vez mais se acomodam em torno do poder e não de projetos. Assim, se realmente os petistas querem contribuir com o Tocantins não podem partir para a via da omissão ou da aventura.
Não têm o direito de se negar a sentar e discutir um projeto que pode não ser o ideal, mas representa o possível. A partir do que é factível, o Estado poderá evoluir ao desejável. Esse é o caminho.
Lavar as mão à la Pilatos neste momento, pensando somente na reeleição dos seus mandatários, não é comportamento digno para quem acaba de constatar e critica o engodo de um projeto que visava o ego e não a coletividade.
Também seria por insanidade, birra ou pela velha miopia histórica o lançamento de uma candidatura aventureira, totalmente natimorta. Essa via seria apenas uma demonstração de pura irresponsabilidade com o Tocantins.
A divisão em grupos políticos ocorre porque há divergências de ideias na sociedade. Cada um tem uma visão particular do mundo. Contudo, nas bifurcações em que a história coloca os homens é preciso magnanimidade para reconhecer que forças discordantes mas nobres devem encontrar os pontos comuns para a construção de um projeto que permita que o bem geral triunfe.
Ignorar este momento histórico e determinante que o Tocantins vive é simplesmente sobrepor interesses menores aos de toda a sociedade.
CT, Maringá (PR), 25 de julho de 2018.