O “voto camarão” é aquele que é dado aos proporcionais e aos senadores, mas não vai para o cabeça de chapa. A origem da expressão está no fato de que, quando esse crustáceo é comprado em supermercado, ele vem sem a cabeça. A repercussão do episódio de sábado, 18, em Sítio Novo, reforça a tese de que nestas campanhas teremos o “cabo eleitoral camarão”. Ou seja, líderes que devem pedir votos para senadores e deputados de uma chapa, mas trabalhar para o governador da outra.
A decisão do MDB de liberar os lideres para que apoiem quem bem entender nestas eleições oficializa algo que já vinha ocorrendo. Prefeitos e vereadores estavam sendo levados ao Palácio Araguaia por seus deputados e senadores para fecharem apoio à reeleição do governador Mauro Carlesse (PHS). O volume só deve engrossar a partir de agora, já que não haverá qualquer risco de enquadramento por infidelidade partidária. Havia vários casos como o do prefeito de Paraíso, Moisés Avelino, que não apoiaria o candidato do PSB, Carlos Amastha, mas que também não subiria em outro palanque por respeito ao partido. Assim, com o “liberou geral”, o MDB contribui para esvaziar a campanha do ex-prefeito de Capital.
[bs-quote quote=”Republicanamente, fica difícil entender essas alianças feitas pelos dois debutantes. Ganham tempo de TV e rádio, que não têm a força no interior profundo, onde mais precisavam entrar. Que adianta um tempo enorme de televisão sem os líderes pedindo votos para eles? Amastha teve o maior tempo de TV na eleição suplementar, e o que resolveu?” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
No Bico do Papagaio, a informação que chega é de que, depois de sábado, os líderes de MDB e outra siglas buscam alternativas. O maior favorecido será Carlesse, mas o candidato da Rede, Márlon Reis, também deve receber parte desse rebanho em fuga.
No entanto, os apoios aos senadores Ataídes Oliveira (PSDB) e Vicentinho Alves (PR) devem ser mantidos, reforçando, assim, a tese de que o “cabo eleitoral camarão” terá presença marcante nestas campanhas. Vicentinho acabou sendo chamuscado pela “queimada” de Amastha no Bico, já que ao invés de ter prestigiado um líder que lhe dera tantos votos na suplementar, deixou a cidade como fez seu candidato a governador. Mas o republicano é muito querido por prefeitos e vereadores, e a expectativa é de que o episódio possa superado, com um leve desgaste apenas.
Desde o início das campanhas que a coluna tem dito que os líderes dos senadores e partidos que se aliaram a Amastha e Márlon, em sua grande maioria, não ficariam com esses candidatos a governador. Eles são fieis a seus líderes maiores, como Vicentinho, Ataídes e Irajá Abreu (PSD), por exemplo, mas têm compromisso zero com os governadoriáveis de PSB e Rede. São a figura mais perfeita do “cabo eleitoral camarão”, agora atraídos em proporções agigantadas pelos “olhos verdes” da máquina estadual.
Vejam o caso de Nazaré, onde o grupo do ex-prefeito Clayton Paulo, decidiu apoiar Irajá, candidato a senador da coligação da Rede, mas ficará com Carlesse para o governo, rejeitando a possibilidade de Amastha e Márlon.
Por isso, republicanamente, fica difícil entender essas alianças feitas pelos dois debutantes. Ganham tempo de TV e rádio, que não têm a força no interior profundo, onde mais precisavam entrar. Que adianta um tempo enorme de televisão sem os líderes pedindo votos para eles? Amastha teve o maior tempo de TV na eleição suplementar, e o que resolveu?
Se essas alianças não lhe deram o principal, os líderes na defesa de suas candidaturas, o que Amastha e Márlon lucraram com esses arranjos mal feitos? Sinceramente, não dá para entender.
Também agora pouco importa. As fanfarras já estão nas ruas, desafinadas ou não, e os “cabos eleitorais camarões” desfilam no bloco principal sem enxergar os candidatos a governador de suas chapas.
CT, Palmas, 23 de agosto de 2018.