Por Patrizia Antonini
Um Brasil dividido volta às urnas neste domingo, 30, para decidir quem será seu presidente em um segundo turno que aponta para uma disputa voto a voto. Prova disso são as últimas pesquisas de intenção de votos nas quais Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está sendo seguido de perto por Jair Bolsonaro (PL).
“Uma partida ainda aberta”, como definem os analistas, que não excluem um final com surpresas.
No primeiro turno, o petista obteve 48,43% dos votos (57.259.504) contra 43,2% do candidato do PL (51.072.345). Lula conquistou 14 estados brasileiros contra 13 de Bolsonaro. Uma vitória que faltou por cerca de seis milhões de votos em um país de mais de 150 milhões de eleitores e que, no segundo turno, pode trazer novas incógnitas.
Se está claro que o Ocidente progressista torce por Lula (o “New York Times” publicou um vídeo em que afirma que as eleições de amanhã “definirão o futuro do planeta”, e o jornal francês “Le Monde” publicou um artigo assinado pelo líder do PT), o quadro que emerge do grande país sul-americano não está nítido.
Em seu último dia de campanha eleitoral, porém, os dois candidatos foram para dois territórios-chave do país, para tentar convencer os indecisos, ao menos 20 milhões no primeiro turno.
Bolsonaro foi para Minas Gerais, um colégio eleitoral de 16,2 milhões de votantes, conquistado por Lula no primeiro turno, historicamente importante para a eleição de um chefe de Estado.
Ao lado do presidente, em Belo Horizonte para uma motocarreata, também estava Nikolas Ferreira, deputado de 26 anos que obteve um milhão e meio de votos, o mais votado no Brasil e em absoluto na história do estado com forte vocação industrial. Uma área que, apesar do apoio do governador reeleito Romeu Zema a Bolsonaro, segundo a pesquisa da Quaest, Lula continua a liderar nas intenções de voto com 45% contra 40% do presidente.
Para o encerramento da campanha, o líder do PT escolheu o estado de São Paulo, com 34,6 milhões de eleitores, território onde Bolsonaro lidera, apoiado também pelo governador Rodrigo Garcia e onde, segundo o Datafolha, as intenções de voto para o presidente são de 49% contra 43% de Lula.
Como na véspera do primeiro turno, o petista escolheu a Avenida Paulista para seu último encontro público. Com ele, expoentes de 10 partidos da coalizão que apoiam o seu terceiro mandato, um grupo que vai da extrema-esquerda ao centro.
E mesmo com a decisão da equipe de Lula de mudar as cores da campanha eleitoral para o branco, uma demonstração de uma vontade de pacificar um país dividido, muitas bandeiras vermelhas a favor do partido foram vistas.
Uma tentativa de buscar novos votos tanto para Lula como para Bolsonaro, também após debate televisivo – o último – que decepcionou a expectativa de muitos, desorientando o eleitorado em um duelo tenso e agressivo.
Um samba pontuado pela troca de ofensas, com o refrão “mentiroso”, a palavra de efeito das propagandas eleitorais, que bombardeiam os brasileiros há semanas.
E como explica à ANSA o cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rodrigo Prando, “quando você tem um debate alicerçado sobre os ataques pessoais, sobre fake news, sobre teorias da conspiração, por exemplo, você acaba intoxicando o debate naquele momento e no geral”. Exatamente como aconteceu na sexta-feira à noite.