A historiadora Lilia Schwarcz escreveu um texto sobre a pandemia causada pela Covid-19, constatando que “é impressionante como uma criatura tão pequena, invisível a olho nu, tem a capacidade de paralisar o planeta. Algo que só se conhecia do passado ou por meio de fantasias, de distopias científicas agora faz parte da nossa realidade”, demonstrando, inequivocamente que estamos em uma nova fase de vida humana no planeta Terra.
É mesmo estarrecedor como o novo coronavírus mudou em pouco tempo a rotina das pessoas, cidades, empresas e dos próprios países, inclusive, evidenciando mais as dimensões da crise financeira e social que assolam a maior parte do nosso planeta.
O quadro geral do ano de 2020 é dezenas de milhões de cidadãos morreram em virtude desta doença em todo o mundo, cresce estatisticamente a contaminação de pessoas, no Brasil os dados oficiais já ultrapassaram mais de dois milhões e meio de indivíduos com a Covid-19; presencia-se um número enorme de brasileiros perdendo seus empregos e consequentemente a sua renda; empresários estão sem opções de financiamento e crédito. A conclusão lógica é que estamos no meio do maior desafio do século XX.
Todas as categorias profissionais estão se adaptando.
Porém, nos instantes de maior dificuldade é o momento exato para se respirar fundo, voltar a se pensar e se tomar fôlego para novas ações, pois que, chega o instante de se aceitar que: “Está escuro mais eu canto. Porque a manhã vai chegar. Vem ver comigo, companheiro. Vai ser lindo, a cor do mundo mudar”, como cantou brilhantemente Nara Leão em ocasiões tão ou mais complicadas como a atual.
O mundo mudou, a sociedade brasileira demonstra que já compreendeu isto. Estamos em uma nova normalidade. A vida seguirá e as decisões que forem tomadas agora determinarão se sairemos da pandemia mais fortes ou mais fracos.
As instituições estão se recuperando, apesar de uma queda intensa da renda e arrecadação pública, aparecerão outras oportunidades para aqueles que souberem estabelecer estratégias para agir durante e, principalmente, após a pandemia.
Se por um lado a Covid-19 é um desafio sem precedentes para a humanidade no século XXI, também não é menos verdade que a sociedade também nunca teve tantas instituições que juntas podem fazer a diferença na recuperação da crise. O Terceiro Setor tem feito um trabalho exemplar, basta mirar nas ações das Santa Casas de Caridade. O Sistema S, tem tido um desempenho modelar, os conselhos de classe atuam ininterruptamente, as instituições de ensino superior estão cumprindo suas missões constitucionais exercendo o ensino, pesquisa e extensão e os órgãos estatais estão vigilantes sobre os problemas atuais, demonstrando a força do Pacto Federativo.
Para além de otimismo ou pessimismo exagerados, constata-se, esforçando para atenuar a crise das instâncias estatais, tendo como exemplo, uma recente pesquisa em que o Brasil experimenta, no auge da pandemia, o menor índice de pessoas na linha da pobreza extrema em mais de três décadas, devido as ações governamentais de auxílio a população.
O Terceiro Setor se tornou ainda mais forte institucionalmente e necessário socialmente.
O mercado está absorvendo o impacto inicial e a sociedade civil está aceitando os novos desafios de um retorno a uma nova normalidade.
Portanto, com cuidado e precaução, já é tempo de se pensar no dia depois de amanhã. Quais são as ações que devem ser tomadas para que os efeitos da crise sejam minorados? Devemos refletir sobre as maneiras de superarmos democraticamente a pandemia.
Todos somos responsáveis pela consolidação de direitos essenciais tais quais a educação, saúde e desenvolvimento. Uma das lições da “cruel pedagogia do vírus”, narrada por Boaventura de Sousa Santos sobre a pandemia é que sem o engajamento social os problemas se repetirão.
Pensamos que na mesa da vida estão colocas uma falsa opção, regredirmos ou melhorarmos, ou seja, temos de avançar em busca dos nossos objetivos, ou como escreveu o poeta lusitano “eu não sou nada (…) mas tenho todos os sonhos do mundo dentro de mim”, sendo que chegou o momento de buscarmos realizar os projetos que foram interrompidos.
CARLOS JOSÉ DE ASSIS JÚNIOR
É graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Campina Grande (PB), pós-graduado em Comércio Exterior pela Fundação Dom Cabral e em Políticas Públicas para MPE pela Unicamp. Trabalhou 20 anos no Sebrae e seis anos na Fieto; atualmente é servidor do TCE.
carlosjose.assisjunior@gmail.com
JÚLIO EDSTRON S. SANTOS
Doutor em Direito pelo Centro Universitário de Brasília – UNICEUB. Mestre em Direito Internacional Econômico pela UCB/DF. Diretor Geral do Instituto de Contas 5 de Outubro do TCE-TO Professor e Coordenador Acadêmico do IDASP/Palmas. Professor da Uninassau de Palmas. Membro dos grupos de pesquisa Núcleo de Estudos e Pesquisas Avançadas do Terceiro Setor (NEPATS) da UCB/DF, Políticas Públicas e Juspositivismo, Jusmoralismo e Justiça Política do UNICEUB. Editor Executivo da REPATS.
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