O prefeito em exercício de Palmas, Carlos Eduardo Velozo (Agir), recebeu a imprensa na tarde desta quarta-feira, 30, para falar das medidas e dos próximos passos da gestão sob o seu comando. O gestor estava acompanhado apenas de um assessor na ocasião e abordou o encontro que teve com o titular do cargo, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), que está preso no Comando Geral da Polícia Militar após a Operação Sisamnes; defendeu as primeiras substituições no secretariado e não descartou novas mudanças.
ANUÊNCIA DE EDUARDO É IMPORTANTE, NÃO QUE PRECISASSE DELA
Sobre a visita a Eduardo Siqueira Campos, Carlo Velozo revelou que a única cobrança feita pelo titular do cargo foi uma atenção especial à proposta que trata da merenda escolar. De resto, o gestor em exercício revela que entendeu ter recebido um aval para tocar o Paço com liberdade, mas fez questão de ponderar que isto não era necessário por já ocupar a chefia do Poder Executivo. “Se Deus quis assim – e essas são palavras dele – é porque o senhor tem capacidade para fazer o que melhor. Cumpra e faça o que tem que fazer. Com essas palavras, entendi a anuência dele para fazer o que bem preciso. Não que, como prefeito, eu precisasse, mas é importante porque somos um grupo”, afirmou.
SEM DAR VOZ A IDIOTAS
Carlos Velozo afirma que orou com Eduardo Siqueira e que ambos concordaram que a situação não será estendida por bastante tempo. O prefeito em exercício também criticou quem questiona a relação dele com o titular, momento em que foi mais duro com as palavras. “Eu não vou me esforçar para fazer discurso de algo que não existe, porque quanto mais eu tentar me justificar, estou dando voz a – abram aspas – ‘idiotas’. Pessoas que não conhecem minha relação com o prefeito. Não vou desconstruir algo que não existe. Agora, conheço minha relação com ele e isso me basta”, defendeu.
SÓ RITMO, NADA DE MUDANÇAS
Aliados do Paço contartam que, na conversa com Eduardo nessa terça-feira, 1º, o prefeito disse a seu vice que ele poderia imprimir seu ritmo à gestão, mas não se falou de mudanças na equipe. “São coisas muito diferentes”, observou uma pessoa próxima a Eduardo.
PRIMEIRAS MUDANÇAS
O prefeito em exercício também defendeu as duas primeiras mudanças que fez no secretariado: Priscila Alencar Veríssimo de Souza como procuradora-geral e Fábio Bernardino da Silva como secretário-chefe do Gabinete do Paço. Saíram, respectivamente, Renato Oliveira e Carlos Júnior, nomes bem próximos de Eduardo Siqueira. “O porquê destas duas pastas: preciso de pessoas próximas de mim. Depois de conversar com a [direção] nacional do nosso partido, entendemos que o melhor caminho para Palmas era que tivéssemos pessoas que falassem esta nossa linguagem. São pessoas que tem kwow-how, bagagem e conseguem desenvolver bem está função”, argumentou. Carlos Velozo nega que houve imposição ou pressão do Agir e reforça que a escolha dos nomes é resultado de uma “boa relação” com a sigla.
REAÇÃO NEGATIVA À EXONERAÇÃO É LEGÍTIMA
Questionado, Carlos Velozo minimizou a reação da mãe de Carlos Júnior, que o criticou pela exoneração do filho. “É legítimo isto acontecer. Não tiro as motivações de ninguém, só não dou razão a tudo o que se faz. A gente tem que distinguir entre motivo e razão. O motivo é voltado ao sentimento que é natural nosso, agora a razão não existe. Até porque toda troca, mudança de gestão, isso acontece e em uma dimensão, proporção, muito maior do que está acontecendo. Respeito a família, não tem problema nenhum”, argumentou.
MAIS MUDANÇAS NÃO ESTÃO DESCARTADAS
Ainda sobre o secretariado, Carlos Velozo reforçou que não descarta mais mudanças, eximindo, em um primeiro momento, apenas a primeira-dama Polyanna Siqueira Campos, por “não ver necessidade” diante do trabalho apresentado. “Vai depender do que a gente vai construir a partir de agora. É uma relação. Temos que construir. Todos os secretários tem se mostrado solícitos neste primeiro momento em que a sociedade está um pouco assustada, gera esta insegurança, uma instabilidade. Mas se houver necessidade, independente de área – planejamento, comunicação, juventude, esporte -, o que for necessário para que Palmas saia ganhando, podem contar comigo. A gestão vai ter a cara do pastor Carlos Recebi esta responsabilidade e não vou me furtar do que tem que ser feito”, argumentou.
SEM OUVIDOS PARA ESPECULAÇÕES DE IMPEACHMENT
Carlos Velozo também afirmou que não dará atenção aos debates sobre impeachment de Eduardo Siqueira Campos, que já começam a surgir. “Não parei para pensar nisto. Vejo que isto é especulação, todo mundo vai fazer. O que há de fato? Que é preciso trabalhar muito. Não posso parar para ficar ouvindo essas coisas e tão pouco dar ouvido para pessoas que não conhecem o contexto da gestão”, acrescenta. Já sobre a reunião que teve com vereadores, o prefeito em exercício apenas disse que foi bem recebido e que se colocou à disposição.
NÃO SEI SE VOU FICAR UM DIA OU DEZ, MAS VOU TOMAR DECISÃO NO PERÍODO QUE FICAR
Em geral, o tom do discurso do prefeito em exercício não é de total rompimento, mas sim dar cara própria à sua gestão. “Não estou feliz da forma que está acontecendo, acho que ninguém em sã consciência está, mas o senso de responsabilidade também me motiva. Estou vendo uma oportunidade de fazer algo que a cidade precisa e que está no meu coração. Hoje, o que mudou, é que agora está sob a minha responsabilidade continuar o trabalho que foi começado pela chapa que criamos: Eduardo Siqueira Campos e pastor Carlos Velozo. Não sei se vou ficar um dia ou dez, mas o período que ficar, sou o prefeito dessa cidade, vou tomar decisão”, acrescentou.
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