A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), foi a entrevistada do programa Quadrilátero desta semana em que a Capital completa seus 32 anos, na quinta-feira, 20. Ela avaliou que a cidade chegou à “sua maturidade, à sua plenitude”. “Palmas atingiu sua maturidade administrativa, política e financeira”, afirmou Cinthia.
Apesar disso, a prefeita revelou que, “como cidadã, mãe e gestora”, os últimos 90 dias, foram “os mais difíceis” de sua vida, com a segunda onda da Covid-19, que tornou Palmas o epicentro da doença no Tocantins. “Se você perguntar se eu teria feito diferente, nada diferente”, avisou, sobre as duras medidas para impedir o avanço do novo coronavírus.
Ela observou que Palmas hoje é a capital com menor índice de mortalidade, de letalidade da doença. “Justamente porque tomamos medidas sérias, confiando na ciência, confiando em nossos técnicos, entendendo o momento certo de recolher e agora de voltar de forma escalonada, mas muito responsável”, explicou.
Cinthia garantiu que não é verdade que o Poder Público não se prepara para uma possível terceira onda da doença, como afirmou ao Quadrilátero o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Palmas, Silvan Portilho. “Quem diz algo nesse sentido não está acompanhando todos os investimentos feitos pelo município”, disse. Ela lembrou que assumiu a cidade sem nenhum leito de UTI nas UPAs. “Hoje temos 20 em cada uma”, contou.
A prefeita afirmou que o problema que Palmas viveu foi porque teve que atender também pacientes vindos de outros municípios vizinhos. “Digamos que meus colegas prefeitos não foram tão duros assim, o que fez com que na hora que a coisa apertasse as pessoas procurassem a Capital”, avaliou.
De toda forma, Cinthia lembrou que um leito de UTI nem sempre resolve. Segundo ela, 66% das pessoas que chegam a um leito de UTI não sobrevivem. “Então, temos que fazer de tudo é para não precisar, não chegar a um leito de UTI”, recomendou.
Xepa da vacina
Sobre o episódio de sobra de vacinas da Pfizer, apelidado nas redes sociais de “xepa da vacina”, em que algumas pessoas foram imunizadas numa flexibilização inesperada, Cinthia avaliou que houve falha de comunicação dentro da Secretaria Municipal da Saúde e disse que pediu a abertura de processo administrativo disciplinar para entender o formato utilizado. “Porque tanto a prefeita quanto o secretário de saúde e o secretário-executivo de saúde não tinham conhecimento da decisão que foi tomada pela diretora de Vigilância em Saúde”, disse, e assegurou: “É algo que não vai se repetir. Agora, posso garantir: não há lista de privilegiados, nem amigos do rei”.
Transporte público com o município
Cinthia afirmou que o modelo de transporte público em Palmas e em todo o Brasil está defasado e avisou: “No formato que está não dá para seguir. Uma da tarifa o dobro do preço, em plena pandemia, não dá para seguir”, sobre o pedido da Expresso Miracema na Justiça para que a tarifa passe dos atuais R$ 3,85 para R$ 6,91. “Caberia a cada um colocar a mão na consciência e cobrar um preço justo”, cutucou a prefeita.
Ela lembrou que o contrato do sistema de transporte coletivo da Capital está vencendo em 2022 e já passa por revisão. Segundo a prefeita, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Seturb) apresentou um estudo no ano passado, alegando um prejuízo de R$ 20 milhões. Conforme a prefeita, a Agência de Regulação de Palmas (ARP) se debruçou na conferência desses documentos e chegou a uma enorme diferença. “Uma distorção, uma diferença muito grande. Foram encontrados apenas R$ 3 milhões dos R$ 20 milhões apresentados como prejuízo”, disse Cinthia.
Nessa revisão do modelo, a prefeita sugeriu a possibilidade de o próprio município assumir a operação do serviço de transporte coletivo. “Nós pagamos desde o salário do presidente do Seturb até a bilhetagem. Nós pagamos pelos veículos, pela manutenção, pelos funcionários. Será que, então, não seria mais lucrativo para Palmas uma nova proposta e talvez a prefeitura mesmo assumir o transporte coletivo?”, questionou.
Aproximação com Carlesse
Cinthia contou que a aproximação com o governador Mauro Carlesse (PSL) começou após as eleições municipais de novembro, pela mediação de várias pessoas, entre elas do senador Eduardo Gomes (MDB). “E houve o momento de necessidade e de maturidade política de ambas as partes”, disse, sobretudo por conta da segunda onda da Covid-19. No entanto, avisou, “não tem nada desenhado para um cenário eleitoral”.
Os dois pés na porta
Sobre a relação ruidosa com a presidente da Câmara, Janad Valcari (Podemos), Cinthia avaliou que Palmas “perde muito” por não existir esse alinhamento entre as duas mulheres que chefiam o Executivo e o Legislativo. “Respeito, apesar de não entender muito essa linha de atuação da presidente”, disse a prefeita.
Para Cinthia, “o fato de [Janad] estar chegando agora na política talvez seja uma das coisas que expliquem”. A prefeita disse que, “antes de mais nada, há uma relação difícil, conflituosa [de Janad] com os próprios pares, na própria Casa”. “Me recordo que certa vez apresentou-se um copo de água suja e outro de água limpa, com todos os vereadores ali ao lado, inclusive o ex-presidente, e [Janad] disse: ‘Olha a Câmara era assim e agora é assim, a água suja vai ficando limpa’. Jesus!”, exclamou a prefeita.
Para ela, “chegar na política com os dois pés na porta é meio complicado”. “Posso até não gostar de você, posso não entender o seu formato de fazer política, mas tenho que respeitar a posição que você ocupa”, defendeu a prefeita. “O voto é legítimo e foi através do voto que me elegi e estou aqui. Então, um projeto ilegítimo como a tentativa de impeachment, de construir uma onda de denuncismo, a gente sabe que um processo desses é político, mas também é jurídico”, afirmou.
Cinthia disse que, da parte dela, “não há nenhum problema, nenhuma animosidade”. “Pelo contrário, todas as mensagens que encaminho à Câmara são muito respeitosas. Acredito que, com essa tranquilidade institucional de lidar com essa situação, quem ganha com isso é a população”, sustentou. “Espero muito que a Câmara saia desse tom de embate, de denuncismo. Há projetos muito importantes, há medidas provisórias muito importantes”, apontou.
Entrevistadoras
Para entrevistar a prefeita Cinthia Ribeiro, “Quadrilátero” convidou as jornalistas Dani Braga (à esq.), consultora de marketing político digital; e Maju Cotrim, especialista em Comunicação Étnico-Racial e marketing político e ainda editora-Chefe do site Gazeta do Cerrado.
Assista a seguir a entrevista da prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro (PSDB), ao Quadrilátero: