O presidente Jair Bolsonaro divulgou na tarde desta quinta-feira, 9, uma “Declaração à Nação” em que suaviza o discurso e afirma que nunca teve “nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes”. “A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar”, diz, bem diferente do discurso no ato antidemocrático de São Paulo, na terça-feira, 7, quando avisou que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem chegou a chamar de “canalha”.
Bem diferente agora, Bolsonaro afirma na declaração que suas “palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum”.
Ele disse que “essas questões” (as divergências com Moraes) devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal”.
Ao final, o presidente reiterou seu “respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país”.
Conforme o portal G1, a divulgação da declaração foi um conselho a Bolsonaro do ex-presidente Michel Temer. Na manhã desta quinta, Bolsonaro mandou um avião para São Paulo, a fim de buscar o ex-presidente para um almoço no qual discutiram a crise institucional, com a participação do advogado-geral da União, Bruno Bianco.
Os discursos de Bolsonaro nos atos antidemocráticos de terça-feira geraram forte reação por parte dos presidentes do STF, ministro Luiz Fux, nessa quarta-feira, 8, e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, na manhã desta quinta.
Confira a seguir a íntegra da Declaração à Nação, de Bolsonaro:
Declaração à Nação
No instante em que o país se encontra dividido entre instituições é meu dever, como Presidente da República, vir a público para dizer:
- Nunca tive nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes. A harmonia entre eles não é vontade minha, mas determinação constitucional que todos, sem exceção, devem respeitar.
- Sei que boa parte dessas divergências decorrem de conflitos de entendimento acerca das decisões adotadas pelo Ministro Alexandre de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.
- Mas na vida pública as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de “esticar a corda”, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia.
- Por isso quero declarar que minhas palavras, por vezes contundentes, decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem comum.
- Em que pesem suas qualidades como jurista e professor, existem naturais divergências em algumas decisões do Ministro Alexandre de Moraes.
- Sendo assim, essas questões devem ser resolvidas por medidas judiciais que serão tomadas de forma a assegurar a observância dos direitos e garantias fundamentais previsto no Art 5º da Constituição Federal.
- Reitero meu respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar o país.
- Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição.
- Sempre estive disposto a manter diálogo permanente com os demais Poderes pela manutenção da harmonia e independência entre eles.
- Finalmente, quero registrar e agradecer o extraordinário apoio do povo brasileiro, com quem alinho meus princípios e valores, e conduzo os destinos do nosso Brasil.
DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA
Jair Bolsonaro
Presidente da República federativa do Brasil