A Medida Provisória que centraliza os processos de compra de alimentos para a merenda escolar na Secretaria de Educação (Semed) segue na pauta do vereador Carlos Amastha (PSB), que nesta quinta-feira, 27, voltou a criticar a iniciativa do prefeito Eduardo Siqueira Campos (Podemos). O pessebista utilizou a avaliação do Controle Interno sobre o tema – repercutido pela CCT – para voltar à carga. Desta vez, a base reagiu e elencou o que considera erros do colega quando esteve à frente do Paço (2013 a 2018): Avenida Tocantins, pavimentação do Aureny III e relação com os trabalhadores da educação.

SOBREPREÇOS IDENTIFICADOS PELO CONTROLE INTERNO MOSTRA FALTA DE GESTÃO
Da Tribuna, Amastha voltou a falar que considera “absurdo” o contrato emergencial de R$ 33.626.578,69 para compra de gêneros alimentícios para a merenda e viu como “piada de mal gosto” as conclusões do Controle Interno no parecer sobre a alimentação escolar elaborado em maio e que apontou sobrepreços de até 449%. “Agora que o município vai ver esta desigualdade? Isto é falta de gestão. Quem gere não permite que isso aconteça. E se aconteceu, se algum diretor agiu de má-fé, existe alguma sindicância? Eu não conheço. E se não há, é pior ainda: é prevaricação”, disparou o vereador, que voltou a defender que as aquisições sejam feitas do comércio local.

É UMA DECISÃO DE GESTÃO E UMA COMITIVA SERÁ FORMADA PARA APRESENTAR A NOVA REALIDADE DAS MERENDAS
Em seguida, o líder do governo na Câmara, Walter Viana (PRD), defendeu que a Medida Provisória sobre a merenda é uma decisão de gestão e que, o colega, quando foi gestor, também tomou atitudes semelhantes, mas que “no decorrer do tempo mostrou-se que não foram boas”. O exemplo foi a tentativa de implementar o Shopping a Céu Aberto na Avenida Tocantins, em Taquaralto. “Então, o prefeito tomou uma decisão e o tempo vai dizer se foi correta ou não. […] Ele também falou para mim que em breve vai organizar uma comitiva com todos os vereadores para conhecerem a realidade que temos agora”, avisou.

CÂNCER A CÉU ABERTO
Joatan de Jesus (PL) seguiu no caminho trilhado pelo líder do governo e também tocou em temas sensíveis da gestão de Carlos Amastha à frente do Paço. “Vossa excelência subiu no palanque lá no Aureny III e falou que nunca mais o pessoal da ‘baixada’ pisava na poeira […] e não concretizou a pavimentação asfáltica”, iniciou o vereador, que também ironizou o projeto do pessebista para a Avenida Tocantins, que alega ter virado um “câncer a céu aberto”. “O vereador teve a certeza, mas também teve muitos equívocos. Vamos esperar a Medida Provisória rodar para depois fazer uma análise e chegar a uma conclusão”, argumentou.
ETERNO TOMA LÁ DÁ CÁ
A partir daí a sessão ficou em um constante toma lá dá cá. A base elencando equívocos da gestão de Amastha, que por outro lado não deixou sem resposta nenhum questionamento. “Todo mundo erra, mas não pode errar de má-fé”, iniciou o pessebista, que garantiu que o projeto da Avenida Tocantins nunca foi completamente executado. Sobre o Aureny III, o vereador admitiu que o objetivo era asfaltar, o que não teria sido possível por questões ambientais, mas garante ter deixado recursos suficientes para que a sucessora, Cinthia Ribeiro (PSDB), realizasse a obra.

EDUARDO CEDE 5 MINUTOS PARA AMASTHA FALAR MAL DA GESTÃO TODOS OS DIAS
Já Waldson da Agesp (PSDB) foi à Tribuna para ironizar o fato de Amastha usar da condição de líder da maioria – concedida justamente pela base – para atacar as ações do Poder Executivo. “O nosso prefeito Eduardo Siqueira Campos está fazendo a diferença na nossa cidade, mas também na política. É muito democrático. Ele deixa as lideranças, os políticos, tudo à vontade; a exemplo do vereador Amastha. Ele dá 5 minutos todos os dias para ele simplesmente criticar a gestão”, afirmou. O opositor, como sempre, respondeu. “Eu não uso meus minutos para atacar o prefeito. Estou chamando a atenção de um erro gravíssimo que a gestão cometeu”, contextualizou. Sobre a liderança, o tucano chegou a ser ventilado para a função no lugar do mais novo oposicionista, que chegou a colocar o cargo à disposição no dia 7. Entretanto, nada mudou desde então.

NÃO ABRIU A BOCA ANTES
Wilton Zé Branquim (Progressistas) entrou no debate e questionou a mudança de posição do pessebista. “Está aqui no Parlamento desde de janeiro e não estava abrindo a boca. […] Parece que está com oportunismo”, afirmou o vereador, que também elencou erros de Amastha, mas não só a Avenida Tocantins, como também a falta de assistência aos pequenos produtores. “Não mandou uma máquina”, garantiu. Waldson da Agesp também rebateu críticas do opositor à nova gestão da Zeladoria. “O grupo dele ficou 7 meses, mas só agora vem falar dos problemas. Por que não resolveu antes?”, provocou.
TEM QUE COLOCAR O NOME NO PROCESSO SE QUISER VOLTAR AO PAÇO
Waldson da Agesp seguiu na provocação ao reforçar que a intenção do colega é voltar ao Paço da Capital. “Já te falei o caminho de chegar na prefeitura, tem que passar pelo processo e ele vai chegar. Tem que ter coragem de colocar o nome e te dou uma sugestão: comece a fazer campanha pelo Sintet [Sindicato dos Trabalhadores em Educação], pelos professores, funcionários públicos, Avenida Tocantins, que terá um belo futuro”, disse o tucano, elencando setores em que o colega é menos popular.
AMASTHA QUER VOLTAR MAIS MADURO PARA A PREFEITURA
Amastha não recuou e aproveitou as críticas como plataforma para uma futura candidatura. “Realmente, hoje eu tinha que ser prefeito. Com todo este conhecimento de tudo o que errei – e homem inteligente aprende com seus erros -, com certeza não cometeria tantos erros. Agora, o que vale é o balanço da gestão”, afirmou o vereador, que se colocou como “o melhor prefeito da história” ao exaltar a qualidade dos serviços da saúde e do ensino, além do investimento no turismo. “Preciso disputar a prefeitura novamente, já mais maduro, para não cometer nenhum erro e fazer desta a melhor cidade do mundo”, emendou o pessebista, que pediu perdão pelos erros e disse que nunca agiu de má-fé.
CAMPANHA ANTECIPADA
Após Vinicius Pires (Republicanos) subir à Tribuna para também criticar o contrato emergencial e defender a realização de audiência pública sobre a Medida Provisória da Merenda, o embate entre situação e Amastha foi retomado. Wilton do Zé Branquim criticou a política tributária do opositor e falou que a gestão dele não construiu uma unidade de saúde. “Muito obrigado. Sei que vocês estão fazendo campanha antecipada para mim como prefeito”, rebateu o pessebista, que defendeu ter feito investimento em todos os postos de saúde e que implementou o maior programa de isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). “Amastha, prefeito em 2028”, encerrou ainda.
JOATAN VÊ DÍVIDA POR RENÚNCIA E AMASTHA ACREDITA QUE SERIA GOVERNADOR SE NÃO HOUVESSE CASSAÇÃO DE MARCELO
O bastão foi passado para Joatan de Jesus, que agora atacou a decisão de Carlos Amastha de deixar o Paço para tentar o governo estadual em 2018. “Tem uma dívida imensa com a população palmense, que confiou em vossa excelência. Ao invés de terminar o mandato, renunciou. Não sei nem se vai terminar este de vereador. Teve muitos acertos, mas teve muitos erros também”, avaliou. Mais uma vez, o opositor defendeu-se. “Nunca teria renunciado ao 1º mandato, mas no 2º renunciei porque era o que o povo queria. Se não fosse o impeachment [cassação] do Marcelo Miranda, seria governador e garanto que este Estado seria o melhor da federação”, afirmou.
ÚLTIMOS EMBATES
Ainda houve provocações de Wilton do Zé Branquinho sobre os desvios no PreviPalmas, ao que Amastha negou qualquer participação e ainda contra-atacou ao lembrar das irregularidades no Igeprev. Da Tribuna, Walter Viana apontou o “discurso de convivência” do colega ao criticar a Zeladora. “Em 7 meses, estava tudo certo. E agora, porque não tem mais a indicação, vem falar que tudo está errado”, pontuou. Já Joatan de Jesus criticou o “discurso teatral” do colega. “A população de Palmas o elegeu vereador para vir aqui defender projetos de qualidade, não para subir na tribuna todos os dias e propagar falácias sem nenhum embasamento”, disparou. Amastha reagiu fortemente. “Cuide do seu mandato que cuido do meu. Não me diga o que fazer, porque meu mandato veio de 2.247 palmenses que querem ouvir sim o melhor para esta cidade. Estou apontando erros que podem e devem ser corrigidos”, argumentou.
Confira a íntegra da sessão: