A comissão especial do impeachment rejeitou nesta quinta-feira, 24, o pedido do governador afastado Mauro Carlesse (PSL) para que o deputado estadual Júnior Geo (Pros) fosse retirado da função de relator do caso. Foram três votos pela continuidade de Geo na função — dos deputados Eduardo do Dertins (Cidadania), relator do pedido de suspeição feito por Carlesse; Zé Roberto (PT) e Olyntho Neto (PSDB). Não votaram o presidente da comissão, Elenil da Penha (MDB), e o próprio Geo, que preferiu ficar de fora.
Suspeição taxativa e cristalina
Antes da votação, o advogado Juvenal Klayber, que defende Carlesse, alegou, em sustentação oral, que o fato de Geo ter dito “que o governador [Carlessse] tem que ser cassado” no pedido de impeachment que fez — mas não recebido pelo presidente da Assembleia, Antônio Andrade (PSL) —, por si só, já justificaria suspeição dele. “Uma suspeição taxativa e cristalina”, classificou Klayber.
Não cabe fazer política
Ele defendeu que a manutenção de Geo na função vai gerar discussão judicial ao final do processo e avisou aos deputados: “Não cabem a Vossas Excelências fazer política na comissão”, após lembrar que os parlamentares exercem o papel de promotor, juiz e julgador.
Respeita, mas não concorda
Geo, por sua vez, manteve sua posição de não se julgar impedido de ser o relator da matéria. “Entendo, respeito, mas não concordo”, afirmou em relação aos argumentos da defesa do governador afastado. “O julgamento aqui [na comissão] é político, mas não me baseio apenas no político”, garantiu o deputado.
Não é o pedido de Geo
Eduardo do Dertins, relator do pedido de suspeição, concordou com as alegações de Geo. O primeiro é que o pedido de impeachment em análise não é o que o deputado do Pros protocolou, mas o do advogado Evandro de Araújo de Melo Júnior.
Magistrados e parlamentares
Além disso, como fez Geo em sua manifestação de terça-feira, 22, Dertins recorreu ao julgado do Supremo Tribunal Federal (STF) que diz que “é incabível a equiparação entre magistrados, dos quais se deve exigir plena imparcialidade, e parlamentares, que devem exercer suas funções com base em suas convicções político-partidárias e pessoas e buscar realizar a vontade dos representados”.
Atividade parlamentar em xeque
Quem também fez uso da palavra na reunião da comissão desta quinta foi o deputado Zé Roberto. O petista defendeu que a manifestação de opinião sobre os mais diversos temas é rotina dos parlamentares. “Com o pedido de suspeição, a defesa coloca em que xeque a atividade parlamentar. Se declaramos o deputado Júnior Geo suspeito, estaremos declarando a atividade parlamentar suspeita”, afirmou.
Assista a seguir os principais pronunciamentos na reunião desta quinta da comissão especial do impeachment de Carlesse:
Advogado Juvenal Klayber, da defesa de Carlesse
Deputado Júnior Geo
Deputado Eduardo do Dertins, relator do pedido de suspeição de Geo